Capítulo 31

1.1K 149 22
                                    

Depois de deixar as crianças no colégio, Camila ainda tentou vários argumentos antes de me deixar na delegacia e seguir para seu trabalho, já que eu fiz questão de dispersar sua companhia, afinal estarei com Lucy. Não quero minha latina muito envolvida nesse caso e muito menos sendo vista comigo, já achei super arriscado passar uma noite na casa da sua família, afinal não sabemos com quem estamos lidando.

Durante toda a conversa com o detetive, minha amiga se manteve ao meu lado fazendo questão de me manter confiante, e hora ou outra ainda fazia pequenas gracinhas as quais eram sussurradas exclusivamente à mim. Ele me falou tudo o que Lucy já tinha me orientado, repassando alguns cuidados e alertas, sem contar que basicamente eu teria que voltar a minha rotina de sempre, mas claro que com mais cuidado a cada passo que eu der.

Depois de algumas horas presa naquela delegacia, finalmente pude ir para casa, onde minha amiga fez questão de também me acompanhar.

- Como está? - Quebra o silêncio quando já estávamos próximas da casa. - Sabe que não precisa fazer isso se não se sentir bem o suficiente, certo? - Sua visão desvia por alguns segundos da estrada para me encarar.

- Eu quero isso, quero poder me ver livre dele o mais rápido possível - sou sincera. - Não o conheço mais e isso me assusta - confesso.

- Vai dar tudo certo, por mais que ele tenha se mostrado o monstro que é, ainda é amador o suficiente de sequer pensar fora do pequeno mundo limitado da cabecinha dele - sorrir sarcástica. - Os policiais estão ao redor, qualquer movimentação suspeita eles entrarão em ação imediatamente - para o carro de frente a minha casa. - Fique sempre com o spray de pimenta, não importa qual cômodo esteja, sempre leve um consigo - olha para a sacola. - Na verdade tem o suficiente para você colocar um em cada lugar daquela casa - aponta para a mesma.

- Exagerada - sorrio. 

- Amo você - coloca sua mão sobre a minha.

- Obrigada por tudo - sorrio encarando o contato. - Amo você - e puxo seu corpo para um abraço apertado.

- Qualquer coisa me ligue - assinto.- E amanhã eu passo no seu escritório tudo bem? - reviro os olhos.

- Tudo bem - falo antes de abrir a porta e sair do carro. 

Olho para ela e dou um sorriso forçado, tentando demonstrar que estava tudo bem, mas confesso que por dentro eu estava nervosa pra caramba.

Ela saiu logo após meu aceno, e com isso vejo seu carro se perder da minha visão. Olho ao redor e não consigo ver ninguém, demonstrando que realmente são profissionais. Suspiro antes de entrar na casa que morei durante anos.

Assim que adentrei fiz uma careta, parecia que há anos eu não pisava alí, quando na verdade mal se fazia uma semana.

Foram tantos acontecimentos em tão pouco tempo que isso me faz duvidar da minha realidade, pensando se tratar de um sonho que eu imploro para acordar. Se bem que de todos eles, o melhor acontecimento foi Camila, e disso eu não abro mão.

Conhecer a pessoa com quem meu desejo de formar uma vida linda vida foi mágico, afinal com Camila não existe dúvidas ou medo de enfrentar tudo que tiver que vir. Espero sair desse pesadelo com Henry o mais rápido possível, pois não quero perder nem mais um minuto da minha vida quando tenho minha latina ao meu lado.

Nem quero imaginar o quanto ela deve estar se segurando para não vir até aqui, e aposto que está arrancando os cabelos esperando a ligação que eu prometi, pois só assim ela acabou concordando em me deixar "sozinha" com Lucy na delegacia.

Decido subir as escadas em direção ao meu quarto, decidida a tomar um banho antes de qualquer outra coisa, estou me sentindo tensa demais.

Assim que abro a porta do meu quarto e adentro, paro no mesmo lugar, passando minha visão em algumas malas, essas sendo as mesmas de quando Henry decidiu sair de casa. Bufo.

É óbvio que o detetive me alertou de mais uma visita daquele traste aqui enquanto eu estava com Dinah e Mani, e que também a bendita secretária fez questão de enviar todas as coisas de Henry para o meu endereço, como se aqui ainda fosse a casa dele e eu simplesmente aceitasse devolução.

Solto um gritinho de raiva e caminho em passos duros até a cama, jogando ao chão as que estavam sobre a mesma.

- Filho da mãe! - exclamo deixando meu corpo sentar no colchão macio, enquanto meus olhos capturam a imagem de uma pequena maleta que se abriu, nisso espalhando alguns papéis.

Rapidamente vou até lá, recolhendo tudo e levando de volta para a cama. Uma curiosidade tomando conta de todo meu ser, pensando que talvez alí tivesse algo que incriminasse ainda mais aquele cretino, mesmo sabendo que Lucy já tinha conseguido provas suficientes para que ele morresse na cadeia.

Vou abrindo alguns envelopes, constatando ser de variadas coisas, tanto de viagens quanto dos nossos negócios. Mas franzo o cenho quando abro uma carta, escrita a própria punho.

Passo o olhar rápido por ela, capturando apenas o começo e fim da mesma, e o último me chamando a atenção. Decido ler por completa.

" Odeio me comunicar por cartas, mas assim é mais seguro tirando pela a última vez que tentei me comunicar com você e minha filha acabou lendo minhas mensagens.

Henry, por favor nós precisamos conversar, eu preciso te contar algo importante que eu tenho certeza que irá mudar nossas vidas, e pra melhor. Estou disposta a sacrificar tudo por você, por nós, principalmente agora...

Me encontre no mesmo lugar de sempre, é importante. Amo você.

Ass: K. I. "

Leio novamente quantas vezes for preciso para memorizar cada parte da carta, antes de vasculhar a maleta na intenção de achar outra, mesmo no fim não obtendo sucesso.

Encaro as iniciais mas nada me vem em mente, pois não consigo deduzir de quem se trata. Eu sei que não é a maldita secretária, e isso me deixa ainda mais curiosa, pois é o máximo que as atitudes daquele nojento ainda pode me causar.

Não estou suspresa em descobrir que existia mais de uma, afinal o que se esperar de um ser como Henry?

Guardo todos os papéis de volta na maleta, menos a carta, essa eu faço questão de colocar dentro da minha bolsa.

E com o pensamento na carta e na remetente eu vou tomar um banho, tornando o mesmo demorado.

Our World (G!P)Where stories live. Discover now