Our World (G!P)

Capítulo 8

- E o que você acha? - questiono enquanto pego o leite.

Eu estava no mercado, fazendo algumas compras quando Lucy me ligou informando sobre uma nova proposta do meu divórcio, mas que diferente das outras vezes, essa partiria de nós.

- Não podemos continuar essa conversa por aqui - bufo. - Está livre agora?

- Estou no mercado, mas posso ir assim que terminar aqui - ela concorda com um som nasal, antes de se despedir brevemente e desligar a ligação.

Coloco meu celular no bolso e o leite dentro do meu carrinho, olho o mesmo me certificando que peguei tudo que precisava.

Quando eu estava prestes a virar o corredor, um pequeno furacão bateu contra o carrinho e foi ao chão, abrindo a boca em seguida. Arregalei os olhos antes de me aproximar do garotinho, pegando ele no colo e tentando acalmar.

Olhei ao redor, ninguém se aproximava dando a entender que era o responsável, pelo o contrário, me oferecia olhares um tanto julgadores. 

- Hey, pequeno... - afagava suas costas na intenção de acalma-lo, mas ele chorava alto e isso me fazia temer a ideia de ter lhe machucado. - Onde está doendo? Mostra pra titia - tento afastar seu corpinho e isso faz ele me agarrar ainda mais, escondendo seu rostinho na curva do meu pescoço.

Foi instantâneo, seu choro cessou assim que ele respirou fundo.

Me desesperei e tentei afasto-lo novamente, mas suspirei aliviada quando ele se forçou a continuar alí, afinal eu já estava pensando que ele tinha desmaiado.

- Onde está sua mamãe? - continuo passando uma mão por suas costas, enquanto olho ao redor novamente. 

Mas que tipo de irresponsável era essa pessoa?!

- Mama - sussurrou com sua voz chorosa e angelical.

- Isso, sua mama - incentivei. - Onde ela está?

- Noah! - travei escutando a voz atrás de mim, pois aquele tom eu já ouvi antes, era o mesmo usado para repreender a filha no hospital. - Por que fez isso?! - por mais que Camila tenha entrado em minha frente, ela não me notou, seus olhos estavam focados apenas no garoto enquanto seus castanhos demonstravam o quanto a mulher estava aliviada.

Ela tentou puxar Noah dos meus braços, mas ele se agarrou com toda sua força, e isso me fez fazer uma caretinha quando senti suas unhas bastantes afiadas, rasgar minha pele.

Foi então que nossos olhares se encontraram, Camila abriu levemente a boca, enquanto tensionava seu corpo.

Fazia duas semanas desde sua ligação, desde suas palavras que me deixaram completamente atordoada.

Eu não sabia como reagir quando encontrasse com a mulher pessoalmente, por isso todas as vezes que minhas amigas me chamaram pra qualquer programação durante esse meio tempo, eu simplesmente neguei.

Dinah falou o quanto eu estava sendo imatura por fugir, e eu até posso concordar com ela, mas acontece que tudo isso ainda me assustava.

- Me desculpe, ele veio correndo e eu também virei com certa pressa - começo contando sem jeito, enquanto aponto do menino no meu colo para meu carrinho de compras.

- Tudo bem, não se preocupe - sua voz saiu fria, coisa que me incomodou um pouco pois nunca foi direcionada para mim antes, pelo o contrário, sempre alegre e divertida. - Noah, vamos agora - tenta mais uma vez, parecendo não querer ficar nem mais um minuto na minha presença. - Sabe que o que fez não foi legal, né? - repreende ainda séria.

Noah levantou o rostinho, um biquinho lindo e manhoso enfeitava seus lábios.

- Desculpa, mama - eu já teria me derretido fácil com a cena, ao contrário de Camila que apenas estendeu os braços. - Eu só queria me esconder - vai para o colo da mãe, deitando em seu peito logo em seguida.

- Tudo bem, campeão - suspira. - Mas você assustou a mama - comprime os lábios. - Se machucou? - ele nega com a cabeça. - Agora peça desculpas - aponta para mim.

- Não precisa, a culpa não foi dele, afinal estava sozinho - ela ergue uma sobrancelha para o meu comentário ácido, mas logo sorrir sem humor. E antes que ela desse meia volta e saísse dalí, toquei levemente seu braço, e isso fez ela parar e olhar diretamente para o toque. - Camila, sobre o que você me disse...

- Não é mais o momento, Lauren - me corta rapidamente, sua postura ficando dura novamente, parecendo estar na defensiva.

- Vai ficar assim só porque eu não me sentia pronta pra falar no momento?

- E agora está? - se aproxima, falando baixo o suficiente só para nós duas escutarmos, enquanto deita a cabeça do filho em seu ombro e coloca uma mão sobre o ouvido livre. - Ora, foi você que me ignorou completamente quando eu resolvi falar sobre minhas reais intenções com você - eu sentia a mágoa em cada palavra dita. - Eu sei que você não tem obrigação de corresponder meus sentimentos, mas não somos mais duas garotinhas, o que custava ser transparente assim como eu fui? Mas ao invés disso resolveu ignorar, como se isso não fosse nada de mais - nega com a cabeça. - E agora ainda acha que eu não tenho motivos para estar como estou?

- Eu fiquei assustada, ok? Você ter sentimentos por mim, seguido por ser uma viúva apaixonada que ainda por cima é responsável por cinco filhos, isso me pegou totalmente de surpresa - encara meu rosto, analisando o mesmo por completo.

- Eu não te pedi em casamento, Lauren - fala como se fosse óbvio. - Admitir que eu tenho interesse em você não quer dizer que hoje noivamos, amanhã casamos e depois você ocupa o lugar da mãe dos meus filhos - nega novamente com a cabeça. - Você me magoou, e isso se deve exclusivamente ao fato de simplesmente me ignorar, ignorar meus sentimentos como se os últimos dias que passamos criando algum resquício de intimidade, não servisse de nada - ela queria falar mais, mas hesitou quando Noah quis levantar a cabeça.

O garotinho me encarou por alguns segundos antes de olhar para a mãe.

- Estão discutindo? - seus olhinhos eram atentos aos de Camila, essa que franze o cenho.

- Por que acha isso? - ela devolve.

- Tia Sofi e tia Lucy também estavam falando assim, sem sorrir - parecia um ótimo argumento para ele. - E o vovô também tampou meus ouvidos, ele disse que elas estavam discutindo - Camila assente, mesmo que sua cara não esteja nada boa por trás do sorriso forçado dirigido ao filho.

- Não estamos discutindo, e tenho certeza que suas tias também não estavam fazendo isso na sua frente - pressiona os lábios. - Bom, é melhor a gente ir, vovó está esperando os ingredientes do bolo de chocolate, hm? - isso é o suficiente para Noah erguer os bracinhos e gritar, me arrancando um sincero sorriso. - Até qualquer dia, Lauren - não espera mais nada antes de me dar as costas e caminhar para longe da minha visão.