Capítulo 4

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Passou alguns dias desde o jantar que minhas amigas fizeram em minha homenagem, e tudo foi tão perfeito, rendeu muitas conversas, das quais eu realmente estava precisando. Ter esse momento de distração me fez bem, pois não era atoa que eu estava parada em frente a minha empresa.

Respirei fundo antes de continuar a andar. Era uma sensação estranha estar alí novamente, principalmente com vários olhares sobre mim. Entrei no elevador e pressionei meu andar desejado, eu estava nervosa.

Assim que as portas se abriram, foquei minha visão na mesa da secretária e estranhei, era uma moça que eu nunca vi alí.

- Bom dia - desejei educada, mas não parei, apenas continuei andando.

- Bom dia, senhora - não olhei e nem foi preciso para saber que a nova secretária vinha atrás de mim. - A senhora não pode entrar - parei com a mão na maçaneta da porta e sorri pra ela.

- É claro que eu posso - dito isso eu adentrei, e obviamente ela me seguiu. - Bom dia, senhor Johnson! - falei em alto e bom som.

Meu ex marido tinha o celular contra a orelha, de costas para a entrada. Ele se virou e me encarou confuso, dando uma desculpa qualquer antes de encerrar a ligação.

- Senhor John...

- Está tudo bem, Miranda - fez um gesto para que ela saísse, e logo ouvi a porta se fechar atrás de mim. - Eu realmente estou...

- Não me importo como está - corto sua fala e caminho em direção a sua mesa, não deixando de notar um porta retrato alí, onde havia uma foto sua e da vagabunda que ele comia bem embaixo do meu nariz. - Você é rápido - sorrio sem humor. - Mas eu não vim aqui pra isso - encaro seus olhos.

- Então - abre os braços antes de se levantar, sua voz carregada em sarcasmos. - A que devo a honra da sua nobre visita?

- Não estou de visita, até porque isso tudo aqui é tão meu quanto seu - ele me encara sério. - E é exatamente por isso que não lhe devo satisfação da minha presença aqui - meu tom é amargo, me sinto amarga, é isso que estar na presença dele me causa. - Mas como eu sou uma ótima colega de trabalho, resolvi passar aqui apenas para te avisar que amanhã estarei de volta.

- Como assim "estarei de volta"? - dá alguns passos em minha direção, mas para quando faço um movimento com uma das mãos.

- Vamos lá, não é tão difícil de entender, veja, se também sou dona e responsável por essas empresas, nada mais justo que eu possa fazer meu papel dentro delas - dou de ombros.

Mas acho que minhas palavras atingiram até demais o homem a minha frente, pois rapidamente senti suas mãos me segurar contra a parede.

- Por que insistir nisso, Lauren?! Por que simplesmente não sai?!

- E mesmo depois de tudo, ainda consigo me surpreender com você - seu olhar segue o meu, era para suas mãos firmes contra meus braços que eu olhava. Ele me solta, virando de costas pra mim. - Realmente não conheço você, não faço ideia de quem é o homem por quem eu me apaixonei e dediquei anos da minha vida - nego com a cabeça. - Não sei porque está reagindo assim quando sabe que também tenho os meus direitos, e eu não vou abrir mão de nenhum deles! - sou firme. - Nos vemos amanhã - dito isso eu saio dalí imediatamente.

Assim que atingi o lado de fora do edifício, peguei meu celular na bolsa e disquei um número recente da minha agenda.

- Alô? - escuto sua voz confusa.

- Estou atrapalhando? - escuto um barulho de algo caindo. - Está tudo bem?

- Hey Lauren, você nunca atrapalha, apenas atendi sem ver quem era e sim, está tudo bem - sorrio.

- Muito ocupada?

- Apenas passando o tempo.

- Gostaria de almoçar comigo? Preciso conversar um pouco mas não quero encher ainda mais os ouvidos das meninas com os meus problemas - logo arregalo os olhos para o que acabei de dizer. - Quer dizer, não que você também mereça passar por isso, eu só...

- Está tudo bem - ela fala calma. - Eu adoraria almoçar com você enquanto enche meus ouvidos com seus problemas - sua voz soa em falso tédio.

- Bobinha - sorrimos. - Vou te passar o endereço, nos encontramos lá - ela concorda com um som nasal. - Obrigada, Camila - me despeço brevemente antes de desligar a ligação.

(...)

Cheguei no restaurante que consegui fazer uma reserva, fui a primeira, percebi isso assim que fui direcionada para a mesa que ainda estava vazia.

Mas não me importo em esperar.

E aproveitando o momento quero dizer o quanto Camila é uma mulher incrível, adorei conhecê-la, e durante o tempo que conversamos no jantar, descobri muita coisa. Não foi difícil ou muito menos culpa da minha curiosidade, já que ela aparentemente ama falar.

Soube que a morena não nasceu aqui e sim em Cuba, isso explica muito os seus traços tão marcantes. É uma mulher de quarenta anos que ainda mora com os pais, algo que me fez rir assim que ela me contou.

Começou a trabalhar com seu pai assim que terminou a faculdade, pois me disse que sempre quis estar ao lado dele e seguir com os negócios da família.

Gostei de conversar com ela, a conversa fluia com naturalidade. Ela me deixou confortável ao ponto de me ouvir falar que a primeira impressão que tive dela era que ela era uma arrogante de merda, mas ela apenas sorriu e se justificou pela a pressa que estava naquele dia, iria se encontrar com um cliente e já estava mais que atrasada.

O único constrangimento foi quando meu lado curioso quis saber mais sobre sua vida pessoal. Foi quando perguntei sobre algum namorado e no mesmo momento vi ela se remexer desconfortável. Rapidamente mudei de assunto, entendi que aquilo era algo mais delicado, talvez um amor machucado, e se sim, eu entendia muito bem.

- Hey - sou despertada por sua voz. Sorrio me levantando para cumprimenta-lá. - Desculpe a demora - sorrir sem graça.

- Tudo bem, você nem demorou tanto assim - dou de ombros a tranquilizando. - Vamos, sente-se - aponto para a cadeira. Ela coloca sua bolsa na cadeira vazia ao lado antes de se acomodar.

Ela me encara por alguns segundos, acabo ficando envergonhada.

- Está muito bonita, Lauren.

- Olha só quem fala - revira os olhos. - Falo a verdade, veja, acho lindo mulheres que usam ternos, é uma pena que em mim não ficam tão bem - faço um bico realmente triste.

- Existe algo que não fique bom em você? - ela estava com uma falsa indignação.

- É sério, já comprei vários mas nunca me sinto bonita com eles - ela nega com a cabeça. - Mas me conte, como está?

- Pensei que seria ao contrário - ela sorrir mas logo começa a falar.

E ela tem razão, lhe chamei porque precisava desabafar com alguém, mas eu não sei, tudo mudou quando ela chegou e eu tive a necessidade de ouvi-la.

Our World (G!P)Where stories live. Discover now