Capítulo 24

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- Oi - falo assim que abro a porta.

- Olá? - parecia incerta ao me analisar com cuidado.

- Chegou rápido - desvio o olhar e antes de dar espaço para ela adentrar, sua mão me puxa contra seu corpo.

- Primeiro quero um beijo - acabo sorrindo de lado antes de realizar seu pedido. Ela segura meu corpo com certa força, como se soubesse exatamente o quanto eu queria me sentir segura no momento. - E agora quero saber o que há - encosta nossas testas, ainda me segurando com firmeza.

- Não há nada - tento sorrir, puxando seu corpo para dentro e fechando a porta em seguida.

- Sua voz estava diferente na ligação, sem contar que seus olhos agora estão avermelhados e inchados - novamente me analisa. - Eu não quero ser invasiva mas estou preocupada. Foi Henry?

- Não - nego com certa urgência ao notar seus olhos preocupados. - Não é nada disso - sentamos no sofá. - São meus pais - pressiono os lábios ao suspirar, sentindo meu peito voltar a doer.

Camila ou qualquer uma das minhas amigas, não entenderiam o que se passa dentro de mim, mesmo eu contando com todos os detalhes possíveis. A dor é individual, sem contar que a família de cada uma parece ser tão diferente da minha, e eu comentar algo totalmente fora da realidade de todas, pode parecer até insano.

- Divida comigo - me puxa para deitar contra seu peito. - Precisamos colocar pra fora tudo aquilo que nos fazem mal - sorrio em meio a minha visão já embaçada.

- Minha relação com meus pais nunca foi uma das melhores, na infância eu passava mais tempo com babás do que com eles - sua mão acariciando meu braço parecia me deixar mais vulnerável. - Eu sempre gostei de chamar a atenção dos dois, e quando ainda criança eu tentava me mostrar com coisas boas, talvez  sendo gentil e prestativa, pois quem sabe assim eu recebesse ao menos o mínimo de atenção - dou de ombros. - Mas não costumava funcionar muito, eles sempre estavam cansados demais pra ver qualquer coisa legal que eu quisesse mostrar ou demonstrar. Com isso já cheguei a me questionar muito sobre minha existência, e cheguei a conclusão que não fui uma vida planejada, mas nunca tive coragem de perguntar, pois é como se eu já soubesse a resposta e ter certeza dela, me destruiria ainda mais - forço a garganta, não é fácil verbalizar tudo isso sem sentir a dor me invadir em cheio. - Então na adolescência eu simplesmente achei uma forma que com minha mentalidade da época, era perfeita - sorrio sem muito humor. - Simplesmente comecei a chamar a atenção deles de outra forma, pois sendo uma tremenda inconsequente parecia despertar mais o interesse dos dois.

- Hm, então imagino que suas melhores histórias se deve a essa fase da sua vida - levanto o olhar encontrando o seu divertido.

- Não tenha dúvidas - pisco um olho. - E posso te contar muitas delas em algum momento.

- E eu vou fazer questão de te lembrar - coloca uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.

- Mas não pense que você vai se livrar, também quero saber muito sobre você, sobre como iludia o coração de muitos - ela solta um ar de indignação e eu me seguro para não rir.

- Nunca fiz isso - sua cara de cínica entregava tanta coisa que eu acabo deixando minha risada sair.

- Safada - acuso empurrando levemente seu corpo. - Mas não vou julgar muito, primeiro que não tenho moral pra isso e segundo que com sua beleza, seria impossível não ter todos aos seus pés - ela revira os olhos em um falso tédio.

- Bobinha - me puxa para seu peito novamente, me abraçando novamente. - Vamos, não mude o foco da conversa - suspiro, pois mesmo sendo ela a desviar da conversa, confesso que eu quis me aproveitar da situação.

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