Our World (G!P)

Capítulo 7

- Pois é, ela parecia que ia me matar a qualquer momento - bufo ainda inconformada com o modo que fui tratada por uma garota de quinze anos. - Lucy estava lá e pode comprovar tudo - solta mais  uma gargalhada. - Dinah - reviro os olhos.

- Desculpa - ainda sorria, mesmo que agora contida. - Mas é que a situação é engraçada, tirando por você ficar chateada, Lauren! É apenas uma criança!

- Criança... - resmungo. - E você sabia que Camila tem uma filha e não me contou? - acuso ainda processando essa informação.

- Você não perguntou - comenta como se fosse óbvio.

- Você e Lucy são ótimas amigas - solto sarcástica. - Você também sabia que ela já foi casada?

- Eu preciso desligar agora, Mani está me chamando - mal se despede e encerra a ligação. Falsa.

Deixo meu corpo relaxar no colchão macio, fazia pouco tempo que eu tinha chegado, apenas tomei um banho e me joguei na cama antes de ligar para minha amiga. Vim todo o caminho inconformada pela a forma que fui tratada, afinal quem ela pensa que é? Mal saiu das fraldas, e eu precisava desabafar isso com alguém.

Deixo meu celular de lado e procuro o controle da televisão, por mais que seja tarde, estou sem sono, e enquanto ele não chega, decido assistir qualquer seriado.

Passava um besteirol, esse sendo meu canal preferido para passar o tempo, e vez ou outra eu sorria, apenas comprovando o quanto meu humor estava quebrado ultimamente.

Acabei levando um susto quando o toque do meu celular ecoou pelo o quarto, respirei fundo tentando voltar minha alma para o corpo antes de puxar o aparelho. Franzi o cenho quando li o nome de Camila na tela.

- Camila? - sim, eu sabia que era ela, a pergunta servia mais pra mim, afinal já estava tarde e isso poderia facilmente ser um sonho. - Aconteceu alguma coisa? - sento sobre a cama.

- Desculpa te ligar essa hora - parecia envergonhada. - Mas é que acabei de chegar do hospital e não conseguiria dormir sem antes me desculpar por mais cedo.

- Ei, não precisa se desculpar - talvez se o ato viesse da filha... - Entendi que era um momento de família, talvez Jenna se sentiu envergonhada - o que eu duvido muito. 

- Ela está impossível, nem os irmãos estão escapando das suas falas afiadas - franzo o cenho. 

- Irmãos? - e cada vez mais eu me surpreendia. Houve um minuto de silêncio na outra linha.

- Como são muitos e será impossível esconder no armário, tenho mais quatro filhos.

- Quatro filhos?! - na verdade eu sei que são cinco, apenas repeti sua fala por puro reflexo, afinal estou espantada com a descoberta. 

Ela sorrir.

- Não teve uma reação muito diferente do que eu imaginei - arqueio uma sobrancelha. - E eu gostaria muito de estar olhando pra você nesse momento, mas confesso que tenho um pouco de medo.

- Medo? - escuto um suspiro seu.

- Sou uma viúva de quarenta anos, Lauren. Perdi minha mulher em um acidente de carro quando ela ainda estava grávida do nosso caçula, e hoje ele está com quatro anos, mas dentre esse meio tempo, não foi nem um pouco fácil - houve mais silêncio, e eu não fazia idéia do que falar. - Eu fui apaixonada por aquela mulher e isso não se desfez com a sua partida. No começo minha opção mais viável seria voltar para a casa dos meus pais, eu estava abalada de muitas formas e precisava da ajuda deles, afinal são cinco filhos, cinco pequenos totalmente dependente de mim.

- Posso compreender - sou sincera.

- Eu nunca me vi interessada por outra pessoa, isso sequer passou por minha cabeça. Meus pais e Sofia sempre dizendo que me envolver com alguém não seria crime algum, eu merecia ser feliz e não podia ficar presa ao passado.

- E eles tem razão, Camila. Pelo pouco tempo que te conheço, já tenho uma opinião formada ao seu respeito, sei que é uma ótima companhia para se ter ao lado - decido levantar assim que olhei para minha mesinha e constatei que alí não tinha água.

Saí do quarto e caminhei em direção da cozinha.

- Até meus olhos encontrarem com os seus - paro em meio aos degraus da escada. - Eu sei, devo estar sendo precipitada em dizer isso, mas pra quê perder tempo? Não sou mais uma garotinha cheia de sonhos, não posso perder tempo esperando que você corresponda meus sentimentos, quando nem sei se no final terei o que desejo agora.

Se antes eu não sabia o que dizer, agora eu me vejo completamente perdida.

Camila tem sentimentos por mim?

Estou em choque, sem nem saber o que pensar de toda essa situação. Primeiro que eu nunca tinha me envolvido com mulheres, não em algo tão profundo quanto um relacionamento. Lembro que na minha adolescência eu costumava beijar meninas tanto quanto meninos, mas no final de tudo, era com eles que eu ficava. Segundo que, céus, acabei de sair de um casamento de anos, algo que eu desejava ser para sempre, como posso esquecer tão rápido assim? Seria impossível, tirando pelo o divórcio conturbado que estou passado.

Confesso que Camila é uma ótima pessoa, de cara me senti bem com a sua companhia, é alguém que me deixa confortável para falar sobre qualquer coisa, e isso é estranho porque mal nos conhecemos. Não vou mentir, ela é uma mulher muito bonita, que por mais que tenha quarenta anos, sua aparência é invejável. Tem um toque delicado na sua postura divertida, ao mesmo tempo que ela parece ser tão desligada de todos a sua volta, é como se tivesse um mundinho só seu.

Uma viúva responsável por cinco filhos, não sei se sinto pena ou admiração.

Será que esse sentimento da parte dela não passa de uma ilusão? Já que segundo ela, a paixão que sentia por sua mulher não se passou com o fato da sua partida, sem contar que nunca se viu interessada por outra pessoa. Então por que por mim? Justo por mim?

A família dela me pareceu legal, mas e aquele projeto de aborrecente? A garota parecia que ia me matar a qualquer momento. E se ela sabe sobre os sentimentos da mãe para comigo? Estaria tudo explicado, afinal na cabeça dela pode existir um medo de que qualquer outra mulher tome o lugar da sua mãe, algo que eu acho impossível e nem quero, já que partir não foi uma escolha.

É claro que nos últimos anos eu planejava aumentar minha família, mas nunca pensei em cresce-la tanto assim, pois não é segredo algum que antes desse meu desejo repentino, a palavra "filhos", me dava aversão. Então a imagem que tenho desses cinco "anjinhos" que nem conheço, me apavora.

Balanço a cabeça com um chamado tímido de Camila ainda na outra linha, mas eu não posso falar nada agora, meus pensamentos ainda estão embaralhados.

- Eu... - suspiro. - Preciso desligar - é o que consigo dizer, e sem esperar mais nada, encerro a ligação.