Dor

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"Omnis digressio est dolor

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"Omnis digressio est dolor... tam dulce tamen, usque ad lucem bonam noctem dicerem" (Toda despedida é dor... tão doce todavia, que eu te diria boa noite até que amanhecesse o dia.)

— William Shakeaspere

Kassandra

E jamais o perdoaria...

Jamais o perdoarei por ter nos abandonado... Me deixado para definhar.

Meu único amor. Minha maior decepção.

Meu corpo todo estava tendo espasmos sentia muita no ventre e o chão coberto de sangue estava me apavorando. A única coisa que eu rogava aos deuses era para que salvasse a minha criança. Nunca perdoaria o imperador por ter me abandonado a própria sorte. Não conseguia me mexer a dor na minha pélvis e vagina era diferente de tudo que eu já senti. Tentei respirar fundo e me segurei na cama para me erguer e buscar ajuda, mas me desesperei com a quantidade de sangue que escorreu pelas minhas pernas.

Minha filhinha... Minha filhinha...

Por todos o Deuses não me tirem a minha criança. Ela é única coisa que tenho, o único bem valioso que possuo. Meu presente, minha única família, não vou suportar se perde – la. Se a levarem, façam com que eu morra com a minha criança.

Tentei dar um passo, mas meu corpo cedeu e cai novamente, iria me arrastar por todo castelo em busca de ajuda se preciso fosse, eu faria o que fosse necessário para manter a minha filha nas minhas entranhas. Eu a amava, mesmo que o próprio pai a renegasse, mesmo que ninguém entendesse como eu poderia amar uma criança que foi feita em um ato brutal, filha de um homem odioso, eu a amava. E contra todas as possibilidades eu também amei seu pai com tudo que eu tinha em mim...

Ela era minha, minha filhinha... Mardok deu – me algo bom e eu o amei como uma tola, com tudo que havia me restado, com tudo que me sobrou depois da guerra sem fundamento que ele pregava, mas na primeira prova de fogo ele jogou – me ao vento como se eu não passasse de um trapo velho sujo e usado.

Eu o odiei, depois o amei... E agora... Agora só existia o vazio.

Continuei tentando me arrastar até que ouvi a porta sendo aberta, uma onda de alívio me invadiu ao ver uma Ninsina desesperada vindo até mim e ajudando – me a levantar. Seu semblante era de desolação. Pobre Ninsina assim como eu, ela ariscou que o imperador ainda tinha salvação. Nós apostamos e perdemos. Eu poderia perder muito mais que a minha dignidade por confiar em alguém com a alcunha de demônio.

"Achas que ele a manterá até quando, olhos de mar?"

As palavras de Ador vieram como punhaladas em meu coração. Uma nova onda de dor me atingiu lancinante, senti meu útero ter contrações involuntárias, o sangue continuava saindo de mim sem parar. Vermelho era a cor da minha maldição.

Da guerra ao AmorWhere stories live. Discover now