"Infernus inanis est et omnes daemones adsunt" (O inferno está vazio e todos os demônios estão aqui)
— William Shakespeare
Kassandra
— Vejam só quem eu encontrei aqui... — Encarei a mulher morena a minha frente franzindo o cenho. Não fazia a menor ideia de quem ela era.
— Conheço – te? Não recordo – me de ti, perdão. — Ela sorriu com escárnio.
— Me chamo Aurya e sou a concubina preferida do Imperador. Vim ao chamado do meu senhor... Sei de ti... Da escrava que ele mantinha como sua prostituta. — Enrijeci minha postura. Ela estava mentindo, Ninsina havia me dito que o imperador não mantinha harém, concubinas ou prostitutas e ele mesmo falara – me isso inúmeras vezes. Eu era uma exceção a regra do demônio. De qualquer forma quem se importava? Talvez se encontrasse outra que o agradasse deixaria – me ficar em paz ou ir embora para longe de todo esse caos.
— Certo, Aurya. Com sua licença seguirei meu caminho. Desejo – te sorte quando encontrá – lo. — Disse sem dar muita importância as falas da mulher e tentei andar novamente, porém a insistente despeitada não parecia querer facilitar a minha vida.
— Se achas superior a mim, não é, imunda? O que achavas cigana esquelética, que o imperador dessas terras se renderia a uma escrava grávida de um bastardo igualmente imundo? Mardo... — Não permiti que ela terminasse a frase. Ninguém ofenderia a minha filha. Ninguém... Fúria aterradora me dominou, como ela ousava? Tirei uma força que desconhecia do meu interior e voei em cima da mulher que era muito mais alta que eu estapeando seu rosto, e a derrubando no chão. A prostituta tentava defender – se, mas algo descomunal em mim não deixava que o fizesse, eu parecia estar possuída.
— Não ouse falar da minha criança nunca mais! Imunda és tu, és doente de alma... — Continuei batendo nela, descontando nessa desconhecida minha raiva.
— Solte – me sua selvagem! Mardok saberá que estás atentando contra a via da mãe do herdeiro dele! — Parei de estapeá – la dando - me conta em quão devastadora para mim foram as palavras proferidas por essa mulher. Não... Ele não faria isso comigo. Não... Não... Não...
— Mentes, mulher ardilosa. O imperador nunca iria ter um filho contigo ou qualquer mulher! Mentes! — Falei com um bolo na garganta. A mulher levantou – se com o lábio sangrando e com o rosto machucado, seu lábio sangrando. Mas não perdia o ar vitorioso em suas faces. Eu mataria aquele imundo, enquanto eu quase morria ele se esbaldava no corpo de outra. Mentiroso, ardiloso, promíscuo.
— Enquanto perdias sua bastarda nojenta ele se deliciava em meu corpo... — Ela sorriu levantando uma joia. Uma joia que reconheci depois como sendo a minha tornozeleira. A joia que minha mãe me presenteou e que dei aquele monstro como um amuleto de boa sorte para o seu torneio. A ânsia de vômito tornou – se insuportável. Fui pra cima dela novamente e tomei o objeto de sua mão desnorteada.
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Da guerra ao Amor
RandomNo início das guerras, forjado no calor da batalha, sem nenhum tipo de pudor, onde a violência impera e o sangue é mais fácil de ser achado do que água perecerá dois destinos, escolhas surgirão, decisões precipitarão tragédias e onde a vontade de...