Pássaro Sagrado.

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Desde já agradeço pela sua atenção e peço, antecipadamente, desculpas por qualquer erro aqui.









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  Diferente do dia anterior, não havia sol, as poucas flores que resistiam ao final do outono não estavam abertas e o clima não estava tão agradável. Haviam inúmeras nuvens no céu e a chuva caía com calma, mas incessante. A maioria dos animais sequer saía de suas tocas ou seus ninhos e os poucos e bravos que o faziam logo voltavam para o aconchego de seus lares, pois além de chuvoso, aquele dia estava frio, dando um breve prelúdio de como poderia ser aquele inverno. E assim como os animais que não saíram de suas tocas, o rei também não deixou o palácio, delegando as funções de cada um dos generais e comandantes de seus exércitos, além dos cobradores de impostos e servidores da corte, sem sequer pôr um pé para fora das portas do palácio.
  Todos no reino sabiam que o rei não gostava de companhias e seu humor piorava ainda mais quando o tempo estava como naquele dia. E à medida que o inverno aproximava-se, pior o temperamento do rei se tornava e mais circunspecto e amargurado ele ficava, então todos sabiam bem que não deveriam incomodá-lo com questões tolas e também não ocupar muito de seu tempo, afinal ninguém ali o queria ver irritado e furioso, pois os rumores que corriam o reino diziam sobre a cólera com a qual o rei havia conquistado inúmeros outros reinos e vencido inúmeras batalhas logo que subiu ao trono após seu pai morrer. Em muitos casos os rumores exageravam o que realmente havia acontecido, mas todos estavam certos quando falavam sobre suas façanhas de guerra, pois o rei fora treinado desde muito jovem para se tornar um homem poderoso, inteligente e imbatível, passando sobre qualquer que fosse o obstáculo para alcançar seus objetivos -mesmo que isso o deixasse completamente vazio e solitário, carregando o peso de uma vida infeliz e amargurada por anos a fio...
  O rei, após tratar com quem tinha que tratar e ordenar aos seus empregados que não o incomodassem, deixou a companhia de todos e foi em direção ao quarto do homem adormecido, vendo que este não estava mais na cama, mas sim parado, em pé e enrolado no lençol, em frente à enorme janela enquanto encarava com melancolia e pesar a chuva que caía sem descanso do lado de fora. E assim que o estranho notou que mais alguém estava ali, virou-se de imediato naquela direção e encarou as orbes azuis escuras penetrantemente, fazendo com que o rei sentisse outra vez aquela estranha sensação.

  -Olá. -O homem se pronunciou e sorriu fino. -Onde eu estou? -Perguntou um pouco confuso e o rei aproximou-se alguns passos.
  -No meu palácio. Você estava caído no meu jardim, e machucado, então eu te trouxe para que cuidassem de você. -O rei falou calmo enquanto analisava o estranho e este sorriu largo agora, um intenso e radiante sorriso que fez os pelos da nuca do rei arrepiarem-se.
  -E também foi você quem preparou essa comida deliciosa para mim? Muito obrigado! -O homem exclamou realmente grato e aproximou-se. -Como eu posso retribuir? Você salvou a minha vida! -Disse ainda sorrindo e o rei deu um passo para trás, sentindo-se agitado.
  -Não precisa retribuir. Apenas quero que me esclareça algumas coisas... -O rei falou sério enquanto o encarava e o estranho concordou com a cabeça. -Quem é você?
  -Hinata Shouyou! E como eu posso chamá-lo?
  -Tobio. Kageyama Tobio.
  -É um prazer, Tobio! Você disse que é o seu palácio, não? Você deve ser muito rico... -Comentou ao olhar ao redor e o rei encarou-lhe surpreso e ainda mais curioso.
  -Você não sabe quem eu sou?
  -Hum? Não. Desculpe, eu deveria saber? -Perguntou ao tombar levemente a cabeça para o lado e Kageyama estreitou o olhar.
  -Eu sou o rei deste reino. Conquistei inúmeras terras e ganhei mais batalhas do que posso contar. Meu nome é conhecido em todos os cantos e você realmente não sabe quem eu sou? -Indagou com certa arrogância e o ruivo negou com a cabeça, mas logo pareceu recordar algo.
  -Você é o rei que odeia o inverno! -Exclamou sorridente e animado por ser capaz de lembrar e Kageyama lhe encarou frustrado.
  -Como pode você só saber isso?! -Bradou frustrado e suspirou ao ver o sorriso ainda animado no rosto do ruivo. -Aliás, eu ainda tenho perguntas para você. Como chegou aqui e como conseguiu esse ferimento? Com certeza não foi quando caiu da árvore. -Disse sério ao apontar para o braço enfaixado e Hinata apertou o lençol que cobria seu corpo.
  -Nós estávamos fazendo nossa viagem migratória para o sul quando um bando de caçadores começou a atirar flechas em nós... E para proteger a minha irmãzinha, eu me atirei na frente de uma dessas flechas e ela acertou minha asa direita. Ainda pude seguir por mais alguns quilômetros, mas acabei sucumbindo à dor e ao cansaço e quando dei por mim, estava despencando de encontro a uma árvore. Então, agora, eu acordei aqui e você apareceu. -Disse com dor e angústia na voz, encarando as orbes azuis do rei a todo instante.
  -Espere. "Viagem migratória", "asa direita"... Você é um Pássaro Sagrado?! -Indagou extremamente surpreso e o ruivo concordou com a cabeça, deixando Kageyama ainda mais surpreso. -Eu pensei que vocês estavam extintos!
  -Se depender dos caçadores, logo vamos estar... Minha família é a última que restou da linhagem sagrada do sol. -Disse com notável tristeza na voz e o rei apertou os punhos, enraivecido, pois havia proibido a caça de animais sagrados há anos em seus reinos. -Agora, infelizmente, não posso me transformar para completar a migração por conta desse ferimento. Vou levar mais que o dobro do tempo para chegar indo a pé e as chances de que eu consiga chegar antes de o inverno começar estão contra mim. -Comentou ao olhar seriamente para a chuva que caía lá fora e Kageyama segurou seu pulso, atraindo sua atenção.
  -Você não tem chances contra o inverno rigoroso, vai morrer congelado. -Disse sério sem soltar o pulso alheio e sem desgrudar seus olhos dos cor de mel.
  -Eu tenho que tentar. Preciso encontrar minha família! Tenho que saber se estão todos bem...! -Hinata exclamou com a voz enfraquecendo e sentiu seu corpo vacilar, junto de uma repentina sonolência e fraqueza. -Eu preciso... preciso...
  -Ei! Você está bem? Ei! -Kageyama chamou ao ver que o menor estava praticamente desmaiado e agarrou-o antes que caísse.













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Novamente agradeço pela sua atenção e peço desculpas por qualquer erro aqui cometido.

O Rei Tirano e o Pássaro do Sol - KageHinaWhere stories live. Discover now