Eu tenho inveja dos rios.
Não porque suas águas abastecem margens, onde já se viu o Nilo protagonizar o sustento um dia.
Ou devido à sua beleza, quando se derrubam em cachoeiras e causam deslumbre até mesmo aos mais secos olhos.
Eu invejo sua fluidez. Invejo como contornam as pedras, sem que qualquer obstáculo os impeça de prosseguir seu caminho.
Invejo como desembocam no mar, fazendo parte de algo maior, com marés fortes e vigorosas.
Eu invejo os rios. Invejo porque são abundantes. Invejo porque sou escassez.
YOU ARE READING
Todas as Sereias são Perversas
PoetryColetânea de textos reflexivos. Obra revoltada, insolente, perturbada e de sagacidade aguda. Cabe acrescentar, inclusive, que é heterogênea, pois nem tudo aqui é só acidez - também há espaço para resiliência. Escrita por alter egos, esconde em suas...