Deveria ter tomado menos tequila. Pois cá estou, prestes a revelar dizeres bêbados - o álcool, com ligeireza, afogou meu cérebro.
Plena como uma soberana sem tino, assumo minha deselegância: posso não estar trançando as pernas pela rua nesse momento, porém é bem verdade que minha caneta faz manobras desgovernados. É infantil a falta de destreza que tenho ao pegar da caneta; o resultado é uma caligrafia rude, onde letras se confundem, engolem-se e, vez ou outra, parecem de um alfabeto que não existe.
O que não existe, na verdade, é motivo para parar de beber. Pessoas se matam em nome de seus líderes. Matam-se em nome de deuses. Matam-se em nome de orgulho, inveja, ciúme, raiva, desespero. Pessoas se matam. Hoje em dia não vale a pena ficar sóbria. Hoje em dia não vale a pena ficar.
Hoje o dia não vale a pena.
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Todas as Sereias são Perversas
PoetryColetânea de textos reflexivos. Obra revoltada, insolente, perturbada e de sagacidade aguda. Cabe acrescentar, inclusive, que é heterogênea, pois nem tudo aqui é só acidez - também há espaço para resiliência. Escrita por alter egos, esconde em suas...
