Chão de vidro

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Vamos falar de números: já faz um milhão de vezes que eu te aconselhei a calar a boca. Sua voz, contudo, continua estuprando meus ouvidos com obscenidades e maldizeres. O meu pedido é modesto: apenas seja você mesmo com menos frequência.

Afinal, quem você pensa que é para ter a audácia de roubar minha plenitude e achar que pode sair ileso?

Sua incompetência para prover o meu bem-querer te levou ao topo do pódio dos desaventurados - ficam aqui meus parabéns.

Sabe, eu queria que você voltasse atrás. Queria que se arrependesse, que se importasse, que pedisse perdão. Queria que você se desfizesse em mil pedaços e se reconstruísse a partir dos seus restos. Queria que fosse viável ter você de volta. E queria acreditar. Mas a crença é um vaso de vidro - há de se ter cuidado, ele quebra. Você me quebrou. Meus cacos ficaram espalhados no chão. Fica meu aviso: não pise descalço, você pode se machucar.

 Fica meu aviso: não pise descalço, você pode se machucar

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