Não sou maré para gostar de lua

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Olha lá a lua, toda presunçosa, querendo que eu faça poesia com ela. Atrevida. Ela pensa ser o centro do universo só porque protagoniza as noites, mas se esquece que não tem luz própria e que seu brilho é o reflexo da luz do sol.

O que me deixa aborrecida com a lua é que ela tem essa mania petulante de ser o centro das atenções. As estrelas entristecem porque, apesar de serem muitas, só escutam durante a noite: "olha como a lua está bonita hoje". Ninguém elogia uma estrela apenas, afinal, são todas iguais - meros pontinhos brilhantes cravados no céu. A lua é única lá em cima e por essa razão marginaliza as estrelas. É de uma incivilidade sem tamanho.

Vá, lua, a mim você não seduz. Leve a noite com você, porque eu não sou lá muito fã do escuro. Permita amanhecer porque o sol, sim, é digno de poesia. Não vê como ele é soberano? Veja, a sociedade funciona à luz do dia. E você apenas vê as pessoas dormirem. Que pesar. 

Eu sou hostil com você porque minhas palavras, quando escritas sob sua vigilância, são amarguradas. Sai, lua.

Deixa eu amanhecer.

Deixa eu amanhecer

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