|Concluída| Continuação de Azul e Dourado, mas pode ser lida de forma independente.
Anos antes do príncipe azul cruzar a fronteira, antes da guerra, no império a oeste, um imperador desolado em seu trono sangrento, e um jovem tentando escapar do pas...
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
O trono de Lay era esculpido em ouro, com vários rubis cor de sangue encravados e estofamento em seda vermelha da mais cara e fina. Ficava ao alto de cinco degraus, para simbolizar as cinco tribos que se uniram para formar Lay. Depois mais tribos se juntaram, Lay prosperou e ganhou território até se formar em um grande império. Mas até hoje, Lay mantém a estrutura de cidades-estado, onde cada uma tem seu próprio lorde e a junção de todos os líderes de cidade forma o conselho dos lordes, sendo o imperador o Lorde Soberano. A atual dinastia, os Zhang, possuem o maior número de cidades, 25 no total.
Yixing veste o traje de seda escarlate do imperador ao sentar no trono. O conselho está reunido, ao menos aqueles interessados, os lordes costumam juntar forças e formar alianças, e apenas um representante do grupo é enviado para as reuniões. Chega a ser patético, Yixing quase sente vontade de rir ao ver os menos de vinte conselheiros presentes.
Abaixo dos degraus, sobre o tapete escarlate, estava um lorde ajoelhado. Era acusado de traição, algo muito comum em Lay. Yixing aprendeu da pior forma que confiar era o mesmo que deixar o pescoço pronto para degola. O homem tentava se defender da acusação, mas não havia ninguém ao lado dele, nenhum lorde se pronunciou a seu favor.
— O senhor tem alguma prova do que diz? — inqueriu Yixing quando o homem terminou de proferir a defesa.
— Apenas a minha palavra, Lorde Soberano.
— Podem levá-lo a execução. — Ao ser segurado pelos guardas e levado embora, o homem implorou misericórdia e que Yixing acreditasse nele. — Seu depoimento foi convincente, Lorde Mu, mas a lei é clara, sem provas não posso relevar uma acusação grave como traíção as leis do império. Seu acusador apresentou provas concretas do seu envolvimento no tráfico humano a sudeste. O senhor entende, não é?
A verdade era que Yixing não tinha intenção de poupá-lo, mesmo se tivesse provas. Era uma pedra no sapato, sempre se colocando contra as propostas e dificultando as coisas para Yixing e seus apoiadores. Quem quer que o denunciou fez um favor a Lay ao livrá-los do traste.
Yixing se pôs de pé e encerrou a corte. A maioria dos crimes era julgado de acordo com a lei de cada cidade, e as leis das cidades não poderiam ir contra as leis nacionais, Yixing só cuidava pessoalmente dos casos graves, como traição ao império.
Sentia-se pesado, gostaria de deitar por uns minutos, mas não havia tempo a perder. Foi até ao cômodo ao lado do salão do trono, antes costumava ser uma sala de visitas, mas Yixing o modificou para que Sehun, seu filho de dez meses, pudesse ficar ali enquanto o conselho estivesse em reunião. Ele nunca deixava o filho ficar longe de si, era a única família que tinha.
Estava dormindo quando entrou, segurando o cavalinho de pelúcia feito pela mãe de Yixing quando Sehun ainda estava sendo formado dentro de Qianliao. A família da falecida rainha era conhecida pela criação de cavalos de raça. Sentada em uma cadeira ao lado do berço estava Yueyue, ama de leite do príncipe adormecido, que deixou o cômodo com um cumprimento respeitoso ao imperador. Vê-lo dormir tranquilizava Yixing. Se pudesse passaria mais tempo com ele, mas os problemas não deixavam. Malditos sejam os opositores!
E por falar em problemas, seu momento foi interrompido por um trabalhador do palácio anunciando que Jingli requisitava uma reunião à sós e pediu para deixar claro que era urgente.
Yixing comprimiu os lábios. Jingli era um dos chefes da polícia secreta imperial, honesto e de muitas conquistas. Sua última missão havia sido um resgate coletivo, e havia corrido bem, agora estava ocupado realocando as vítimas. O que poderia ter dado errado?
Com o filho nos braços, foi ao escritório, onde era aguardado. Lá havia outro berço, onde Sehun continuou a dormir tranquilamente.
— Soberano. — Jingli fez reverência.
— Vá direto ao ponto.
— A localização de uma das vítimas foi comprometida. Duas coisas são certas: há alguém poderoso em seu encalço, poderoso o suficiente para ter espiões na polícia imperial.
Yixing não estava surpreso por haver frutos podres na polícia imperial, por isso existia a polícia imperial secreta, para suprir as falhas da outra. Mas se arriscar tanto para capturar alguém era inusitado.
— De quem estamos falando?
— Não tenho pistas do culpado, todo o lugar foi incendiado e não houve sobreviventes além da vítima, que está muito abalada. Acredito que ele saiba de quem se trata, mas não o delata por algum motivo, provavelmente medo.
— E quem é a vítima?
— O Lótus Branca, senhor.
Houve silêncio. Yixing coçou o queixo. Sim, pela Lótus Branca haveria quem matasse. Há uma infinidade de boatos sobre como a beleza dele pode enlouquecer alguém. Muitos duvidam de sua humanidade, um anjo acorrentado entre os mortais. Um bando de baboseiras, Yixing tinha nojo daqueles que o perseguiam.
— Ele não confia em ninguém, sobreviveu ao ataque por acaso. Venho pedir a permissão do Lorde Soberano para que ele tenha asilo no palácio. Acredito que seja o lugar mais seguro.
Yixing refletiu. Talvez fosse um exagero, mas antes prevenir demais do que sofrer as consequências. Jingli sempre foi muito eficiente em suas funções, não há um motivo concreto para negar o pedido. Então, concordou com a cabeça. O Lótus Branca iria fica no palácio pelo tempo necessário.
— Tenho assuntos mais urgentes no momento, então deixarei tudo em suas mãos, Jingli. Garanta que ele fique camuflado aqui, não conte a ninguém quem ele realmente é, acredito que qualquer um poderia delatar a posição de alguém tão conhecido, mesmo que sem querer.
— Acredita que ousariam atacá-lo mesmo aqui?
Yixing deu um sorriso amargo.
— Como acha que minha família morreu?
Jingli engoliu em seco.
— Peço o perdão do lorde, não refleti sobre minhas palavras.
Yixing ignorou o pedido de perdão. Esse era o assunto tabu. O vermelho na bandeira de Lay foi manchado por sangue, Yixing não conseguia esquecer aquele dia. Sim, ousariam atacar o palácio, ousariam fazer qualquer coisa, enquanto ele fosse o imperador, tudo que ele ama seria um alvo para aqueles que não concordam com seu modo de governar, e estes são muitos.
— Quero tudo resolvido o mais rápido possível. Já tenho problemas demais para resolver.
— Sim, meu lorde. Ele estará aqui ainda esta semana.
— Ótimo.
Sehun despertou do sono e sorriu, exibindo os quatro incisivos que não hesitava em cravar no que lhe despertasse a curiosidade. E a atenção de Yixing foi toda para o filho, dispensando Jingli. Sehun balbuciou algumas sílabas soltas. Deu um gritinho e disse "pá".
