PARTE II - 20. SEMPRE HAVERÁ ALGUÉM

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Happy Halloween! Boa leitura!

As roupas brancas, cujas mangas longas exibiam bonitos padrões em bordado, o cabelo solto e a falta de retoques em seu rosto já gritavam quem iria ver antes que contassem

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As roupas brancas, cujas mangas longas exibiam bonitos padrões em bordado, o cabelo solto e a falta de retoques em seu rosto já gritavam quem iria ver antes que contassem. Aquele homem. O único poderoso ou rico o suficiente para que a dona desistisse de lucrar consigo no salão.

Era preparado especialmente para ele, já reparou que gostava das coisas simples, sem cores extravagantes, assessórios ou tintura na face. Nem mesmo o aroma de lótus deveria ser intenso.

Junmyeon apertou os punhos sob as mangas, mesmo depois de quase dez anos que o conhecia, ainda precisava esconder o tremor. Em breve faria vinte e cinco anos, já deveria ter se acostumado, repetia para si mesmo.

Entrou no quarto vazio e sentou-se na cama, espalhando o tecido de suas roupas de modo que ficasse elegante e agradável para o próximo que entrasse. Fora ensinado nos mínimos detalhes e, após tantos anos, sabia bem como agradar aquele homem.

Ele entrou como um furacão, destoando de seu habitual lentamente analisar Junmyeon da cabeça aos pés com um sorriso. Desta vez não havia sorriso, mas cenho intrincado e lábios agitados em murmúrios mudos. Só depois de ter atravessado metade do quarto, se virou para Junmyeon, como se tivesse acabado de percebê-lo.

— Algo de errado com o lorde? — Junmyeon disse, com os olhos grandes focados na colcha de cama. Este homem sempre o respondia, então não temia perguntar desde que não se intrometesse demais.

— Aquela maldita! — Ele explodiu, como se estivesse apenas esperando a pergunta para desabafar. — Quem ela pensa que é? Ficou presunçosa depois de obter algum lucro e esqueceu que esta espelunca não teria dado um passo sem a MINHA ajuda? Quem investiu por anos? Quem aumentou o prestígio? Quem tirou o imperador inconveniente do caminho? Me diga, quem?

— O lorde.

— Exato! — Ele se aproximou para fazer um carinho rápido no queixo de Junmyeon, como se parabenizasse um animal de estimação bem comportado. — Ah, só você me entende, meu doce Junmyeon. Tudo que fiz, fiz para te tirar daqui, tolerei os caprichos daquela... daquela... tolerei o que ela te fez, tudo pelo nosso acordo de quando este lugar estivesse estável você seria meu, mas ela ousa quebrar o trato, não ousa? Pois bem, agora ela vai ver.

Junmyeon assentiu, fingindo que concordava. O sorriso deste homem e seus toques o deixavam embrulhado do estômago e quando passavam da linha da conversa, não sentia fome por quase um dia inteiro. Contudo, o medo de sua cólera o mantinha firme em sua atuação. Se surpreendeu que a dona teve coragem de contrariá-lo!

Não acreditava que haveria nenhuma melhora em sua vida se fosse vendido a este homem, não era difícil perceber que a gentileza e os bons modos dele eram superficiais, escondendo algo monstruoso por baixo. Se fosse propriedade dele, esta parte o destruiria sem sombra de dúvidas. Ele era como uma versão mais insistente e possessiva dos ricos nobres que o possuíam uma vez antes de se cansar, e uma versão mais doente dos que o adoravam a distância.

Continuou ouvindo as reclamações, tomando cuidado para mantê-lo entretido em seu desabafo, para mantê-lo falando. Assim, não teria de fazer nada repulsivo aquela noite.

— Não se preocupe, meu doce Junmyeon. — Organizou alguns dos fios longos de Junmyeon, parecia glacial se comparado ao estado que entrou. Os pensamentos de ódio e a raiva que o fazia andar de um lado para o outro não se faziam presentes. — Já tenho algo planejado, boas notícias para nós.

— Boas notícias?

— Sim. — Colocou as mãos em ambos os ombros de Junmyeon. — Não acha que já esperamos tempo demais? Que já suportamos demais? A ganância daquela desgraçada tem que ser parada.

Junmyeon assentiu com a cabeça. Se obrigando a manter a expressão estática diante daquele rosto. Diferente de Junmyeon que permanecia belo a cada ano — para alguns sua face madura era ainda mais atraente que sua juventude ingênua —, o homem tinha sido castigado pelo tempo. Claro, ainda exibia a aparência bem cuidada dos nobres, elegante em movimento e em porte, mas as rugas vieram muito cedo, aumentando sua idade aparente. Os grisalhos também não o pouparam, assim como as entradas que começavam a despontar no cabelo escuro e preso. Deveria ser vinte anos mais velho que Junmyeon, mas parecia ter muito mais.

— O lorde é sábio e justo — disse, desviando o olhar para baixo, não suportou mais. Eram elogios vazios, mas o homem nunca percebia, parecia se deleitar com o tom de voz monótono e a falta de interesse crônica do homem bonito.

— Você é tão perfeito... — O tom de voz do homem foi abaixando durante a frase. Deslumbrado, tocou com o polegar na linha da mandíbula até o lábio inferior. — Nunca conheci alguém como você, um corpo tão tentador com olhos tão puros. Cada ano meu desejo se torna mais urgente. — Ele parecia estar falando consigo mesmo, como se Junmyeon não existisse. — Fui tão paciente, que erro, desde o começo deveria tê-la colocado no lugar dela. É o sangue nobre querendo resolver as coisas com diplomacia, com acordos, contudo, quando se trata de escória, eles não entendem esse tipo de cortesia. Eles só entendem o sangue e a dor.

O coração de Junmyeon martelava contra a caixa-toráxica. O sangue e a dor. Tinha a boca seca, engoliu o nada e tentou se manter comportado. Não era para si que ele dizia essas coisas, tentava se consolar... mas, um dia, poderia ser. Não seria jovem para sempre. A beleza é efêmera.

A certeza naqueles olhos devoradores era seu tormento. Não haveria escapatória, seria dele em algum momento. Pela confiança de suas palavras hoje, seria em breve. Passaria por cima da dona e o tomaria. Poderia avisar a dona, mas não se sentia gentil a esse ponto, não se sentia bondoso o suficiente para ajudá-la. Ela era a maior culpada por sua imundície.

E depois, nas mãos dela, nas mãos deste louco, ou nas mãos de outrem. Sempre haveria alguém. Até que ficasse feio ou morresse, sempre haveria alguém.

Em vinte e cinco anos, Junmyeon não fazia ideia que algo como "liberdade" existia.











N/a: Falta 2 capítulos para acabar a parte II e voltarmos para o presente.

Branco e Vermelho ✤ SulayOù les histoires vivent. Découvrez maintenant