|Concluída| Continuação de Azul e Dourado, mas pode ser lida de forma independente.
Anos antes do príncipe azul cruzar a fronteira, antes da guerra, no império a oeste, um imperador desolado em seu trono sangrento, e um jovem tentando escapar do pas...
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Declarações, reclamações, problemas... ser imperador não é fácil. Não em Lay, pelo menos. Um lugar tão vasto e com tantas opiniões diversas dificulta seu trabalho. Contudo, em vez de lidar com a nobreza insatisfeita, tinha que lidar com algo muito pior: Sehun.
O menino simplesmente só parava de chorar no colo e Yixing não tinha desenvoltura para fazer seu trabalho de pé. Ah, seria tão melhor se Qianliao estivesse aqui... O imperador se tornou melancólico ao encarar o filho, que estava mordendo o cavalinho de pelúcia e babando tudo. Desde que os primeiros dentes nasceram que ele estava com essa mania de morder.
Yixing tentou colocar Sehun no berço sorrateiramente, mas não conseguiu 2 segundos de paz antes do menino começar a gritar e chorar. Ele havia aprendido essa palavra nova "não" e gritava sempre que estava irritado, como agora.
— Vamos lá, o que você tem? — Yixing perguntou para ninguém em específico. Curvou-se sobre o berço e viu que o menino estendia os braços para si. Colo, ele só quer ficar no colo. — Papai tem que trabalhar.
— Não, não, não. — E mais gritaria, tanto que ficou vermelho. Yixing o pegou nos braços de novo, rendido.
Sehun não era barulhento, deveria querer alguma coisa e não sabia como dizer. Talvez estivesse com fome. Com isto em mente, decidiu chamar a ama de leite. Coitada, este era seu horário de almoço, Yixing lhe daria um bônus se conseguisse descobrir qual o problema.
Ao abrir a porta, uma surpresa: o jovem rapaz de olhos inocentes. Imediatamente a postura de Yixing se tornou hostil.
— O que está fazendo? Está me espionando?
O rapaz, Junmyeon, Yixing lembrou, tremeu e gaguejou sem sentido. Sehun, que estava tranquilo e acomodado com a cabeça no ombro do pai, levantou curioso o rostinho para ver a causa da comoção.
— Diga! — Yixing estava sem paciência. A aparência de Junmyeon não lhe enfeitiçava, cresceu em um meio onde o mais cruel dos monstros se escondia sob bons modos, não era um rostinho inocente e transpirar fragilidade que ia fazê-lo baixar a guarda.
— Eu ouvi... eu... Eu estava limpando... — apontou para a vassoura recostada ao lado da porta —, aí ouvi o choro... — Junmyeon se encolheu, olhando para o chão e segurando na roupa.
Yixing abrandou um pouco, não deveria parecer tão ameaçador, deveria? Este homem se assusta tão fácil... E não parece encenação, embora possa ser. Tudo é possível.
— Perdão — disse por fim o jovem, ainda incapaz de encarar Yixing nos olhos. — Não sabia que eram seus aposentos.
Yixing não teve tempo para ponderar sobre o que fazer, pois Sehun se lançou para Junmyeon pedindo colo. O imperador, que só o vira fazer isso para Yueyue quando estava com fome, ficou estarrecido. Olhou feio para o filho que continuava esticando os bracinhos e dando pequenos gritos em direção ao rapaz, a um desconhecido! Talvez o estivesse confundindo com alguém? Seja como fosse, estava muito mimado.
— Lorde Soberano permitiria...
— Não — a resposta veio imediata.
Junmyeon pareceu compreender e virou-se para ir embora. Apenas para Yixing mudar de ideia logo em seguida:
— Está bem — disse e Junmyeon se virou, parecia contente, o que fez as sobrancelhas de Yixing se unirem em relutância.
Bastou ir para o colo de Junmyeon que Sehun revelou suas verdadeiras intenções: agarrou um punhado do cabelo escuro e tentou levar a boca. Foi mal sucedido graças aos reflexos de Yixing, o que tornou a irritar o pequeno. Não teve outra: mais um berreiro.
Yixing estava prestes a bufar e voltar ao plano original da ama de leite quando Junmyeon disse:
— Oh, coitadinho. Está com sono, mas não consegue ficar tranquilo porque as gengivas devem estar incomodando.
A cara de Yixing dizia claramente: "mas o quê?" enquanto Junmyeon gentilmente colocava Sehun em uma posição mais confortável no colo, na vertical, com os bracinhos em volta de si e a cabeça no ombro encarando as costas de Junmyeon. Começou a ninar devagar.
— Lorde Soberano teria algum coeiro ou pequeno pano?
Yixing continuou confuso no lugar. Sehun já havia se cansado e começava a protestar de novo, mas sem gritos, só resmungava baixinho. Foi o que fez o imperador voltar a si.
— Perdão? — Foi tudo que disse, e imediatamente sentiu-se patético.
— É bom algo úmido que ele possa morder para se aliviar, deve estar sofrendo tanto o pobrezinho...
Foi quando Yixing entendeu que Junmyeon sabia do que estava falando, que tinha experiência no assunto. O garoto era uma caixinha de surpresas. Assim, o deixou entrar e observou, sentado em sua mesa, seu filho se acalmar ao morder um coeiro úmido. Junmyeon ninou Sehun para lá e para cá, em um passo tranquilo, tão tranquilo que sem perceber começou a sussurrar uma canção que Yixing nunca ouviu antes, em uma língua que Yixing não reconhecia.
E assim, ele percebeu que Junmyeon não é nativo de Lay. Apenas... quem é esse homem? Mas só ousou iniciar uma conversa quando Sehun já estava adormecido:
— É uma bela canção, o que diz?
— Não sei — foi a resposta envergonhada que recebeu. — Não sei de onde ou o que diz, só... está na minha cabeça.
Yixing continuou a observar e o escritório voltou ao silêncio. Havia uma segurança que gritava aos olhos de Yixing. Conhecendo o passado do rapaz, era suspeito.
— Você... leva jeito. — disse e ganhou a atenção de Junmyeon.
A troca de olhares foi breve, Junmyeon não conseguiu sustentar e virou-se para encarar o pequeno adorável de olhos fechadinhos que segurava. Nem parecia que há poucos minutos estava de mau humor.
— Eu ajudei a cuidar de muitos... — respondeu.
— Irmãos?
— Não, quer dizer... não sei. — O silêncio se tornou pesado. — Não lembro.
— Não lembra? Nada? — Ao ver Junmyeon cabisbaixo fazer que não com a cabeça, Yixing quis retirar suas palavras surpresas. — Perdão, estou sendo insensível.
— Lorde Soberano não precisa pedir desculpas para alguém como eu. E não, nada, minha lembrança mais antiga eu tinha por volta de seis ou sete, já não tinha família e era... bem, o Lorde sabe. — Parou, então fez um movimento brusco com a cabeça como se tivesse percebido algo. — Ah, sim. Cuidei de muitos bebês "naquele" lugar... — Novamente o silêncio se instaurou.
Yixing não precisava de muita imaginação para entender, e sentiu-se enojado que isso acontecesse em seu país até hoje. Faria questão de aumentar a fiscalização em todo o território, faria valer a lei a todo custo. Jingli que não se queixasse de mais trabalho.
Pensar em Jingli trouxe recordações dos pedidos sobre a segurança do rapaz e percebeu que poderia unir o útil ao agradável. Junmyeon era agradável, doce, levava jeito com Sehun, tinha uma voz adorável e ainda não lhe deu uma farpa de motivo para duvidarem de sua integridade. Perecia até bom demais para ser verdade, Yixing até sentiu-se culpado por esperar que o garoto se revelasse a qualquer momento, mas não poderia ser de outra forma.
Assim, Yixing disse:
— Junmyeon, você gostaria de ser babá de Sehun?
— Eu... sim, eu gostaria.
N/a: Pois é, em vez de dormir estou aqui. Mas estou amando escrever eles se conhecendo <3