PARTE III - 28. SER SEU

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Boa leitura!

O Festival dos Fogos veio e passou

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O Festival dos Fogos veio e passou. Não era um feriado nacional nem de honra, era algo do povo, marcava o aquecer da primavera para a chegada do verão. Mesmo querendo ir, Junmyeon não reuniu coragem para perguntar a Yixing. Principalmente depois do encontro com aquele ser. Com a certeza de que não estava mais oculto, a paz se distanciou. Um passo de cada vez.

Primeiro, o estresse. O pensamento de tudo que aquele homem poderia fazer, todos os lados que poderia atacar, eram um zumbido constante. Sentia-se vulnerável como nunca, pois, antes, não tinha nada além da vida e, agora... Yixing continuou fazendo perguntas que não respondia, e o temor pelo silêncio se tornar rachaduras entre eles permanecia como uma sombra. Contudo, o medo de abrir-se, depois de tanto tempo, o medo da facada, era ainda maior.

Depois, havia a corte. As palavras de Aruat ecoavam em sua mente, em sussurros acusatórios e insatisfeitos com a impunidade sobre a morte do lorde. Alguns dias depois chegaram as provas da incapacidade do filho e o próprio rapaz veio para se defender. As seções eram caóticas, as discussões acaloradas de cada um dos lados encerravam com Yixing tentando manter a ordem. Ouvi-las da sala ao lado só intensificavam a insegurança, a incerteza e o medo. Junmyeon parou de ficar lá.

Passava o tempo com Yueyue. Lanai perguntou várias vezes sobre seu estado. Ele apenas sorria para ambas e dizia que tudo ficaria bem. Durante a noite, abraçava Yixing apertado, dormia em seu cheiro, em seu calor, era seu momento mais tranquilo. Ainda mais quando, depois de uma semana, Yixing desistiu de importuná-lo com perguntas. Até dava para fingir que nada estava acontecendo, que sempre estariam juntos. Que não era culpado.

Até aquela tarde. Saiu do quarto de Yueyue para buscar água e encontrou Lanai do lado de fora, ela segurou seu braço, tinha a face pálida ao dizer:

— Junmyeon, o que está acontecendo? — Os olhos dela estavam arregalados. — Se meteu em problemas, não foi? — Não havia ali resquício da jovem enérgica que conhecia.

— Por que está dizendo isso?

— Um lorde veio te procurar. Ele... ele não parecia boa coisa, Junmyeon. O que ele quer? Por que ele disse aquelas coisas?

O coração de Junmyeon acelerou, a face dos dois agora combinava, igualmente sem cor. Junmyeon se recuperou primeiro. Foi com a moça até a cozinha e serviu uma xícara de água para cada. Lanai bebeu um gole e deixou sobre a mesa, derramando um filete de água no processo, tinha as mãos trêmulas. Junmyeon pediu que ela contasse em detalhes o que aconteceu e sobre o tal lorde.

— Eu não sei, não reconheço a maioria deles, mas esse vem muito aqui, e as roupas que veste parecem tão caras, deve ser alguém importante. Se não é um lorde, é o representante de um ou de vários. Ele estava perto do alojamento dos trabalhadores do palácio quando eu retornei depois do serviço, estranhei que estivesse ali, por que um nobre, um rico, estaria? Pensei que pretendia contratar ou estava procurando alguém, fui até ele. Ele estava procurando por você.

— O que disse a ele? — Com os punhos fechados, se agarrava a possibilidade de ser outro, de não ser ele.

— Eu... você o conhece? Eu tive medo, ele tinha um olhar que me dava arrepios. Disse que você não estava e perguntei se queria deixar recado. Era para ter dito? Se era, me descu...

— Fez bem. — Junmyeon sentiu uma pitada de alívio.

— Ele deixou um recado. Disse "aceite seu destino e tudo vai acabar, sabe o que fazer". O que isso quer dizer, Jun? — Ela agitou as mãos. — Por que isso parece uma ameaça?

Porque era. Junmyeon não verbalizou o pensamento para não piorar a situação da moça, embora ele mesmo estivesse sentindo o gelo percorrer sua espinha e impregnar seus ossos.

Era sobre o problema na corte e sobre Yixing. Ele o queria em troca de deixar Yixing em paz. O que deveria fazer? Pensamentos corriam atropelando uns aos outros. Não aguentava mais, não queria que fosse assim, não queria causar nenhum mal, e sua vontade parecia sempre ignorada, não ouvida.

Por um tempo até acreditou que não devia querer nada. Yixing lhe devolveu isso, a vontade. Ele merecia alguém tão melhor, alguém bom, puro, à altura de sua grandiosidade e talento. Nunca poderia reinar ao lado dele, já sentia-se mal só de estar ali, não era seu lugar. Como retribuição ao bem que lhe foi feito, atraiu um abutre capaz de tirar tudo que Yixing reconstruiu. Era uma desgraça ambulante. Não podia deixar acontecer. Se era sobre querer, estava decidido. Queria protegê-lo.

— Jun? — Neste instante percebeu que Lanai tinha falado algo.

— Não se preocupe comigo, vai ficar tudo bem.

— Continua dizendo isso. Eu sei que não está tudo bem, Jun. Por favor, deixa... — Ela estendeu a mão para tocá-lo. Ele recuou.

— Vai ficar tudo bem — Ele repetiu cada palavra com mais intensidade.

Lanai se calou. Não havia mais nada a dizer.

Encheu uma xícara com água e levou de volta ao aposento de Yueyue como se nada tivesse acontecido. Como se nada tivesse mudado.

O dia prosseguiu. Yixing veio buscá-los assim que a reunião da corte acabou e o debate acerca da herança do lorde se encerrou pelo dia. Os suspirares cansados em sua fala denunciavam que era mais um dia sem resolução. Junmyeon beijou a bochecha dele, sem dizer coisa alguma, e foram juntos para tomar banho.

Mais tarde, Sehun já dormia tranquilamente no quarto ao lado. Junmyeon fechou as cortinas translúcidas da cama e virou-se para Yixing, que de braços cruzados encarava as lombadas dos livros e encadernados das estantes que percorriam as paredes. Jun se aproximou a passos leves e o abraçou por trás. O cheiro de Yixing e do tecido caro invadiu sua respiração, o calor contra seu rosto, peito e, depois, entre seus dedos quando ele pousou as mãos contra as suas, encheram seu coração de coragem:

— Xing... — Junmyeon fechou os olhos. — Quero ser seu. 











N/a: serasi é agora senhoras e senhores???

Branco e Vermelho ✤ SulayOnde histórias criam vida. Descubra agora