Branco e Vermelho ✤ Sulay

PARTE III - 23. CASAL PERFEITO

Boa leitura!

Já faziam algumas semanas desde que Junmyeon e Yixing abriram o coração um para o outro. Desde então têm dividido a cama. Junmyeon nunca tinha dormido nos braços de alguém, nunca tinha estado em uma cama sem que houvessem intenções lascivas da outra parte. Com Yixing, não era assim. Davam selinhos de boa noite e se acontece dos beijos se aprofundarem e Junmyeon se assustar, Yixing para imediatamente.

O primeiro aniversário de Sehun estava próximo. O garoto cresceu desde que Jun chegou ao palácio. Sorridente, Jun brincava com ele no escritório. Sabia dizer tudo que lhe era conveniente, como agora, pedindo "mamá". Yixing não aprovava que ele continuasse a ser amamentado, já estava grande, mas Junmyeon se apiedava.

Ignorou o olhar de Yixing que dizia "você o mima demais" quando saiu. Mimar nunca é demais. E depois, não era só alimentação, Sehun se divertia brincando com o filho da ama alguns meses mais velho que ele. Isso quando não brigavam, Sehun era teimoso e detestava dividir. Seria bom que passasse mais tempo com outra criança, mesmo que terminasse em choro e mordidas.

Na volta, em vez de voltar logo ao escritório, decidiu dar um breve passeio. Sabia que Yixing se preocupava, mas gostava de sentir o ar fresco. Para alguém que passou a maior parte da vida em mundo sem janelas, o brilho do sol, o azul do céu, o gramado e as plantas coloridas pareciam irresistíveis. Se apoiou em uma coluna e admirou os imensos jardins do palácio.

Mesmo ali, seu pensamento logo se voltou para Yixing. A curva de seu sorriso e a forma carinhosa como lhe falava. A voz que lhe dava boa noite com a doçura de mil favos de mel. Abraçou a si mesmo ao sentir uma brisa suave. Como alguém conseguia ser tão prefeito? Ainda suspeitava que Yixing não era humano. E havia esse sentimento gostoso que o levava a beijá-lo, a tocá-lo e ansiá-lo. Poderia sorrir por horas, de fato, a maioria esmagadora de seus sorrisos verdadeiros aconteceu depois que conheceu Yixing. Como chamava isso? Não era amor. Não. O amor é falso e feio, não era amor. Então o que era?

— Jun? — Era a voz de Lanai.

Junmyeon se virou e a encontrou para do corredor, sorrindo para si. Carregava um enorme cesto de roupas, então deveria estar a serviço.

Junmyeon cumprimentou educadamente.

— Que está fazendo? Lorde Soberano te deu folga? — Ela perguntou com os olhos brilhantes.

— Não, só estava... — Deu de ombros.

— Passando um tempo? — disse ela. — Entendo. Às vezes, também dou uma escapadela do serviço. — Ela piscou um olho para Junmyeon, que riu.

Ela lhe lembrava Bokang. Infelizmente, assim como Bokang, ele não sentia nada além por ela. Entre elas e Yixing haviam mil abismos. Ela foi para o lado dele e colocou a cesta nos pés.

— Lanai, eu...

Ela fez que não com a cabeça.

— Está tudo bem. Mas me diga, resolveu seu problema com o Lorde Soberano?

Junmyeon se lembrou que ela tinha lhe dado conselhos quando Yixing o estava ignorando, depois disso não falaram mais sobre o assunto.

— Tinha razão. — Corou um pouco devido as lembranças. — Eu precisava conversar, meu Lorde é muito gentil.

— Ah, é por que você não sabe como ele era com a esposa! Minhas amigas e eu passamos a adolescência planejando ter um casamento assim algum dia! Aí veio a tragédia. — Ela fez que não com a cabeça. — A vida não é justa.

— Conheceu a esposa dele?

— Só de vista, claro, nestes eventos públicos. Tinha que ver, ela era lindíssima, usava trajes vívidos que lembravam as flores da primavera. Yixing sempre estava sorrindo ao lado dela, com a boca e com os olhos. — Lanai costuma mexer as mãos enquanto fala, balança a cabeça e troca o peso dos pés. Junmyeon costuma não saber pra onde olhar com todo esse movimento, mas hoje encarava interessado a face da moça que continuava a tagarelar. — Ela era tão elegante ao se mover, arg, eu queria conseguir ser assim, mas, você sabe, não tem como uma pessoa comum como eu se comparar a filha de um lorde. — Sorriu.

— Parece ter tido bastante tempo para olhar.

— Eles sempre apareciam juntos! — Ela falou e arregalou os olhos, como se estivesse surpresa por Junmyeon não saber. — Faça assim. — Ela moveu o braço de Junmyeon e se enganchou nele, colocando o queixo no braço e olhando para ele. — Eles andavam assim. Se encarando. Qualquer um poderia ver que eram perdidamente apaixonados, só viam um ao outro. Um amor assim, ah, quem dera eu! — Ela soltou Junmyeon, cruzou os braços e balançou a cabeça negativamente. Em outra ocasião, Junmyeon teria achado engraçado e fofo a forma infantil como ela dizia isso. Não desta vez.

Ela teria falado mais. Junmyeon gostava da companhia porque não precisava fazer nada para conversa fluir. Contudo ouviram uma voz feminina gritando "Lanai" bem alto, e sabiam que a moça teria encrenca.

— Ê, é melhor eu ir. — Ela pegou a cesta de volta e se despediu sorrindo.

Junmyeon acenou e voltou a encarar o gramado do jardim logo abaixo. O verde não parecia tão vibrante como antes. A inquietação animada em seu coração virou um fogo pequeno, quase doloroso.

Qianliao. Junmyeon sabia que Yixing a tinha amado muito pela forma como contou seus momentos com ela. Tinham um filho. Deveriam ser mesmo um casal perfeito. Uma moça bonita, elegante, de boa família, gentil, tão perfeita quanto o próprio Yixing. Lanai tem razão, não tem como uma pessoa comum se comparar a filha de um lorde.

E o que Junmyeon era?

Se virou, pronto para voltar ao escritório. Ao atravessar as portas, encontrou o imperador com a cabeça apoiada na mesa, sobre uma porção de documentos. Dormia, a respiração pesada. O coração de Junmyeon fez cócegas ao vê-lo.

Abaixou ao lado da mesa, ficando com os olhos na mesma altura do rosto do imperador.

— O que você vê em mim? Por que é tão bom? — perguntou ao silêncio.

Mas, tudo bem, disse a si mesmo. Mesmo que Yixing cansasse de si algum dia, não teria arrependimentos. Estaria ao lado dele enquanto pudesse.

N/a: O complexo de inferioridade do Jun é tão profundo que acha petróleo ;-;