PARTE I - 7. NÃO FALE MAL DELE

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Boa leitura!

Junmyeon estava começando a acreditar ter encontrado um pedaço do céu

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Junmyeon estava começando a acreditar ter encontrado um pedaço do céu. Estava sorrindo, e esteve assim por vários e vários dias desde que começou a cuidar do príncipe sapeca Sehun. O pequeno detestava ficar sentado ou deitado, só queria saber de colo, de tentar falar e de dar seus passinhos inseguros usando as paredes como apoio. Um garotinho agitado e saudável que enchia os olhos de todos de doçura embora sorrisse pouco. Se perguntava como Yixing lidava com ele sozinho e ainda cuidava das responsabilidades do imperador.

Yixing só saia de perto do filho em momentos específicos, como na hora de amamentar, e quando precisava se encontrar com alguém em particular. Logo, Junmyeon também estava o tempo todo com Yixing agora.

Acordava logo cedo pela manhã e ia ao quarto do príncipe e o imperador já estava lá, Junmyeon cumprimentava e levava o bebê para a ama de leite que finalmente podia descansar mais com a ajuda de Junmyeon, antes ela tinha que cuidar do próprio filho e do príncipe, claro, recebia por isso, mas ainda assim era desgastante. Yixing sempre o tratava com respeito, nunca o encarando ou falando coisas que o deixassem desconfortável, isso sim era um marco. Junmyeon passou a respeitá-lo cada dia mais.

Não podia se conter em pensar nele quando estava sozinho, como agora. Voltando para o quarto depois de colocar Sehun para dormir, deu boa noite ao imperador e recebeu um pequeno sorriso como retribuição. Sentia-se agitado só de lembrar, de um jeito bom, nunca se sentiu assim antes.

Às vezes olhava para ele trabalhando, reparava em seus traços, era um homem bonito sim, mas Junmyeon não sabia descrever estas coisas. Conseguia, sim dizer, como era atraído pela inteligência de Yixing, sempre se impressionava ao ouvi-lo lidar com os lordes da salinha ao lado da sala do trono, onde ficava com o bebê.

Yixing sempre perguntava se alguém no palácio o estava incomodando e, embora ainda houvessem olhares e sussurros, sem contar que a sua antiga supervisora espalhou que estava tentando conquistar o imperador, sempre dizia que estava tudo bem. E estava, as palavras dessa gente não o atingiam, eram piores que crianças. Só se entristeceu um pouco quando FangFang se distanciou. Embora não fossem carne e unha, era ruim estar de volta a solidão. A falta de uma amizade verdadeira era uma dor constante.

Gostava também de como Yixing prestava atenção as pequenas lembranças quebradas que compartilhava. Para um imperador, que havia de importante nas histórias de um ninguém? Mas Yixing o ouvia, muitas vezes passava horas conversando com ele em vez de lidar com suas papeladas, e isso fazia com que ficassem até mais tarde no escritório. Junmyeon contou a ele que não lembra de sua infância, era muito novo quando foi arrancado de seu povo, não lembra nada deles, mas contou sobre momentos da sua vida que não eram tão horríveis também e como não entendia toda a beleza que viam nele. Nem sabia ler!

Foi quando Yixing disse:

— Você é como a flor de lótus.

Junmyeon se virou bruscamente.

— Não gosto desse nome.

— Já viu uma lótus?

Junmyeon fez que não com a cabeça.

— É uma planta aquática, o fundo dos rios onde elas costumam crescer é cheio de lodo, lama, mas a lótus cresce apesar das adversidades e dá uma das mais belas flores que existem. Você é essa flor. Há lodo nas suas raízes, no seu passado, mas isso não diminui o espetáculo que você é. E eu não falo de aparência, você floresce todos os dias, Jun. Você é mais do que um sobrevivente, você é um guerreiro.

Junmyeon ficou corado até a alma nesse dia, e desatento. Apenas a mera lembrança dessas palavras fazia seu coração bater feito louco, não sabia o que estava acontecendo consigo.

Mas nem tudo eram flores, houveram momentos de muita vergonha para o pobre coitado. Volta e meia ele entendia errado algo que o imperador dizia e acabavam em situações estranhas. Sentia-se tão tolo por ainda se enganar que Yixing desejava seu corpo, nunca demonstrou nada do tipo e ainda assim Junmyeon caia nos velhos hábitos. Já estava na hora de se convencer que Yixing não é como os outros. Ele é nobre, e gentil, e honesto e... não faz sentido nenhum!

Se não o quer por aparência ou por outra coisa, por que tratá-lo bem? Não precisava de si com Sehun, obviamente, viveu muito bem até aqui sem sua ajuda, então por quê?

Saiu de seus devaneios quando chegou até a porta de seu quarto. Lá estava FangFang parada na porta. O vestido verde não era algo que os empregados usavam, portanto já deveria ter acabado seu turno. Junmyeon se animou que ela não estava realmente o evitando, só ocupada, e sorriu ao se aproximar dela. Mas antes que pudesse cumprimentá-la, ela disse:

— Não tem vergonha?

Junmyeon piscou, sem entender, e quase riu que justamente ela o fizesse esse tipo de pergunta, contudo conteve-se para não ter uma discussão desnecessária. Infelizmente, FangFang não compartilhava de sua opinião e continuou ao ver que não receberia resposta:

— Pensa que não te vi se jogando aos braços do lorde imperador? Como pode ser tão descarado? — FangFang foi direto ao ponto. Junmyeon a encarou sem mudança de expressão, se ela esperava surpreendê-lo, falhou.

— Não foi você que modificou a parte de cima de seu vestido para que o decote ficasse maior? — Ele disse com o olhar tranquilo e gracioso de sempre, como se não fosse sequer um problema. Havia visto todo tipo de roupa feminina, inclusive já usara algumas, sabia diferenciar o corte e costura de um profissional em comparação com um ajuste feito depois por mãos menos habilidosas. E estas mãos em particular eram péssimas para dizer o mínimo.

FangFang fechou a cara, seu rosto adquirindo uma cor avermelhada não de vergonha, mas de raiva. Acabara de notar que ele não a considerava sequer uma rival. A partir do momento que o apreço por ela desapareceu, o que nunca foi grande coisa, Fangfang se reduziu a nada.

Pessoas como ela Junmyeon já havia conhecido aos montes, o comportamento era sempre o mesmo, chegava a ser fácil demais entender como pensavam. Sentia apenas indiferença, no máximo desprezo.

— Como é? — ela falou em tom de segredo. Um castelo de areia pronto para desabar sobre a próxima onda, Junmyeon não cairia naquilo e ela não esperou uma resposta. — Dorme com ele. Pega o que pode, não é assim? Te paga com presentes? Com vantagens? Vamos, não precisa bancar o humilde para mim, Jun, sei que quer se gabar de suas conquistas. — FangFang deu uma risadinha falsa, cobrindo os dentes com uma mão. Junmyeon continuava com a mesma cara de tédio e ela continuou: — Nunca imaginei que nosso soberano fosse esse tipo de pessoa, tão fútil, facilmente levado por um rostinho bonito. Deve ser por isso que Lay é tão desuni...

O estalo se fez alto e presente. O ardor na mão, o vermelho marcado na face clara e bem cuidada da jovem moça. Ao contrário do comum em situações assim, aquele que bateu encarava chocado a própria mão, e aquela que apanhou sorria vitoriosa. Junmyeon se virou apressado, para deixar aquele lugar o mais rápido que seus pés pudessem levá-lo. Não sabia para onde ir, seu quarto estava bem atrás da moça, mas não importava, só precisava se afastar.

— Você é um puto imundo, Junmyeon, não pode mudar isso!

O grito o avisou que não tinha sido rápido o suficiente.




N/a: Gente, eu juro que eu só ia escrever um pouquinho hoje e acabou saindo o capítulo todo.

Branco e Vermelho ✤ SulayOnde histórias criam vida. Descubra agora