PARTE I - 8. CRIME HEDIONDO

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ATENÇÃO ESSE CAPÍTULO CONTÉM GATILHO!!!
Boa leitura <3

Alguns dias depois, Sehun despertou cedo e estava no colo de Yixing, babando e mordendo um brinquedo fofinho que foi comprado recentemente

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Alguns dias depois, Sehun despertou cedo e estava no colo de Yixing, babando e mordendo um brinquedo fofinho que foi comprado recentemente. Yixing o levou para ser amamentado e voltou ao quarto. Junmyeon não apareceu, algo que ainda não tinha acontecido. Yixing adimitia que tinha uma parcela de culpa se ele tivesse dormido um pouco a mais, o manteve até a lua estar bem alta no céu na noite anterior, conversando. Não estava zangado, só se perguntava o que tinha acontecido.

Era confortável tê-lo ao redor. Muitas vezes ficava sem fala diante dele, pois não compreendia seu modo de agir, mesmo assim, era bom. Yixing não se sentia desta forma desde que... bem, fazia muito tempo. Sabia que corria um risco, não podia se dar ao luxo de confiar. Se enganava dizendo que era cauteloso, qualquer um poderia ver que não não havia cautela alguma. Era um fraco.

Junmyeon falava baixo, olhava para o chão como se fosse a coisa mais interessante do mundo, contudo tem boa postura e se move de forma graciosa, seus passos são quase inaudíveis. Quase nunca sorria, exceto por educação, e não o olhava nos olhos por mais de um segundo. Yixing se perguntou se sua presença o deixava desconfortável, se em vez de fazer o bem, como recebia, estava piorando as coisas. Nunca havia passado por algo assim. Nunca teve dúvidas desse tipo. Mas, claro, nunca havia lidado com alguém semelhante.

Sabia exatamente quem poderia ajudá-lo com isso, contudo, no momento que ia se virar para ir ao próprio quarto — para pegar pergaminho, pincel e tinta — Junmyeon entrou.

Yixing nem percebeu que sorriu ao vê-lo, sorriso este que só durou um segundo, pois no momento seguinte percebeu o estado do rapaz. Olheiras sob os olhos, a cabeça mais baixa do que nunca, os passos nada firmes, quase cambaleantes, tremia inteiro. Ele parecia a ponto de desmaiar.

Yixing deu um passo. Foi quando notou que ele estava tentando se ajoelhar, mas isso o causava dor. Apressou-se, colocou uma mão em cada ombro dele, para impedi-lo, porque temia que caísse.

— O que houve? — perguntou. O coração martelando contra o peito.

Junmyeon olhou para si, mas sabia que não o via, que ele estava perdido em pensamentos, talvez lembranças. Esperou, tentando manter a calma. Junmyeon piscou, e desviou o olhar.

— Não foi nada.

— Está louco se acha que vou ignorar isso. Não importa quão pouco tenha dormido, não te deixaria tão mal.

— Por favor, não foi... não foi nada.

Yixing estava pronto para responder quando reparou em outra coisa. Junmyeon costuma usar roupas cuja gola tapa metade do pescoço, com exceção das mãos, quase nenhuma pele fica exposta, mas estavam tão próximos que seus olhos focaram naquela marquinha mais escura escapando da gola. A pele clara contrastava de forma gritante com aquela atrocidade, sabia exatamente o que era, ele mesmo adorava fazê-las quando a mãe de Sehun era viva. Contudo, vendo o estado de Junmyeon, aquilo não foi consensual.

Aproximou a mão do pescoço dele, queria baixar um pouco a gola, na esperança de estar errado. Junmyeon se afastou, quase tropeçando nos próprios pés. Yixing podia sentir seu pânico, sua insegurança, sua dor.

Então, Yixing pegou Junmyeon no colo, em posição nupcial. Assustado, ele teve que se segurar em si, fazendo as mangas da roupa escorrerem. Os pulsos estavam em um tom de roxo terrível. Yixing desviou o olhar, era familiar com o sentimento crescente dentro de si, mas Junmyeon não precisava vê-lo explodir em ódio, precisava se manter pelos dois.

Colocou-o, com cuidado, na própria cama, sobre a seda escarlate dos lençóis. Sentou-se na beira e manteve os olhos na mesma altura.

— Quem fez isso?

Junmyeon negou com a cabeça. Tinha as bochechas um pouco rubras agora, dando um ar mais vivo a seu rosto.

— Não me peça para deixar isso impune.

— Não é nada novo para mim.

Ouvir isso fazia o coração de Yixing sangrar.

— Algumas dores não se tornam mais fáceis mesmo depois de já termos nos acostumado com elas — disse o imperador.

— Sim, entendo perfeitamente. Embora nossas dores sejam bem diferentes.

Junmyeon suspirou e, com as mãos em punho, contou tudo. Enquanto contava, Yixing manteve a expressão séria, tentou não fazer nada que o desencorajasse, que o assustasse, mas seu coração estava pesado e quente como se mergulhado em brasas. Só havia uma forma de aplacar aquilo, se conhecia o suficiente para saber.

Era pior, muito pior do que qualquer coisa que Yixing imaginou. Não um, mas quatro, quatro. Entre trabalhadores comuns e guardas, Junmyeon não sabia seus nomes, mas já os tinha visto pelo palácio. Invadiram, sim, invadiram o quarto de Junmyeon. E bateram nele, depois o abusaram até que ficasse inconsciente.

— Tire a roupa — disse Yixing.

Junmyeon o encarou, com os olhos tão largos quanto pratos. Era óbvio que havia entendido tudo errado. Então, abaixou as cortinas do dossel da cama, deixando-o sozinho lá dentro, e saiu do quarto.

Um tempo depois, voltou acompanhado de um senhor de idade. Yixing ficou de pé, ao lado da porta fechada, observando pelo tecido translúcido. O senhor foi até Junmyeon e deu a mesma ordem que Yixing. Focou nas expressões de Junmyeon enquanto o médico imperial o examinava.

Yixing o pagava a mais para se manter por perto, desde que os dentes de Sehun começaram a nascer às vezes tinha febre ou diarreia. Nunca imaginou que seria útil para uma coisa como essa. Ficara parado era difícil, queria correr dali, espancar aqueles quatro homens até que desejassem estar mortos, mas se controlou, controlou a ira vermelha que passava por trás de seus olhos.

O médico veio a si e deu-lhe a lista de coisas que precisava para preparar remédios e unguentos, disse que o corpo dele precisava descansar e se alimentar bem. Yixing não ousou perguntar sobre a mente dele, não sabia o que fazer nem com os próprios pensamentos mórbidos. Mas era assim que sempre funcionou para si, seu trono havia sido pago com muito, muito sangue.

Assentiu para o médico que saiu do quarto e se aproximou da cortina. Os olhos se atenuaram sobre a silhueta de Junmyeon.

— Fique aqui e descanse, não precisa cuidar de Sehun pelos próximos dias.

— Ma-mas...

— Por favor não seja teimoso, são ordens do médico. Se quiser, pode tomar um banho morno, também irei mandar trazerem água, comida e roupa limpa.

Não estava sob discussão. E, mesmo com a ânsia de vingar-se, sentiu os pés relutarem ao se afastar. "Ele vai ficar bem", "Ele é bem forte", disse a si mesmo sem desgrudar os olhos da silhueta atrás das cortinas, "Ele não me quer por perto", "Sou assustador". Por que as coisas eram assim?

Mas sabia muito bem, conhecia a podridão daquele país melhor que qualquer um. Junmyeon tinha essa aparência cativante, essa personalidade doce, mas não tinha poder, nem status, nem força física, céus, ele mal tinha um passado. Para muitos, ele não seria considerado nem um ser humano, e então não seria errado fazer o que bem quisessem. Era o que seu pai tentou mudar. O que ele mesmo tentava mudar. Em vão, tudo em vão.

Assim, Yixing mais uma vez deixou o quarto. Incendiado pelo próprio ódio ao ponto de sentir dor.






N/a: Nada a declarar, só queria cuidar do Junmyeon e não deixar mais nada de ruim acontecer com ele, mas... infelizmente não vai ser como eu queria.

Branco e Vermelho ✤ SulayWhere stories live. Discover now