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Eddie.

Chuto a primeira coisa que vejo pela frente, uma cadeira. Estou amaldiçoando até a quinta geração dos Hendersons quando vejo meu tio parado na porta.

-Tem um motivo para a Chloe ter saído correndo daqui? -Ele pergunta.

-Não.

-Tem certeza? Ela estava chorando.

-Nós brigamos e ela não quis aceitar que estava errada.

-O que ela fez? -Ele entra no trailer e desliga o fogo. A água na panela está fervendo à tanto tempo que praticamente evaporou.

Levanto a cadeira que chutei e me sento nela, passo a mão pelo rosto e esfrego os olhos.

-O que ela fez? -Meu tio repete, dessa vez olhando para mim.

Aponto para as compras em cima da mesa, aponto para a panela no fogão, para o trailer todo.

-Ela quer brincar de casinha e eu não tô afim disso.

-Você fez aquela garota chorar só porque ela queria te agradar?

-As coisas começaram a ficar muito sérias, velhote.

-Faz quase uma semana que só o que eu ouço é o nome dessa garota. -Ele cruza os braços. -Eu ainda tive a decência de fingir que eu não sabia quem ela era, pra não te constranger. E agora você vem me falar sobre as coisas estarem ficando sérias?

Eu não o respondo, ele se aproxima e puxa uma cadeira.

-Ela passou a noite aqui e te fez café de manhã. -Ele diz. -Ela comprou comida pra te fazer um jantar. E daí? O que tem de errado nisso, garoto?

Meu tio apoia a mão no meu ombro, eu encaro o chão.

-Ela fez um sanduíche pro meu almoço hoje. -Digo. -E andou pela cidade usando a minha camiseta. -Quando as palavras saem da minha boca percebo o quão patético pareço.

-Nossa, ela cuidou de você e mostrou pra todo mundo que ela é sua? Que crime horrível! -Meu tio dá uma gargalhada. -Ela é uma boa garota, Eddie. É madura, centrada e acima de tudo, gosta de você. Não seja um idiota.

Ele pega um saco de papel que está em cima da mesa e o abre. Tira uma torta de lá de dentro. Na parte de cima, escrito com geleia estão as palavras: Caixão Corroído ARRASA!

Dou risada ao ler, meu tio levanta e pega duas colheres. Comemos a torta direto da forma. O silêncio leve enquanto mastigamos, a torta sumindo aos poucos.

-É como um pedaço do céu! -O velho elogia enquanto enfia mais uma colher cheia na boca. -Garoto, se eu fosse você eu ia me desculpar o mais rápido possível.

-Por que?

-Se tem uma coisa que eu aprendi quando mais jovem é que se elas são bonitas e te tratam bem, elas não ficam sozinhas por muito tempo. Cozinhando desse jeito, então...

-Harrington. -Resmungo.

-O quê?

-Nada. -Enfio mais uma colherada na boca e me levanto, pego as chaves do carro e saio correndo. -Não me espera para o café da manhã!

Steve.

Chloe colocou o pirulito de cereja na boca e saiu acelerando do estacionamento. Eu mal conseguia olhar nos olhos dela quando me despedi. Meu surto de momentos antes ainda está fresco na minha memória.

Eu estava mesmo me declarando para uma garota que gosta de outra pessoa? Essa é a terceira vez, porra! A TERCEIRA!

Robin me olha com o canto dos olhos, como se eu fosse o principal suspeito de um crime horrível.

To love a boy IWhere stories live. Discover now