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Chloe.

Seguro o volante com tanta força que as juntas dos meus dedos ficam pálidas, tem sangue seco na manga da minha blusa e magoei dois dos meus novos amigos. Piso no acelerador, só o que eu preciso é chegar em casa, tomar um banho e fazer uma ligação.

O carro da minha mãe não está na garagem, Dustin provavelmente está no Mike. Eu coloco a banheira para encher e pego o telefone. Demora até alguém me atender e eu preciso desligar e esperar pelo menos uns cinco minutos até ele me retornar.

Quando o telefone toca, já comi os dois últimos pedaços da torta de amora de ontem.

-Alô. -Minha voz soa desesperada até para mim.

-Chloe Henderson, do que você precisa?

-Uma dose mais forte. -Resmungo.

-Eu imaginei. -Ele ri. -Fiquei sabendo que você voltou para Hawkins.

-Sim. As coisas aqui são diferentes, você sabe.

-Eu sei, eu sei. Está ficando mais forte?

-Não exatamente. -Respiro fundo antes de falar. -Digamos que eu encontrei meu ponto fraco.

-Você...? Não! -A voz dele fica mais grossa. -Você não fez isso, não é?

-Não fiz. Mas e se eu quisesse? Digo, a medicação iria inibir a reação, não iria?

-Não temos certeza. É o efeito esperado, mas não dá pra ter certeza e seria idiotice tentar.

-E o que eu faço então? Porque eu não tenho controle sobre a minha vida e isso é ridículo. Eu não posso nem gostar de um garoto em paz! -Não percebo que estou chorando até ouvir o doutor suspirar do outro lado da linha.

-Eu sinto muito, Chloe. Você sabe que eu tento deixar as coisas o mais normais possíveis para você.

-Eu sei. -Seco minhas lágrimas. -Eu só quero poder parar de me preocupar com isso. Não tem uma forma de mudar isso? De mudar o meu gatilho?

-Você tem visto esse garoto, Chloe? -O tom de voz dele muda, volta a ser profissional.

-Não. -Minto. -Eu mal o vejo, meus lábios nunca chegaram nem perto dos dele.

-Ótimo. -Ele ri, é constrangedor. -Eu vou ver o que posso fazer por você. Enquanto isso, aumente a dose para quatro. Tome de seis em seis horas.

-Certo. Obrigada, Dr. Owens.

-Está tudo bem por aí? Sem problemas maiores?

-Tudo sob controle. -A mentira sai com facilidade de novo.

-Me mantenha atualizado. Adeus.

Continuo ouvindo a estática do outro lado da linha, então coloco o telefone de volta no gancho e me viro.

-Jesus! Que susto, Dustin! -Coloco a mão no peito.

-Desculpa, achei que a casa estava vazia. -Ele me olha intrigado.

Meu coração passa de acelerado para quase parando. E se ele ouviu minha conversa?

-Há quanto tempo você está aí?

-Acabei de chegar. Você está bem? Por que está chorando?

-Nada. Estou bem. -Já repeti isso tantas vezes que está começando a perder o sentido. Seco algumas lágrimas que insistem em cair.

-Por que você não está trabalhando?

Eu vou até a cozinha e encho um copo de água, pego meus comprimidos no armário e enfio um na boca.

To love a boy IWhere stories live. Discover now