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Chloe.

Quando chegamos, a casa está aberta e meu pai está na sala, enfiando uns enfeites em caixas.

-Oi, garota. -Ele diz, tão carinhoso quanto um urso selvagem.

-Oi.

-Pode subir lá e ver o que você quer. -Ele aponta para o teto, nem sequer olha na minha direção. Mal repara em Steve atrás de mim.

Eu subo para o segundo andar e puxo a escada do sótão. Steve segura na minha cintura, me ajudando a subir, apesar de não precisar. O toque dele é quente.

Só tem umas dez caixas aqui, duas delas cheias de roupas antigas minhas. Uma com bichinhos de pelúcia.

-Cinco anos da minha vida resumidos a isso. -Aponto para o cômodo ao redor. Steve abaixa para desviar de uma teia de aranha. -E o quarto lá embaixo, claro.

-Eu imaginei que você teria mais memórias. -Ele diz.

-Ah, não. Demorou até eu me sentir a vontade aqui.

-Sério? -Ele pergunta.

-Sim, eu odiava esse lugar. Chorei todos os dias nos primeiros três meses. Queria desesperadamente voltar para Hawkins.

-Por que você não voltou? Sua tia não estava tão doente ainda, estava?

-Não, ela até que estava bem naquela época, mas estar longe de Hawkins me fazia... bem. Era diferente. As coisas estavam sob controle, melhor dizendo.

-Coisas? -Ele arqueia a sobrancelha.

-Os poderes. -Eu explico. Abro uma das caixas. -Olha, minha vitrola!

Steve se aproxima para olhar o objeto, então eu continuo falando.

-Enfim, eu sou grata, no fim das contas. Minha tia me ensinou muita coisa. Se eu tivesse continuado em Hawkins, eu provavelmente seria a garotinha bobinha e virgem, que ninguém quer. Minha tia me deu auto estima, me deu postura e personalidade. Ela me ensinou o lema: Se eu quero, eu posso ter, é só ir atrás.

-Talvez nós teríamos nos conhecido antes. -Steve sorri. -Talvez você não seria virgem. -Ele faz um movimento sugestivo com as sobrancelhas.

-Claro, por quê você já fez muitos avanços na nossa relação, não é? -Eu debocho.

-Essa doeu. -Ele ri. -Quantos anos você tinha quando veio para cá?

-15.

-A idade que o Dustin tem agora. -Ele comenta.

-Sim. -Abro mais uma caixa e vejo meus discos de vinil antigos. -Olha o que achei!

Pego um dos discos e o coloco na vitrola que achamos. Ela magicamente ainda funciona.

-The Romantics! -Digo, a música começa a preencher o espaço, Steve sorri enquanto eu me levanto e o puxo para dançar.

-What i like about you. -Canto. -You hold me tight. -Ele reforça o aperto na minha cintura.

To love a boy IWhere stories live. Discover now