Quero te conhecer

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- Talvez você não devesse se preocupar! (Cecil diz com a boca cheia)
  Lou lhe lança um olhar irritado e me olha solidária antes de dizer algo pior que ele.
- Ele é legal e muito gato, mas você devia esquecer e ir atrás de alguém menos complicado para se apaixonar Will.
  Olho para eles incrédulo e pergunto em voz alta por que somos amigos.
- Não se vai atrás de ninguém para se apaixonar. Você só se apaixona, não dá para escolher.
- E é claro que devo me preocupar! Até agora não descobri nada, e por mais que esteja com problemas ele parece bem e sempre nos divertimos, mas não consigo arrancar nada dele.
- Se ele não quer te envolver em seus problemas, eu acho que você deveria ficar contente por isso e aproveitar o Nico feliz, e parar de tentar conhecer o mafioso. Sei que é egoísta e você quer ajudar ele, mas pense primeiro em si mesmo.
- Sério!? O garoto que eu gosto quase morreu e vocês querem que eu esqueça isso, e fique contente com ele agindo como se não estivesse ferrado.
- A gente só não quer que você se machuque, Will. (Cecil diz pesaroso)
  Levanto da mesa e deixo eles falando sozinhos, desde que bisbilhotei aquela conversa, contei para os meus amigos em busca de conselhos, no começo eles ficaram chocados mas me apoiaram a descobrir o que estava acontecendo, porém agora, depois de quase duas semanas e minha investigação não ter dado em quase nada, eles me pedem para esquecer tudo e até para me afastar dele.
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Assim que saio da faculdade vou até a casa do moreno, toco a campainha e uma Maria muito bonita e animada abre a porta. Nico aparece logo depois descendo as escadas, ficamos na cozinha enquanto ele prepara um lanche e conversamos sobre a ida a praia que nossos amigos estão planejando. Vamos passar um fim de semana na casa de praia de Jason, o moreno me conta que seu amigo só teve essa ideia para que a Piper vá, ele pretende a pedir em namoro, ele comenta alegre que os dois são opostos, o garoto todo politicamente correto e meio careta e ela inconsequente e vida loca, e assim ficamos falando até sua mãe aparecer toda arrumada avisando que irá sair, ele bufa assim que ela sai de casa.
- Que foi? Está com ciúmes da sua mãe? (Pergunto implicando)
- Não, é que... Essas saídas dela, e nunca comenta de ninguém para mim. Tenho medo do meu pai ter voltado dos mortos e eles estarem saindo.
  Não sei o que dizer, é raro ele falar sobre algo pessoal e que o incomoda desse jeito.
- Hmm você não tem uma boa relação com seu pai? (Finalmente pergunto)
- Ele só traz destruição consigo. Vai ir embora de novo e eu vou precisar lidar com o estrago. Ou pior, pode escolher ficar. (Ele encara a pia por um momento e então pisca parecendo sair de um transe)
- Manteiga de amendoim ou Nutella?
- Manteiga de amendoim (respondo)
  Pegamos o lanche e ficamos na sala assistindo série.
- Sinto que quase não sei nada sobre você (corto o silêncio)
- Eu poderia dizer o mesmo (ele rebate)
- Eu sou um livro aberto! Você até já conheceu meu pai.
- E você conhece minha mãe (ele diz rindo)
- Sabe o que quero dizer. Você sabe que sou o filho do meio de três irmãos, que minha mãe mora na Austrália com meu irmão, que Kayla largou a faculdade para virar surfista e apesar de meus pais terem surtado, hoje a apoiam nas competições. Que meu pai é um excelente médico e ótimo pai,mas tem problemas com bebida, que meu avô é um político corrupto, e que eu só saio da minha rotina louca para estar com você. Acho que mereço te conhecer também.
- Não tem nada de bom para você saber, Solace.
- Pode confiar em mim, não sou o Jason.
- Agora você jogou sujo (ele joga uma almofada em mim)
- É sério Nic (digo sorrindo)
- Bom (ele respira fundo) Eu também não sou filho único, eu tinha uma irmã mais velha, ela era linda e ranzinza, eu era uma peste então ela vivia chamando minha atenção e tentando ficar sozinha com suas amigas, mas a gente cuidava um do outro, e quando tinha tempestade ela vinha se deitar comigo para me proteger dos trovões (ele sorri com a lembrança) Nessa época minha mãe era sempre sorridente e meu pai amoroso, parece outra vida. Quando ela se foi, meu pai ficou distante e minha mãe deixou de se cuidar, descobri que ela é bipolar, e desde então ficou extremamente instável, meu pai tentou cuidar dela mas ela recusa tratamento até hoje, tenho que ficar vigiando se ela está tomando os remédios. Ele tentou mas o luto transforma as pessoas, ela deixou de se cuidar e ele fez isso por ela, porém ele também mudou, ficou violento, mas pelo menos era só comigo. Enfim, depois ele se envolveu com umas pessoas erradas e teve que fugir, e me deixou para cuidar da sua dívida e da minha mãe. Eu avisei que não tinha nada de bom para saber.
- Posso te abraçar? (Pergunto me aproximando)
- Não precisa, tá tudo bem (ele diz mas já estou lhe abraçando)
Ele fica tenso mas logo se deixa ser abraçado, sinto ele tremer levemente e sei que está chorando.
- Tudo bem Nic, coloca para fora.
- Era para gente estar se divertindo, não quero te chatear com meus problemas.
- Eu não ligo, quero te conhecer e que você saiba que estou do seu lado.
- Que pessoas erradas são essas que seu pai se envolveu?
- Eu não comecei a traficar por esporte, ele fazia isso e quando foi embora tive que continuar seus negócios.
- Foi por isso que você acabou baleado?
- Não quero mais falar disso.
- Eu não vou te julgar, Nic.
- Eu sei, mas chega por hoje. Não pode esperar que eu confesse todos os meus pecados (ele se afasta e sorri para mim)
Graças aos deuses ele não desfaz o nosso abraço enquanto continuamos a ver a série, ficamos assim por um bom tempo, até o celular dele tocar e ele ir atender longe de mim.    Ele volta alguns minutos depois, está tenso e calado, se senta um pouco longe de mim e encara a tv mas sua atenção está longe, já que ele tem um sobressalto quando o chamo, pergunto se está tudo bem e vejo como ele rapidamente põe uma máscara que agora consigo reconhecer, a máscara de está tudo bem, ele sorri e faz que sim, então tenta mudar de assunto falando sobre a série, e logo volta a falar sobre a ida a praia, e eu não insisto, porque ele claramente não quer me contar e não quero estragar todo o progresso que tivemos hoje.

Anjo Caído ( Nico Di Angelo) Where stories live. Discover now