Dia x

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É ridículo ou absurdo eu estar querendo rir agora?
Logo que entrei na sala, na verdade, desde que esse dia começou eu estou a beira de um ataque de pânico, já senti que ia desmaiar e ao mesmo tempo vomitar quando estive de frente com Minos, porém agora ou eu cheguei ao meu limite de estresse e medo, já que não sinto mais nada, ou terminei de enlouquecer.
Eu só precisei repetir as palavras de Tânatos e Minos basicamente me contou a senha que eu precisava conseguir. Agora ele está me perguntando sobre o endereço da Medusa, realmente espero que esteja errado conforme me disseram, porque seja lá quem ela for ninguém merece ser encontrado por esse cara.
- Ainda bem que resolvi não te matar (ele diz quase emocionado) Não sabe a quanto tempo estou tentando descobrir isso. Ah, esse Solace (diz passando a mão no rosto) Foi muito esperto da parte dele te usar para fazer essa troca, pena que não gosto de perder.
Ele faz um sinal e os seguranças me arrastam sob protestos e súplicas para fora, de repente sou jogado em um porta malas e escuto o carro ser ligado, procuro desesperado pelo botão de emergência que consegui esconder, finalmente o alcanço e aperto repetidas vezes, o pânico que antes achei ter ficado imune me invade outra vez, pressiono tanto que tenho certeza de que quebrei o botão, sei que socar e chutar é inútil mas preciso sentir que estou fazendo algo para sair daqui.
E então eles param de dirigir e eu paro de lutar, fico atento ao que escuto do lado de fora, é uma conversa em voz baixa mas com tom urgente, quando estou quase os entendendo o porta malas é aberto. A luz do dia repentina atrapalha minha visão, me jogam para fora e caio no chão, estreito os olhos e vejo Philip.
- Levanta e entra na van. (Ele exige e então vejo o veículo preto ao seu lado)
Não me movo e sua impaciência é evidente quando aponta uma arma para mim e repete a ordem.
- Para quê?
Pergunto apesar de ser algo idiota a se dizer, apesar de estar desafiando a morte com essas duas palavras, apesar de imaginar mil e um motivos do porquê eles querem que eu entre na maldita van. Mas não vou piorar minha situação, já é ruim eu ter saído da mansão, e sei que ao entrar aí vai ser mais difícil receber alguma ajuda.
- Ou você entra ou eu enfio uma bala na sua cabeça!
Não sei o que fazer, a única alternativa é me levantar e subir na van. Assim que entro um capanga que já estava lá me algema preso a ela.
- Philip, o que vai acontecer comigo? ( Tento outra vez, apesar de não ter esperança de uma resposta)
- Não pode adivinhar? (Ele diz com um sorriso ladino e então fecha a porta)
O pânico agora é o único estado de espírito que conheço, vários cenários horríveis passam pela minha cabeça, devia ter aceitado levar um tiro,tiro...isso foi barulho de tiro? Volto a realidade e vejo o homem a minha frente segurando uma pistola e se preparando para abrir a porta, o caos está fora dessa van. Assim que ele abre o vejo cair, Tântalo está segurando a arma que o matou, seu rosto é impassível e sua camisa está suja de sangue, há pessoas caídas do lado de fora.
- Nico! (Ele parece brigar comigo enquanto me sacode) Qual é a senha?
Eu encaro seus olhos castanhos e frios e volto a olhar o homem caído aos meus pés com um buraco na testa.
- Garoto! (Ele me dá um tapa no rosto) Qual é a senha?
O olho sem compreender, e repito suas palavras sem entender o que estou dizendo. E então a agente Mendes aparece ao seu lado.
- Nico? Você está bem? (Ela pergunta gentil)
Faço que sim com a cabeça, e ela começa a soltar a algema.
- Já acabou, vamos te levar para casa (ela afirma)
- Garoto, presta atenção! Qual é a senha que Minos te passou? (Ele volta a exigir)
- Minos...ele também morreu?
- Não se preocupe com ele agora. Tântalo, dê um tempo para ele.
- Preciso saber se ele conseguiu a senha.
Ele continua veemente nisso, mas a mulher me abraça pelos ombros e começamos a andar para longe da van, vejo a distância carros indo e vindo da casa de Minos, não estava tão longe quanto imaginei, ela começa a falar algo no fone quando escuto um som alto e seu corpo vai para frente me levando junto, me sento ao seu lado e vejo horrorizado o sangue manchar sua camisa branca, ela se apoia nos cotovelos e tentar mirar no homem que se aproxima.
Tântalo se esconde atrás de um veículo e continua atirando, o braço da agente começa a vacilar e ela se deita totalmente, agora ele se aproxima com a arma apontada para ela, sei que vai atirar. Não penso em absolutamente nada quando tiro o revólver da mulher caída ao meu lado e aperto o gatilho na direção dele, só sou consciente de sua expressão de surpresa ao constatar quem o acertou, sua mão toca o abdômen onde foi atingido e a outra mira em mim, escuto um barulho ensurdecedor e sinto um impacto no lado direito, tudo isso parece absurdamente irreal, vejo como se fosse em câmera lenta e rápido demais para assimilar.
O homem caí ajoelhado ainda segurando a barriga e mirando em mim, a arma que eu estava segurando por algum motivo caiu da minha mão, a linda agente negra parece lutar cada vez mais para respirar, finalmente vejo pessoas correndo em nossa direção, me deito ao seu lado e digo para aguentar firme porque vai ficar tudo bem.

Anjo Caído ( Nico Di Angelo) Where stories live. Discover now