7. O dragão que devorava dragões

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— E VOCÊS NÃO FORAM ATRÁS DELA?! — A princesa Rhaenyra gritou com os dois príncipes que estavam em sua frente, passando a mão pelo cabelo nervosamente. A Targaryen começou a sentir seus olhos ardendo e tentou impedir as lágrimas de sair. — Vocês sabem que há dragões selvagens na Ilha! Como podem ser tão irresponsáveis??!!

— Eu fui, mas ela sumiu em um instante! — O príncipe Daemon foi o primeiro a se pronunciar, se explicando. Ele se aproximou da princesa e segurou em cada um de seus braços, para acalmá-la. — Nós vamos encontrá-la, certo?

— Ela está ferida, Daemon. Aquele corte deve estar sagrando e pode Infeccionar. — Rhaenyra deixou suas lágrimas fluírem livremente, enquanto enfiava o rosto no pescoço do príncipe mais velho, o abraçando. O rosto de Aemond empalideceu quando as palavras saíram da boca da princesa. Ele se virou em direção à saída e partiu, ignorando os questionamentos de Rhaenyra e Daemon.

Estava anoitecendo e eles ainda não tinham notícias da menina, porém Daemon havia posto seus guardas para procurar pela Lady por todo o local, ele próprio também procurou pela jovem.
Daenna insistiu que deveria procurar pela amiga, mas seu pai não permitiu e teve que a trancar no quarto, para que a Velaryon não fugisse.

Aenys estava desaparecida há quase onze horas, em uma Ilha com dragões selvagens; como Canibal. O dragão de cor escura, era um dos três dragões selvagens que viviam em Pedra do Dragão; Canibal era uma enorme besta, havia rumores de que o dragão vivia na Ilha antes mesmo da chegada dos Targaryens. Ele foi chamado assim pelos habitantes de Pedra do Dragão por cometer canibalismo, devorando dragões menores, ovos e carcaças.

A lua brilhava no céu escuro e a chama verde do dragão brilhava na caverna. Aenys teve que se jogar no chão para não ser queimada, porém isso não a impediu de sentir o calor insuportável e o cheiro de podre. Seu corpo todo tremeu e a garota rugiu pela dor que sentiu em cada músculo e articulações; a dor latejante em seu braço quase a fez gritar. Teve que se levantar novamente, sua mente nublada; não sabia o que deveria fazer e a única coisa que passou por sua cabeça era que a morte se aproximava.

— Puta merda. Pensa, Aenys. — A Targaryen falou para ela mesma enquanto Canibal se aproximava dela, abrindo a boca um pouco e mostrando seus enormes dentes afiados. Pavor enchendo sua mente, a garota se perguntou se o dragão em sua frente era tão grande quanto Vhagar.

Um pensamento passou por sua mente: e se ela tentasse domar o dragão? Não é como se a menina tivesse escolha, de qualquer forma. Ela poderia morrer tentando e poderia morrer se não o fizesse, então ela fez. Aenys levantou o braço para o dragão, com dificuldade; mas teve que se jogar no chão novamente, quando mais uma vez o dragão cuspiu fogo em sua direção. A sensação do calor infernal, fazendo-a cogitar na possibilidade de toda a pele de seu corpo derreter.

De repente, ela lembrou: não deveria demonstrar medo se quisesse reivindicar o animal. Mas como ela esconderia todo aquele pavor e tremor? Era quase impossível, mas ela deveria tentar. Então a garota se levantou mais uma vez do chão, o corpo cheio de arranhões e cortes.

Aenys levantou a mão enquanto olhava nos olhos verdes do animal e se levantava lentamente, tentando ao máximo não demonstrar todo o sentimento que estava sentindo. Canibal a encarou, abrindo seus dentes novamente, aproximava-se da Targaryen lentamente.

Lykirī. — Aenys falou, sua voz tremendo. Mas não foi o suficiente para acalmar o dragão selvagem. Respirou fundo e falou novamente. Desta vez, tentando deixar a voz mais firme e mais alta. — Lykirī, Dohaerãs!

Entretanto, o dragão não parou de se aproximar. Fechando os olhos, Aenys esperou pelo calor que queimaria todo o seu corpo ou pela dor de sentir seus membros serem rasgados pelos dentes pontiagudos de Canibal; mas isto não aconteceu. O animal se aproximou o bastante para tocar o enorme focinho na palma da mão da Targaryen. Aenys abriu seus olhos rápido o suficiente para ver o dragão se roçando na sua mão, com os olhos fechados.

You Have My Soul - Aemond Targaryen Donde viven las historias. Descúbrelo ahora