Capítulo 11

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A Cave of Origin era considerada uma das mais antigas formações rochosas de Hoenn. Um verdadeiro patrimônio histórico, na antiguidade a caverna fora usada como um templo de adoração e culto aos titãs Pokémon Groudon e Kyogre que, segundo as lendas, tinham sido responsáveis pela criação de continentes e oceanos.
Com o passar das eras, ambos cultos que antes coexistiam em harmonia, se separaram e começaram aos poucos a caírem em desuso até desaparecerem quase por completo. A Cave of Origin então se tornou um ponto turístico famoso, ainda que a caverna não possuísse muito o que se pudesse ver.

O silêncio que pairava em seu interior foi acometido por um grande estrondo.
Uma das paredes de pedra se quebrou em inúmeros pedaços de rocha e terra, com poeira subindo. A sombra de um imenso Pokémon parecendo ser feito de pedra surgiu. O Steelix se erguia como uma serpente, balançando a cabeça visivelmente desproporcional ao corpo.
Igni passou ao lado do Pokémon, uma grande lanterna em mãos, a iluminar o que havia atrás da parede destruída.

— Eu falei que havia algo escondido na rocha!

Ele pulou para dentro da passagem, seguido pelo agente Rocket que carregava uma mochila, e Lugia. Basho guardou o Steelix em sua pokébola e fez o mesmo, não sem antes tirar um lenço do bolso e amarrá-lo para cobrir nariz e boca.
— Trate de arrumar o que trouxemos.

O agente Rocket prontamente atendeu a ordem de Igni, e com ajuda de uma lanterna que fixara sobre a boina, caminhou na escuridão, tirando da mochila o que parecia estranhos pequenos holofotes de metal. Ele aumentava o bastão com um clique neles e os fincava no solo. E, ao lado ele colocava um cubo de tamanho mediano, conectando com um fio este ao holofote.
Apesar da pouca luz, Basho pôde notar que a "caverna dentro da caverna" não era tão grande porém a temperatura era muito mais quente e a respiração ficava um pouco mais difícil.

— Olha só, temos algo interessante aqui.
Igni apontou a lanterna para frente, iluminando o que havia dentro de um grande buraco no centro do local recém-descoberto. Lugia e Basho se aproximaram, apontando as próprias lanternas. Com uma maior quantidade de luz todo o local se tornou visível. Metros abaixo naquele fosso, havia um espaço de terra batida, com pilastras de pedra polida a formarem um círculo e uma espécie de mesa de pedra no centro.

— Um templo ritualístico. Provavelmente aqui aconteciam os cultos secretos fora dos olhos dos fiéis. Basho, faça seu Steelix servir de escada para descermos até lá e...por que você está com esse pano no rosto feito um saqueador barato?
— É bem óbvio que este lugar esteve intacto por eras. Pode haver um acúmulo de toxinas e desenvolvimento de bactérias devido a não circulação de ar e isso pode causar possíveis problemas de saúde.
— ...é mesmo. Tinha esquecido.

O desinteresse de Igni diante da possibilidade de inalar algo prejudicial era visível e Lugia compartilhava do mesmo. Mesmo assim, Basho preferia não se arriscar e simplesmente liberou novamente seu Steelix da pokébola.
— Nos ajude a descer.
O Pokémon moveu o grande corpo de serpente para baixo e os três desceram. Assim que estavam embaixo, Basho notou, com ajuda da lanterna, uma rústica escada escavada na própria rocha.

"Os devotos de Kyogre transferiram o culto para uma ilhota no oceano e os de Groudon se mantiveram aqui . Se os antigos religiosos usavam este lugar para culto, porque depois fecharam totalmente o acesso? Seria pelo artefato?"

— Este lugar é meio macabro com a luz das lanternas. – falou Igni movendo a lanterna por entre as pilastras.
— Que tipo de culto faziam aqui?
— Provavelmente oferendas a Groudon. – falou Basho diante da pergunta de Lugia. - Os primeiros povos de Hoenn cultuavam Groudon e Kyogre como deuses.
— Não há qualquer inscrição nas pilastras, paredes ou qualquer outro lugar.
— Diferente dos demais povos que registravam suas histórias em paredes e tabuletas de argila, o antigo povo de Hoenn passavam suas histórias e tradições via oral. Isso começou a mudar com as invasões de Sinnoh e...
— A aula de História é interessante mas viemos buscar uma coisa. – cortou Igni. – E quanto mais tempo perdemos, mais em risco ficamos! O radar denota que o que procuramos está aqui mas não especifica. Como é um artefato precioso e com significado, pensei que possa estar na mesa de pedra. Mas acho que é meio óbvio.
— Não custa verificar. – Basho foi até a mesa e se ajoelhou diante dela, aproximando bem a luz da lanterna sobre a base da mesma. – Historicamente, os devotos de Groudon eram mais simples do que os devotos de Kyogre. Onde o artefato no templo de Kyogre estava?

A Lenda de CristalWhere stories live. Discover now