Capítulo 18

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Em um primeiro momento, o que Crystal viu foi a luz. Uma luz branca e dourada tão intensa que a obrigou a fechar os olhos.
A luz era forte, porém não havia calor nela. Crystal até chegou a pensar que poderia ser o golpe Flash de algum Pokémon, mas aquela luz era diferente. Só conseguiu abrir os olhos quando tal luz diminuiu, como se estivesse sendo puxada na direção de onde ouvira a voz que lhe fizera uma pergunta.

Viu vestes em meio á luz e logo lhe pareceu que os panos tomavam forma e então percebeu que era uma pessoa alta vestida de branco. A luz diminuía e ela notou que a mesma não emanava da pessoa; mas sim do sol, cujos raios passavam por entre os galhos das árvores. Quase pareciam emoldurar a figura de forma santificada, mas quando a pessoa ficou contra a luz, Crystal o viu.
Um homem alto e belo, de pele negra com os cabelos curtos e uma barba bem aparada que realçava seus lábios. Ele usava o que parecia ser uma túnica branca com pequenos bordados dourados nas mangas, gola e barra da calça. Seus sapatos pareciam ser feitos de tecido dourado igual aos dos bordados da roupa e por mais simples que pudessem parecer, o deixavam com uma aparência nobre e imponente.
Mas o que mais o destacavam eram seus olhos: ele possuía olhos de um tom âmbar que Crystal pensou que nunca pudessem existir.

— ...Você está ferida?
— E-eu estou bem! Apesar de ...- ela olhou para trás e em seguida para si mesma, suja de folhas e terra. – Apesar de ter rolado pelo barranco.
Ela tencionou se levantar, mas ao fazer isso, sentiu a dor no tornozelo e tornou a cair com um gritinho. O homem se ajoelhou ao lado dela e Crystal pôde sentir o aroma de incenso que ele exalava.

— Com licença. – ele olhou para o tornozelo dela, notando o crescente inchaço. - Você torceu seu tornozelo na queda. Se não tratar, poderá ter uma luxação.
— Ah não! Era só o que me faltava! Minha jornada só vai se atrasar mais se eu tiver que ficar mais de semana parada por conta disso!
— Você é treinadora Pokémon?
— Sim...eu já estive em Hoenn e agora estou em Johto. Tenho uma boa experiência e tal...estou para participar da Liga Pokémon daqui.

Crystal tentou mostrar que poderia ser uma adversária difícil em batalha caso o homem tentasse alguma coisa. Depois da péssima experiência que tivera com os agentes Rockets no início da sua jornada em Johto, cautela nunca era demais. De modo que manteve uma mão sutilmente na pokébola de seu Ampharos, ao lado do Bulbasaur que observava o homem, curioso.
Mas o homem logo se levantou e pareceu procurar algo entre a vegetação e, quando encontrou, começou a colher determinadas plantas rasteiras que cresciam por ali.

— Gosta de seus Pokémon?
— M-muito! – ela respondeu prontamente. - Eles são muito importantes para mim. Me ajudaram a vencer muitas batalhas e sempre me fizeram companhia durante minha jornada e em diversos momentos. São verdadeiros amigos para mim, que me ensinam e me lembram de que nunca estou sozinha.
— Pokémon são criaturas misteriosas e muito especiais mesmo.
— ...o senhor...tem algum Pokémon?
O homem pareceu pensar por um momento e uma possível sombra de sorriso passou em seus lábios.
— Sim. E escolhi que eles pudessem trilhar seus próprios caminhos.

Crystal pensou em perguntar o por quê, mas deixou isso de lado quando o homem se ajoelhou novamente diante dela com o que parecia ser um emplastro feito com as folhagens que ele havia colhido.
— Isto aqui ajudará com seu tornozelo, deixe-me colocá-lo. Não se preocupe, não irá arder e irá curar rápido.
Crystal estava receosa em permitir tal coisa mas quando Bulbasaur cheirou o emplastro, virou-se para ela e soltou um "Bulba!" satisfeito, ela se sentiu um pouco aliviada.
— Tudo bem...

O emplastro foi colocado na área machucada e o homem prendeu com fios de capim. Havia um cheiro agradável de ervas e uma quentura sutil se instaurou sobre a área envolvida. Crystal notou que as mãos dele eram bem cuidadas e o toque foi rápido mas gentil.
— Fique um pouco com a perna esticada, o remédio logo fará efeito.
— Que tipo de plantas você colocou aqui?
— Todas as plantas podem ser curativas...
Ele parou quando o Bulbasaur se aproximou dele com os olhinhos brilhando, surpreso ao observar o homem. E este prontamente deu um sorriso leve e acariciou a cabeça do Pokémon.
— Sim, amiguinho. – ele falou, como se entendesse o Pokémon. - Esse Bulbasaur...te pertence?
— Oh....ah, n-não...ele...ele apareceu aqui quando eu acordei depois da queda ...
— Ele parece ter gostado de você.
Crystal olhou para o Pokémon que a encarou de forma amigável e se aproximou, colocando as patinhas em cima de sua coxa.

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