Capítulo 28

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"Isso aqui é o ginásio de Ecruteak?"


Crystal olhou para a construção á sua frente, desconfiada.
O casarão era antigo, erigido nos moldes arquiteturais em estilo feudal presentes na maior parte da cidade e talvez fosse tão antigo quanto a própria. Porém, ao contrário da maioria das construções históricas e importantes da cidade, aquele lugar não parecia estar muito conservado – na verdade quase parecia abandonado.
A estrutura das pilastras claramente estavam um pouco comprometidas; a pintura descascada com diversas partes contendo manchas pretas, resultado da umidade e ação de fungos, já que boa parte da construção era feita de madeira. As janelas feitas de ripas de madeira estavam eu sua maioria lascadas e algumas até meso estavam pregadas como aquelas em que havia na capela onde a banda de Gary ensaiava. A grande porta da entrada estava fechada e era uma das únicas partes da construção que ainda parecia relativamente boa, se bem que a corrente e o cadeado que estavam envoltos nos puxadores fossem enferrujados. Mas o que parecia estar pior era o telhado: de onde podia ver, havia muitas telhas quebradas ou entortadas e todas estavam enegrecidas pela ação das intempéries do tempo. Da cor laranja que havia nas telhas pouco restava, quase totalmente cobertas pela sujeira preta que nunca havia sido limpa.

Se não fosse pela placa de granito no pequeno jardim (cujo mato alto denunciava que não era cuidado há um certo tempo) dizendo Ginásio Pokémon da Cidade de Ecruteak – tipo Fantasma, Crystal jamais acreditaria que aquele lugar caindo aos pedaços fosse um ginásio legalizado pelo Comitê da Liga Pokémon.
Viu então Morty saindo de uma porta lateral, carregando dois sacos pretos de lixo e um cigarro nos lábios. Ele colocou os sacos em um suporte de ferro e então percebeu que era observado.

— Oe, e aí gente. – falou com o tom calmo de sempre. – Chegaram cedo.
— Cedo? – Alice deu um sorriso. - Já são quatro horas!
— Nossa, já? Caramba... fiquei jogando videogame e nem percebi.
— Zerou o Call of Lavender?
— Tô quase. – ele respondeu á pergunta de Gary. - O Foress e a Janine tão lá na arena. Vamos entrando!

Morty fez um gesto e os três o seguiram pela porta lateral de onde ele saíra. Enquanto Alice e Gary conversavam sobre o tal jogo com Morty, Crystal repassou mentalmente sua estratégia de batalha, já que ela não entendia muito do tal jogo que os demais falavam (exceto que era um jogo de terror muito elogiado).

"Morty é um treinador bem experiente e forte, apesar dessa cara apática dele, ou não seria um líder de ginásio do tipo Fantasma. Na certa, eu não sou uma oponente que aparenta dificuldade e por conta disso, ele pode acabar facilitando a luta pra mim por eu ser amiga de Alice..."

Crystal fechou os punhos. Não sabia o que poderia ser pior: o líder do ginásio considerá-la uma oponente fraca a ponto de nem parecer muito interessado na batalha ou facilitar a vitória dela apenas por causa de uma amiga em comum, pra ser o "cara legal".
Muitos achariam essa segunda opção vantajosa, afinal seria ganhar uma insígnia sem esforço. Mas Crystal não. Queria conquistar suas insígnias através do seu próprio esforço e do esforço de seus pokémon.

Mas seria capaz de vencê-lo? Por mais que já tivesse conquistado dez insígnias em sua vida até o momento e competido na Liga de Hoenn, era a primeira vez que não apenas enfrentava um treinador especializado em pokémon Fantasma, como também um líder de ginásio desse tipo. Se não o vencesse, ia mostrar que era uma treinadora simplória e fraca diante dos amigos de Alice.

— Não liga não, beleza?
Crystal saiu de seus pensamentos e parou de andar quando ouviu o comentário de Morty e o olhar dele sobre si.
— ...o ...quê?
— Isso aqui. – Morty gesticulou circulando um dedo, para indicar ao redor. – O ginásio tá zoado, mas garanto que não desaba...ainda.

A Lenda de CristalWhere stories live. Discover now