Capítulo 27

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Crystal inspirou profundamente, sentindo o aroma perfumado que pairava em todo o ambiente. Eram aromas diversos, alguns mais fortes, outros mais leves mais cítricos ou mais adocicados. Toda a natureza ali era muito bonita e colorida. E, na tarde ensolarada, caminhar ou mesmo apenas ficar sentado apreciando o ambiente, era uma excelente opção de passeio. Havia tantas espécies de plantas e flores nos canteiros, em suportes nas árvores e em bases e vasos de pedra que chegavam a atordoar um pouco a vista. Era uma profusão de cores, formatos e aromas diferentes que faziam Crystal sorrir.

O Parque Botânico de Ecruteak era na verdade um grande jardim que outrora fizera parte de um antigo palácio de uma nobre e antiga família. Poucas informações havia sobre a quem inicialmente pertencera a propriedade (muito provavelmente tais registros haviam se perdido para sempre no incêndio histórico ocorrido na Burning Tower), pois ela tivera muitos proprietários ao longo dos séculos até se tornar um patrimônio histórico e propriedade da prefeitura, que não apenas tornou o local de acesso público como também o reformou para transformar a residência em um museu e o grande jardim em um parque botânico. Assim, o local passou a ser um ponto turístico calmo e belo, onde funcionários e jardineiros procuravam deixar cada canto bem cuidado e as plantas exalavam vida, desabrochando e se desenvolvendo. O local ali era calmo e diversidade e profusão de cores fazia quase parecer estar em um jardim mágico dos livros infantis que costumava ler. De onde Crystal estava, podia contemplar um belo cenário florido e verdejante, uma pequena lagoa na qual havia plantas aquáticas e, mais a frente, uma pequena ponte vermelha em estilo japonês.

Sentada em um graciosos banco de madeira embaixo de uma grande e frondosa árvore de folhas verde-escuras repletas de pequenas flores amarelas, Crystal observava no canteiro florido á sua frente, rodeado por uma pequena cerca viva repleta de pequenas flores rosa choque. No meio do jardim, três de seus pokémon aproveitavam o passeio. Brellon cochilava deitado na grama aproveitando o sol, Beautifly praticamente voava de flor em flor aspirando o aroma e sorvendo o néctar de algumas, como se estivesse em uma espécie de feira de degustação e Bulbasaur explorava o canteiro com a curiosidade de um filhote mesmo já sendo um pokémon quase adulto.

Crystal o observou, pensando que mais cedo ou mais tarde deveria começar a tentar treiná-lo para batalhas. O Bulbasaur tinha se mostrado, logo de início, um pokémon muito amigável e carinhoso e não deveria ser difícil fazê-lo aceitar ser treinado. Porém, vendo o pokémon ali parecendo tão pacífico e feliz, Crystal pensou se, talvez, fosse certo colocá-lo para combate.
Era fato que, tradicionalmente, um treinador ter um pokémon significava colocá-lo para batalhas contra outro pokémon. Mas havia muitas pessoas que tinham pokémon apenas como mascotes, para companhia mesmo.

"Eu sou uma treinadora que segue jornada, entra em batalhas e compete em Ligas. Todos os meus pokémon são usados em lutas: alguns mais outros menos. Mas se eu tivesse um pokémon e decidisse criá-lo em um modo sem batalhas, como os outros que utilizo em batalhas reagiriam? Eu gosto de todos os meus pokémon igualmente, não quero que eles pensem que eu tenho preferência por algum!"


Interrompeu seus pensamentos quando avistou Alice se aproximando acompanhada por Gary Carvalho.
Crystal suspeitava que havia algo "rolando" entre aqueles dois no primeiro momento em que viu a forma como eles interagiam entre si. E a suspeita se confirmou quando ontem, ao olhar para uma das janelas da recepção do hotel para saber o por quê de Alice estar demorando para entrar, e a viu aos beijos com Gary no jardim lateral do hotel.

Depois, quando Alice se despediu do rapaz e as duas amigas subiram juntas para o quarto, Crystal não falou nada, embora tivesse curiosidade em saber como a amizade deles havia se tornado mais íntima. Mas como Alice não comentara nada, Crystal decidiu não perguntar para não correr o risco de parecer interesseira.
Queria muito que sua amizade com Alice se tornasse o nível de "best friends forever" que via diversas meninas tendo, no qual compartilhavam segredos e confissões, mas sabia que isso era algo que se levava tempo em uma amizade e mesmo assim poderia nunca acontecer. Sua vida meio escassa de amizades era um exemplo disso.

A Lenda de CristalWhere stories live. Discover now