Capítulo 23

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Ela encontrou a treinadora sentada em uma das mesas no jardim da biblioteca, entretida na leitura de um livro e fazendo anotações em um pequeno caderno (que, sabia, tinha a imagem de Pichus desenhados na capa).
Sorriu, se aproximando sorrateiramente e, quando chegou ás costas da amiga, lhe beliscou, de leve, em ambos lados da cintura.

— HAAAH! – Crystal gritou, dando um pulinho da cadeira. – Mas o quê...Alice! Você me assustou!
— Desculpa! – a outra riu. – É que você estava tão concentrada que eu não resisti!
Crystal se remexeu na cadeira. Não gostava de ser pega tão descuidada daquele jeito. Como treinadora Pokémon, precisava estar atenta constantemente para não ser pega desprevenida.
Alice sentou-se na cadeira vaga, cruzando as pernas e, pela calça justa que ela usava, Crystal percebeu que a amiga tinha grandes coxas, diferente dela.

— O que você está lendo?
— B-bom, achei um livro sobre Pokémon Fantasmas, explicando sobre as técnicas, vantagens e desvantagens dos golpes que cada um desses Pokémon pode ter. Como vou enfrentar pokémon desse tipo no ginásio, tenho de me preparar, criar uma estratégia com base nos meus Pokémon e o nível deles para montar um time de combate!
— Faz bem. Principalmente de estar usando um livro para pesquisar sobre e não a internet. – Alice deu uma folheada no livro. - Aprendi que, embora a internet seja mais rápido e prático, possui tanta informação e achismo que é bem difícil separar o que é informação correta e o que é errada.
Crystal confirmou, lembrando-se do que o rapaz que conhecera havia lhe dito algo semelhante.
— Mas existe muitos Pokémon do tipo Fantasma. – Alice continuou. - Estudar sobre todos eles vai te tomar um baita tempo!
— Eu não vou estudar todos eles! Não agora, pelo menos. – Crystal se endireitou na cadeira. - Pela lei do Comitê da Liga Pokémon, os líderes de ginásio só podem utilizar, em batalhas oficiais com treinadores por insígnias, Pokémon do tipo ao qual o ginásio pertence E— ela frisou bem a letra. – Pokémon que sejam naturais da região em que o ginásio está sediado. E nisso eu tenho uma pequena vantagem, pois em Kanto e Johto, os Pokémon do tipo Fantasma são apenas quatro: Gastly, Haunter, Gengar e Misdreavus. A Mismagius, por ser evolução da Misdreavus, eu acho que entra, mas não tenho certeza.

Alice achou bonitinha a forma como Crystal explicava as coisas e especulava sobre suas dúvidas e possíveis estratégias que deveria ter de elaborar para a batalha que enfrentaria. Ela era focada e esperta, mas sua insegurança a deixava um pouco metódica e preocupada demais.
Ela notou, então, algo sobre a mesa ao lado do caderninho de anotações da treinadora.

— E o que é essa bolinha aí? Amuleto da sorte?
— N-não! Isso...isso não é nada!
Crystal percebeu que não conseguiria mentir e na verdade, nem ela própria entendia por qual motivo havia pensado em querer omitir sobre aquilo.
— Eu...ganhei de um cara.
— Um cara? – Alice comentou interessada, mexendo a esfera nas mãos. – Conte-me mais.

Crystal então contou, de forma resumida (porque não era muito boa em se lembrar de tudo nos mínimos detalhes), quando havia chego ao jardim para ler e encontrou o rapaz lendo um livro ao mesmo tempo em que movia a esfera em uma das mãos de uma forma que só conseguias definir como mágica. Também contou sobre a conversa que haviam tido tanto sobre o truque com a esfera quanto sobre as dicas que ele lhe dera sobre onde procurar informações que poderiam lhe ser úteis para criar uma estratégia de batalha.
— E depois. – finalizou Crystal. – Ele disse que eu poderia ficar com a bolinha para praticar a tal técnica, que pode ajudar na concentração!
— Entendi. – Alice olhou a esfera. – Acho que nunca vi esse truque, pelo menos que eu me lembre.
— É bem legal! A bolinha parece ter vida própria, é hipnotizante! Ele a movia com tanta facilidade e leveza, que parecia mágica mesmo! Era muito bonito de se ver.
— O truque ou o cara?
Crystal pensou um pouco antes de responder.
— Os dois.
— Ora, ora... – Alice sorriu, faceira. – Parece que nosso amigo Kenta acabou de ganhar um rival.
— D-do que você tá falando?! – Crystal corou. – Isso não tem nexo! Eu não tenho nada com o Kenta e nem ao menos sei o nome do cara!
— Você não perguntou?
— Eu...nem me lembrei na hora. Quando pensei, ele já tinha ido embora.
— Ele era um Persian?
— Persian? Estava mais para um Ninetales de Alola, no mínimo!
Ambas riram e a treinadora continuou.
— Ele era muito bonito, mas de um jeito meio exótico. Aquele tipo de cara de histórias de romance de fantasia, tipo inatingível.
— Sei. Esses são bem raros. Acho legal, mas eu prefiro os caras de história tipo empresário de terno. Mas você deveria ter perguntado o nome dele.
— É eu sei. Bobeei. – Crystal suspirou. – E você?
— Eu o quê?
— Você está bem?
— Sim. Eu chorei um pouco, mas agora estou bem! Obrigada por perguntar e ...por estar aqui comigo.
— Amiga é pra essas coisas!
Trocaram um sorriso compreensivo.

A Lenda de CristalWhere stories live. Discover now