Capítulo 21

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— Nossa, ultimamente as enfermeiras Joy estão sendo um porre!
Alice entrou no banheiro do Centro Pokémon, irritada, seguida por Crystal.
— Acho que nós não percebemos que nossas risadas e conversas estavam um pouco altas demais.
— Pode ser, mas ela não precisava ter sido tão grosseira! Você viu que ela ficou um tempo na porta cheirando nosso quarto? Na certa achou que estávamos fumando cigarro de Execonha!

Um sorriso tremeu nos lábios de Crystal ao se lembrar da forma como a enfermeira Joy realmente cheirara o quarto, com expressão desconfiada. Era de conhecimento geral de que muitos treinadores Pokémon tinham o hábito de consumirem cigarrinhos feitos com folhas e Stun Spore, provenientes de Pokémon Exxeguttors. Embora fosse considerada uma droga, seu efeito era leve e raramente causava dependência, com efeitos que se limitavam a um relaxamento da mente, letargia e suave embriaguez. Crystal nunca tivera interesse em experimentar, mas já havia lido sobre e se deparado com ocasionais "rodinhas" de treinadores em campos de treinamento.

O banheiro estava vazio e lembrava muito os banheiros de escola e ambas colocaram suas necessáries sobre a pia, para começarem a escovar os dentes.
— E aí. – começou Alice com a escova na boca. – Já sabe para onde vamos agora?
— Na verdade não. Depois de tudo que aconteceu hoje, nem parei para pensar! – Crystal começou a passar o fio dental entre os dentes. - Eu sei que preciso ir em direção á minha próxima insígnia, mas preciso treinar meus Pokémon também. Quanto mais experiência eles tiverem, mais chances eu tenho para poder enfrentar os líderes de ginásio sem tanta dificuldade. Eu percebo que preciso melhorar. E o ideal é treinar com meus Pokémon nos caminhos e rotas entre as cidades que possuem ginásios. Muitos treinadores mais experientes optam por treinarem assim do que nos campos de treinamento. Oponentes mais difíceis acabam sendo mais desafiadores e ao vencer, meus Pokémon ficam mais experientes. Fora que eu preciso continuar enfrentando batalhas para ter chances de ganhar um dinheiro senão não consigo viajar só com a mesada dos meus tios e a ajuda de custo do Bolsa-Treinador!

Alice observou a amiga continuar, enquanto passava um creme hidratante no rosto.
— O Kenta vai para Goldenrod e até sugeriu que a gente fosse junto com ele.
— É, eu lembro que ele comentou sobre isso. De ir lá e aproveitar para ver se descola algum trabalho temporário.
— Sim. – Crystal confirmou. – Ele tá a fim de comprar uma bicicleta para seguir jornada pelas Rotas. Como eu, ele sabe que a melhor forma para se conseguir experiência entre uma cidade de ginásio para outra, é batalhar com outros treinadores nas rotas e não só nos campos de treinamento. Tem tanta coisa em Goldenrod que eu acho que acabaria deixando meus treinos com os Pokémon de lado e não posso sequer pensar nisso! Fora que no grupo de treinadores que sigo no Pokébook, eles comentam que o ginásio de lá é bem difícil e que a líder é...
— Uma Milktank!
— É! Dizem que esse é o Pokémon mais forte dela e é bem difícil de derrotar mesmo que a princípio não pareça.

Alice pensou em explicar que não era por isso que ela falara o nome do Pokémon, que também servia como uma denominação pejorativa, mas desistiu. Uma hora, quando Crystal tivesse que enfrentar Whitney, a líder do ginásio de Goldenrod, Alice contaria sobre. Claro, depois de fazer seu Charizard transformar o Pokémon bovino da líder de ginásio em um hambúrguer bem passado e fazê-la engolir.

— Mas eu não sei... – continuou Crystal guardando suas coisas após escovar os dentes. - Eu gostei de conhecer um pouquinho a cidade e queria muito passar no Goldenrod Dept. Store de novo, mas eu sinto que não devo ir lá ainda. Você já sentiu isso?
— ...isso o quê?
— Esse tipo de sensação estranha, não algo ruim, mas que toda vez que eu penso parece me dizer para ir pra outro caminho. Como uma intuição.
— Ah, sim. Muita gente costuma ter isso. – Alice guardou os cremes em sua necessárie. – Mas você não quer ir para Goldenrod por conta disso ou também tem a ver com ir em parte da viagem com o Kenta?
— Como assim?
Alice tratou de explicar da forma mais didática que conseguiu.
— Crystal, o Kenta esta esperando que você tope seguir jornada com ele. Talvez não por muito tempo, até porque ele tá indo lá principalmente pra descolar um bico de trabalho e isso obviamente vai atrasá-lo um pouco na jornada Pokémon, mas pelo menos até chegar na cidade. Ele gosta de você.
— Eu também gosto do Kenta! Somos amigos desde crianças, estudamos juntos e tal.
— Eu sei e não é desse tipo de gostar que estou falando! – Alice cruzou os braços, se encostando na pia. – Ele gosta de você mais do que uma amiga. A forma como ele te olha, como fica encabulado e gagueja quando você o encara, é óbvia. Ele tá muito á fim de você!

A Lenda de CristalOnde histórias criam vida. Descubra agora