Voltar ao normal

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Acordei me sentindo um caco e agradeci aos céus por ser sábado. As lembranças de ontem inundaram minha mente. Foi um bom passeio, tomamos milk shake e realmente compramos brinquedos para gatos. O rapaz não me deixava ficar triste, sempre contando piadinhas e agindo como bobo. 

Théo era um fofo, me deixou em casa quando nosso passeio acabou e reforçou que havia adorado nosso momento juntos. Não havíamos nos beijado, pois por mais que tenha sido legal, eu não estava nesse clima. Eu não sei se o rapaz reparou, porém de toda forma, ele parecia contente.

Fazia tanto tempo que eu não experimentava sair com alguém novo que eu me sentia estranha, mas acredito que ele também gostou da minha presença. Théo era um bom rapaz, e com toda a  certeza eu adoraria ser amiga dele. 

Mas mesmo assim a conversa com Elise martelava em minha mente, me fazendo sentir culpa por estar fazendo um novo amigo nesse momento. Eu não havia substituído Nicolas, então por que todo esse incômodo? 

Ainda havia esperança dentro do meu peito, não aceitei o fato de que meu melhor amigo pode realmente morrer então não havia nada preparado dentro de mim. Por isso, eu forçava a minha mente a esquecer essa ideia tosca de substituição e seguir em frente. Claro, eu possuía planos e objetivos, mas o rapaz de olhos azuis estava sempre ao meu lado. 

Então quando cheguei em casa, foi inevitável sair correndo e voltar a chorar agarrada em meu travesseiro. Eu seguia sem receber nenhum sinal do meu amigo, e isso era uma merda. Ele estava com raiva, eu também, e parecia que nenhum dos dois daria o braço a torcer. 

Arrastei-me até o banheiro e tomei um longo banho. Aquela sensação estranha ainda preenchia meu corpo independente de quantas vezes eu esfregasse minha pele. Resolvi não comer na cozinha, a última coisa que eu queria era encontrar minha mãe novamente, então empilhei comida em uma bandeja e carreguei para o quarto.

Sentei-me na minha escrivaninha e comecei a comer enquanto assistia pelo celular, a casa estava silenciosa e eu não estava com vontade de ouvir meus pensamentos naquele momento. Acabei focando tanto no que estava fazendo que não percebi a porta sendo aberta. Assustei-me quando Nicolas limpou a garganta e falou:

- Precisamos conversar.

- Oi Nicolas - afastei minha xícara dos lábios e a depositei na bandeja - Precisamos?

Ok, eu sabia que não estava sendo a pessoa mais madura nesse momento, mas eu havia passado horas chorando e... não queria parecer tão frágil assim. Apesar de também saber que o jovem me conhecia como a palma de sua mão. 

- Óbvio que sim - ele fechou a porta atrás de si - Naquele dia você só fugiu de mim como se eu estivesse te machucando.

- Você foi grosso comigo - ergui o queixo - Talvez tenha me machucado mesmo, parou para pensar nisso?

- Alícia -  se aproximou de mim - Você acha que eu esperava seu surto? Você estava irreconhecível, até agora eu não consigo entender ao certo o que realmente aconteceu. 

- Eu sei - confessei - Mas não faço a mínima ideia do que aconteceu comigo.

- Não quero ficar brigado com você -  tocou meu queixo - Eu te amo e você é a única pessoa que eu converso, ficar sozinho é pior do que eu imaginava. Sinto sua falta, mesmo que tenham se passados poucos dias. Gosto da sua risada e de como adora me perturbar, não quero passar mais um dia sem isso. 

Abri a boca para falar algo, mas as palavras sumiram no momento em que percebi o quanto estávamos próximos. Engoli seco e isso fez atrair sua atenção para os meus lábios. O silêncio reinou ali, e mesmo sem querer, também foquei minha atenção em sua boca entreaberta. Era... diferente sentir tudo aqui nessa intensidade. Um arrepio percorreu meu corpo quando sua língua umedeceu o lábio inferior e senti minha boca secar. 

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