|CAPÍTULO 04|

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Por favor, não se apaixone
por outra pessoa,

por favor, não tenha ninguém esperando por você...

Taylor S.

PASSADO | LUCAS GRAHAM

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PASSADO | LUCAS GRAHAM

Os sons à minha volta são como centenas de sussurros carregados por quilômetros de distância: confusos e completamente indistinguíveis. Irritado, bato o lápis contra a carteira em um ritmo constante, encarando a folha em branco do meu caderno, a mesma que deveria estar sendo preenchida com uma atividade inútil que a professora passou quinze minutos atrás. Até que tentei me manter participativo no início, mas ao ouvir a mulher de meia idade e penteado cafona explicar sobre como deveríamos vomitar um monte de baboseira em um texto livre, percebi que o esforço não valia a pena. E minha mente rapidamente voou para longe, com tanta facilidade que quase me senti de volta à mansão.

Desde a primeira vez que ouvi falar dele, senti um aperto no estômago, como se fosse um sinal de que algo muito ruim estava por vir. No entanto, mamãe sempre parecia tão animada ao falar sobre como se conheceram em uma cafeteria no centro da cidade e como ele se ofereceu para pagar o seu pedido. Meu pai havia deixado um vazio em seu coração que eu achava que nunca seria preenchido novamente, mas o surgimento súbito desse novo homem em sua vida o fez. Quando eles trocaram números de telefone, o que antes havia sido apenas um encontro casual com um estranho na rua se transformou em uma luz de esperança nos olhos opacos da minha mãe, pelo menos foi a impressão que tive por um tempo.

Eu nunca consegui entender por que ela escolheu alguém como ele, para começar. Sabia apenas que não se tratava de uma substituição óbvia, visto que meu pai e seu novo marido são completamente opostos. Em todos os sentidos. Dominic Torrance é excessivamente confiante, beirando a arrogância, enquanto meu pai costumava desprezar tais atitudes. O primeiro adora se vestir como um pinguim sempre que possível, enquanto o outro estava sempre prestes a rasgar o terno quando voltava para casa após o trabalho. Torrance também é rude com os atendentes sempre que saíamos para comer. Meu pai, por outro lado, me ensinou a não confiar em alguém que fosse bom comigo, mas rude com o garçom. Ele sempre repetia: "Luc, nunca se esqueça, todas as pessoas no mundo importam, mesmo que estejam do outro lado do mundo. Se você pode ser gentil, então simplesmente seja." Um garoto de oito anos zombou disso, é claro. Naquele época, as únicas pessoas que importavam para mim estavam ao meu lado, então por que deveria me preocupar com um estranho do outro lado do oceano? Não fazia sentido. No entanto, depois de alguns incidentes com Dominic, isso começou a me incomodar profundamente e meu alerta interno continuou a se intensificar. Minha mãe permaneceu nas nuvens, no entanto, e não consegui expressar minha opinião sincera quando ela me contou sobre o casamento. "Você não pode destruir isso para ela também," eu disse a mim mesmo e implorei para que fosse a decisão certa.

Mas a questão é que, nesta manhã, a nova Sra. Torrance se sentou à mesa do café da manhã alguns minutos mais tarde do que o habitual, com uma aparência cansada e distante, relembrando vagamente a versão dela que durou vários meses após a morte de James. Quando seus olhos se encontraram com os meus e ela tentou esboçar mais um dos seus sorrisos gentis, eles estavam terrivelmente inchados e vermelhos. E tudo isso era por minha culpa. Dominic havia gritado com ela na noite anterior depois que acidentalmente derramei suco sobre o jantar. Ele a acusou de ser uma mãe negligente, incapaz de cuidar das maneiras do próprio filho. Claro que o idiota estava delirando; minha mãe foi criada pelos melhores para ser perfeita diante de pessoas como ele. Ser culta e elegante estava tão enraizado em sua essência que ela começou a me ensinar a usar garfo e faca aos quatro anos. O problema com o suco foi que a jarra estava escorregadia (e a carranca inexplicável de Dominic durante a refeição estava me deixando nervoso), mas nada disso importava. Dominic estava ansioso para descontar em alguém inocente, e minha mãe era o alvo perfeito, dada sua personalidade submissa. Assim, fui forçado a assistir enquanto algo se rompia por trás dos olhos âmbar da mulher que eu mais amava no mundo. Tentei convencer a mim mesmo de que ele a amava enquanto subia para o meu quarto alguns minutos mais tarde na noite passada. O idiota com certeza se desculparia e a faria sorrir como antes. No entanto, as lágrimas silenciosas que escorriam pelas bochechas de minha mãe enquanto ela mastigava sua torrada com geleia esta manhã pareciam indicar que ele nem mesmo estava arrependido. Talvez, afinal, ter ido contra esse casamento desde o início fosse a coisa certa a fazer.

When We FallWhere stories live. Discover now