|CAPÍTULO 07|

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Ela vê que estou lutando;
que eu não merecia isso.

Ela vê que não sou quem
costumava ser.
E ela me perdoa.
Mesmo que eu nunca consiga
dizer que sinto muito.

Breath Mints/Battler scars

Breath Mints/Battler scars

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Passado | Lucas Graham

Não há estrelas essa noite.

A lua está solitária no céu ― iluminando algumas ruas e ignorando quase completamente outras. Qualquer sinal de um farol, me assusta. Desconhecidos aleatórios sugerindo que eu volte para casa, me apavora. Mas não paro de correr. Nunca paro de correr. Eu sinto muito... sinto muito. De repente, a calçada e os postes de luz se tornam embaçados com a lembrança indesejada. Foi tudo culpa minha. Por favor. Aperto os olhos com o som fantasma do seu corpo se chocando contra a parede com violência. Alguém freia com violência, buzina e lança uma lista de palavrões em minha direção enquanto atravesso a rua sem prestar atenção no sinal verde; a memória se pulveriza da minha mente por um tempo. Corro mais rápido. Sinto os cortes se abrindo sob meus pés, lágrimas grossas rolando por minhas bochechas. Meus pulmões reclamam de dor. E ainda assim não deixo minhas pernas desistirem. Estou quase lá. Apenas duas ruas. Tenho certeza que é apenas isso. Tomei cuidado para refazer o mesmo caminho que mamãe fazia de carro. A árvore meio morta que parece um cascalho velho acabou de passar diante da minha visão periférica. Isso significa que, se eu conseguir manter o ritmo, estarei lá em menos de cinco minutos. Você não pode dizer a ninguém, Luc. Não pode contar sobre as coisas que acontecem em casa, isso não vai ajudar a mamãe. Nada pode ajudar a mamãe. Eu sei. Eu sei que ele vem ameaçando nos matar desde que esse inferno começou, mas eu não podia continuar lá.

A impotência... ela estava me matando.

Hoje está sendo mil vezes pior do que as outras vezes.

Dominic estava fedendo a uísque antes mesmo do jantar, e ele acabou se irritando quando mamãe se sentou à mesa com um vestido sem mangas que mostrava seus machucados ― aqueles que ele mesmo causou no começo da semana. Ele a bateu tanto. Comigo sentado bem ali, completamente em choque. Nunca... nunca tinha sido assim. As agressões ocorriam sempre em um cômodo fechado e não bem no meio da sala de jantar. Mamãe disse que estava tudo bem. Não dói mais tanto quanto antes, foram suas palavras exatas quando tudo finalmente acabou e o monstro se trancou no escritório com outra garrafa de uísque. Tentei dormir com as memórias ainda queimando por trás dos meus olhos, mas foi em vão. E, pouco antes da meia noite, os gritos começaram outra vez no quarto principal. Tão altos. Desesperados. O filho da mãe parecia finalmente estar matando ela. Então, ignorando todos os pedidos de Lyra para que eu me mantivesse trancado no quarto até o amanhecer, corri para o final do corredor e comecei a bater contra a porta, implorando para que ele a deixasse em paz.

When We FallOnde as histórias ganham vida. Descobre agora