Ela estava sozinha quando ele veio e tornou seus dias menos solitários.
Ele achou que estava morto por dentro quando ela surgiu e esquentou seu coração.
Ela lhe deu um motivo para continuar.
Ele lhe deu um motivo para sorrir.
E então, eles caíram.
...
"Nós meio que colidimos um com o outro - manchamos um ao outro com todos os nossos problemas e meio que sangramos por todo o lugar."
BM/BS
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PRESENTE | ANNA LIS
AS SUPOSIÇÕES SOBRE a minha volta alcançaram limites extremos aula após aula e onde quer que eu olhasse tinha alguém apontando ou rindo.
Sei que a ideia inicial era mandar qualquer idiota ir se foder, mas precisei me refugiar na biblioteca para evitar uma crise de ansiedade no meio do refeitório quando notei que não estava pronta para enfrentar todo o Scientia durante o almoço. Um erro terrível, na verdade. Porque, enquanto ando pela seção de ficção fantástica, folheando alguns livros aleatoriamente, meus olhos inconscientemente focam em um pedaço específico da estante. O box de Harry Potter permanece entre Senhor Dos Anéis e Animais Fantásticos. Como um clique, percebo que o real motivo por trás da minha vinda até aqui não são as fofocas ou os olhares atravessados; por mais desconfortável que isso seja.
Idiota, mas eu apenas queria e precisava ver se ele estaria aqui, sentado contra uma das estantes lendo pela milésima vez seu livro favorito da nossa saga favorita. Assim, poderíamos fingir que a noite da festa nunca aconteceu e eu me sentaria à sua frente, pernas estiradas na frente do corpo e coração acelerado dentro do peito. Meus sentimentos passariam a ondular entre sentir inveja da sua inigualável concentração e admirar a forma como a luz do sol atravessava a janela e batia contra os fios castanhos do seu cabelo, transformando algumas mechas em ouro. Então, minutos mais tarde, ele finalmente ergueria ― das folhas amareladas ― seu intenso par de olhos verdes e me encararia com a profundidade que somente ele conseguia fazer. Com um suspiro irritante e a voz arrastada, ele diria: Sua respiração continua irritantemente alta, Anna Lis. Um sorriso infantil puxaria os cantos de sua boca e covinhas generosas enfeitariam suas bochechas pálidas.
Mas ele não está aqui.
E já faz um tempo.
Sendo mais específica, Lucas Graham me abandonou desde o dia em que rejeitei seus sentimentos. Foi ali que tudo o que conhecíamos acabou e fui uma tola por achar que no dia em que o mesmo pulou a janela do meu quarto, me pedindo por uma segunda chance, ele estava tentando retomar algo e não destruir tudo de uma vez por todas.
Deixo a biblioteca doze minutos antes do intervalo acabar.
Passo metade do tempo limpando o rímel das minhas bochechas em um banheiro no segundo andar e o resto sentada no fundo da sala enquanto espero o professor de história chegar. Me certifiquei de conseguir a última cadeira ao lado da janela ― próxima o bastante da porta ― e liguei os fones de ouvido no máximo antes que os burburinhos voltassem. Funcionou bem no início, contudo, algumas pessoas apenas se esforçam demais para serem cruéis. Como agora, por exemplo: há duas cadeiras de distância, um grupo de meninas discute sobre o motivo pelo qual a disputada estrela dos Blacks havia atacado Zac Vega na festa. Uma das meninas citou o poder. Afinal, todos sabiam como ambos estavam ansiosos para tomar o lugar que Dean Stone havia deixado. Mas... eu estava presente quando o caos aconteceu e Zac mereceu.
