Capítulo 30 - Parte II

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Pés, não me falhem agora
Me levem até a linha de chegada
Oh, meu coração, ele se parte a cada passo que dou
Mas espero que nos portões, eles digam-me que você é meu. Born to die- Lana Del Rey

Se eu soubesse que seria tão horrível teria dado um jeito de ir correndo como loba.

Fiquei nauseada por uma semana antes de me acostumar com o balanço do mar, e depois disso enfrentamos uma tempestade que nos obrigou a parar em uma ilhota e esperar o tempo melhorar. Isso fez a viagem de oito dias virarem dez. Ou seja, eu estava com um cio iminente e longe dos meus machos.

Assim que cheguei ao novo continente, meus acompanhantes sugeriram q me transformasse para correr até meu covil. E eles levariam minha bagagem até mim assim que conseguissem. E cansada de doze dias no mar, eu fui.

Tirei o vestido no meio das arvores, e depois de me transformar voltei com ele na boca e entreguei a um carregador, que dobrou e encaixou dentro de um baú. Só então me virei e corri como se minha vida dependesse disso e a bem da verdade, acho que dependia mesmo.

Corri tentando fazer contato mental com meus companheiros, só recebi o pin de Caius: Chuva. Repeti o mesmo para ele e continuei correndo e tentando contato com qualquer um dos outros. Atingi um ponto da floresta onde senti o cheiro de cinzas. Jabari. Meu coração tremeu em meu peito: estou chegando, bonito.

Segui a trilha suave até que encontrasse um ponto da fronteira que o cheiro fosse mais forte. Ao entrar no território chamei os novamente em meu pensamento e pude ouvir três uivos distintos bem próximos.

Uivei de volta e segui atras do chamado de meus amores. Vai dar tempo até para uma refeição... já podia visualizar o abraço apertado que daria em cada um, e assim que entrei na clareira vi três homens, mas não eram os meus homens.

- Olha só o que temos aqui. Uma lobinha entrando no cio, que sorte a nossa.

Fui andando de costas para me afastar deles, minha vontade de me esconder muito forte. Um deles avançou em minha direção e ao invés de correr, minha loba rosnou.

- Ah boneca, você é uma fera! - todos riram da piada e isso irritou mais ainda minha loba, que latia e rosnava.

Enquanto isso em desespero eu os chamava em minha mente, aos berros.

"Por favor me ajudem"

" Ayla? Você chegou bonita?"- Ouvi a voz de Jabari em meus pensamentos e senti alívio me tomar.

" Estou numa clareira, barbatões me cercaram" – Tentei ser concisa na mensagem para que me atendessem logo.

" Estamos indo raio de sol"- Meu Kareem...

Minha loba uivou para que nos encontrassem logo, e eu agora só tinha que me manter segura até chegarem.

Não muito tempo depois ouvi seus passos pesados nas arvores.

Vieram ambos, Kareem e Jabari já de bermuda, em duas pernas.

- Bom dia colegas, vão se juntar a festa? – Falou o mais barbudo do bando.

- Não tem festa, o ômega já tem um clã, ela estava indo para nosso covil quando a pararam. – Jabari tinha uma expressão fechada e feroz.

- Ah mas vocês deveriam cuidar melhor dessa lobinha, o cheiro dela...- continuou o barbudo sem demonstrar medo.

- Estão no nosso território, se afastem. –  Kareem foi taxativo. Estavam tão lindos meus meninos, pena não poder aproveitar do jeito certo.

- Veja amigo, estamos procurando o ômega há muitos anos, nos deixe entrar no seu bando. Não daremos trabalho. Pelo visto esse é o primeiro cio dela, vocês dois apenas não vão dar conta. Em cinco é melhor... – Falou conciliatório o que estava mais atrás.

Ouvi em minha mente a voz de Kareem: " Corra"

" O quê?"

" Corra, Danso está guardando o covil, ele te espera vai!"

Então disfarçadamente eu fui, e quando achei seguro, me virei e corri pelos próximos 10 km seguindo seus aromas deliciosos. A adrenalina pulsando em minhas veias, as batidas do meu coração soando em meus ouvidos, tentei contato com Jabari e Kareem, mas não responderam, e eu fiquei muito preocupada. Com medo de estarem machucados, ou de estar sendo seguida por um desgarrado também. Quando pensei que não chegaria mais, vi fumaça entre as árvores, e forcei mais a corrida para chegar logo. Queria que Danso fosse logo até meus meninos para os ajudar, dois contra três não era uma desvantagem grande, mas meus meninos eram inofensivos, nunca brigaram. Tinham zero experiencia ou malícia para briga.

Avistei a entrada da toca que era escavada em uma montanha rochosa, Danso no meio da clareira uivava para me guiar. Cansada, despenquei em seus pés e apaguei.

Sociedade da LuaWhere stories live. Discover now