Capítulo 55

13 0 0
                                    

Leve-me à igreja
Louvarei como um cão
No santuário de suas mentiras
Vou lhe contar meus pecados
Para você afiar sua faca
Ofereça-me aquela morte imortal
Bom Deus, deixe eu te entregar a minha vida- Take me to church, Hozier

Caius

Não me orgulho de esconder as coisas de Ayla, mas não podia a preocupar com algo tão grave quanto o que está realmente acontecendo. Ela falou diversas vezes sobre ir se retratar de alguma forma com a ômega de seu ex-superior, e eu e os outros fizemos de tudo para demovê-la dessa ideia, porque veja bem: não havia o que ser feito. Qualquer ação seria o mesmo que nenhuma ação, era uma situação impossível e mais que desagradável.

Então quando saí de casa, faltando poucos dias para o início de seu segundo cio, não foi porque estava ansioso para reforçar limites ou fronteiras, era porque eu e Kareem tínhamos sido requisitados na embaixada Delta.

Assim que saí da casa conselheira e fui até meu clã materno meu pai me alertou sobre possíveis desdobramentos e consequências das ações da resistência. Em minha inocência acreditei que entenderiam que eu e minha família nada mais éramos do que um joguete de outras pessoas, mas como eu já deveria saber a corda sempre arrebenta do lado mais fraco.

Estive acompanhando todas as notícias, e tentei ao máximo manter Ayla no escuro sobre qualquer coisa, estava disposto a me sacrificar por todos, mas infelizmente eu não podia ser tocado por ser da mais alta casta do nosso sistema.

No decorrer do tempo que se passou, todo esse ano que estive com meu clã, vi de longe pessoas serem levadas à justiça por armarem uma revolta, por serem responsáveis pelas mortes de civis, entre outros crimes. Até mesmo Dandara tinha sido chamada a prestar contas, mas como era uma líder de casta, sua punição foi ser destituída do cargo apenas.

Para nosso azar, Zoya sabia do envolvimento de Ayla em fazer o Ex segundo secretário da união ir até a província na suposta missão diplomática, que se revelou um desastre de proporções épicas. E durante todo esse ano ela vinha trabalhando arduamente para encontrar justiça pelo sacrifício de Alev, seu primeiro elo completo. Já fazia pouco mais de um ano que Zoya estava em uma caça as bruxas, e exigia que todos os envolvidos fossem responsabilizados e agora os únicos que ainda não tinham prestado contas era os membros da minha matilha.

- Eu exijo reparação Senhor Líder supremo. Eu estive à beira da morte nos últimos dez meses, meus consortes tiveram e ainda estão tendo muita dificuldade em suprir a falta que sinto do meu Alev. É uma lei primordial que foi quebrada e eu fui a única a ter verdadeiros prejuízos.

- Entendemos e sentimos por sua perda, mas o que está nos pedindo como reparação é impossível!

Eu me compadecia mesmo dela, a mulher forte, saudável e robusta que conheci através das memórias de Ayla já não existia. Em minha frente se encontrava apenas a casca de uma mulher. Zoya tinha vincos fundos no lugar das bochechas, olhos fundos e com grandes olheiras. Seus cabelos eram ralos e cheio de falhas, sua pele tinha um aspecto pálido e doente e todos os seus ossos estavam proeminentes.

- Ela merece morrer. Está em nosso estatuto!

Aquela discussão já durava demais. Ela insistia em pedir a vida de Ayla em troca da vida de Alev, e todos os membros da banca julgadora diziam ser impossível, levando em conta Ayla ser Ômega como Zoya. Kareem chegou a se oferecer, assim como eu, mas ela não aceitou sua vida em sacrifico. Disse que Ayla não sentiria dor equivalente a que ela havia sentido.

A outra sugestão era dar Zoe como sacrifício. Por isso Kareem estava presente. Ele sendo o pai biológico de Zoe precisava estar presente nesse julgamento, e eu por ser o líder da matilha era o responsável por cada ação de cada membro.

Sociedade da LuaWhere stories live. Discover now