Capítulo 39

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Eu já fui enjaulada, já fui perseguida, já fui caçada e domada
Eu sou a fora da lei pronta para explodir
Estou em busca de um coração que eu possa comer para me renovar, é
E estou deslumbrada com todas as coisas que me desfazem

Girls go wild- LP

Mal dormi de noite ansiosa pelo que viria. Logo pela manhã recebi carinho de Jabari que notou minha ansiedade e saiu comigo para ver a natureza e me acalmar um pouco. Andamos de mãos dadas, ele me carregou nas costas quando cansei, me deu muitos beijos e ronronou para me acalmar, mas ainda não estava tranquila. Chamamos Caius e ele não apareceu. Fiquei muito triste, mas entendia a diferença de fuso.

Todos tentaram me alimentar, mas a ansiedade era tanta que eu mal comi uma fruta. Chegou a hora e Kareem e eu fomos juntos para a embaixada.

- Tem alguns consulados espalhados por todo território de casta, mas eles não servem ao nosso propósito. Por incrível que pareça as regras e leis são mais flexíveis nas embaixadas por causa da necessidade maior de diplomacia para tratar de assuntos delicados. O embaixador é alguém muito sério, mas também pode ser considerado um trunfo o fato de não ser tão próximo do superior de casta

Olhar a movimentação urbana era tão diferente de tudo que eu vivi até agora. Na casa conselheira tinham muitos homens jovens e crianças, mas aqui fora eram homens maduros, sérios. As roupas eram as mais variadas e muitos usavam roupa social, principalmente conforme nos aproximamos da embaixada. Kareem era um deles, ficava lindo num terno de três peças slim cinza escuro que realçava todos os músculos certos, até o bumbum firme e redondo. Fiquei com água na boca.

- Se eu soubesse como você fica apetitoso nesse tipo de roupa teria pedido para usar algo assim no meu cio.

Estava dentro de um transporte vagão com mais algumas pessoas dentro que deduzi que ouviram o que eu disse pelos sorrisinhos que percebi em muitos, alguns desviaram seus rostos para as janelas, mesmo assim percebi. Meu Kareem ficou vermelho, mas sorriu de lado pra mim e deu uma piscadinha sexy. Depois bateu com o indicador na têmpora direita para sugerir o elo mental.

"Amor vamos manter nossas conversas em nossa mente tudo bem?"

"Claro. Mas eu queria que soubessem que você pertence há ômega mais gulosa de todas."

Ele deu um sorriso mais amplo dessa vez, se sentindo orgulhoso e percebi seu lobo reverberando a palavra "pertence" em sua mente. É luz da minha vida, você me pertence todinho.

Conforme andávamos pela estação, Kareem me apontava algumas coisas e eu percebi que em momento algum ele demonstrou uma expressão ou microexpressão facial, e eu queria conseguir fazer o mesmo. Fiz uma anotação mental para que ele me ensinasse a fazer isso quando voltássemos para casa.

"Querida, vamos entrar agora na embaixada preciso que se concentre. Vou te apresentar aos chefes do seu setor e depois estará por conta própria, você consegue. Nos encontramos no almoço "

Foi o que ele fez. Entramos na grande edificação opulenta, ele foi cumprimentado por várias pessoas, inclusive alguns poucos ômegas que não gostei. Fiquei quieta no meu canto por ser a novata, mas assim que eu me ambientasse iria mostrar quem eu era.

Dentro da embaixada tudo era muito tecnológico, esteiras para nossa locomoção, escadas rolantes, painéis informativos de holograma, cores e aromas diferentes de tudo o que eu já havia visto.

Quando fui apresentada aos chefes do meu setor, conheci também os instrutores que me treinariam para as tarefas administrativas e possíveis eventos diplomáticos, um deles o Cônsul Yuri. Fiquei tão entretida que mal notei Kareem se afastar. Mostraram todo o meu setor, apresentaram os nomes dos funcionários e me designaram uma mesa. No primeiro dia eu apenas aprendi sobre minha função, mas o conteúdo era tão denso que fiquei exausta.

Na hora do almoço Kareem veio me buscar para comer e nem notei que já tinha passado tanto tempo desde sua despedida mais cedo.

Almoçamos em um restaurante, coisa que eu nunca tinha visto. Mesas por todo o salão, uma cascata maravilhosa deixava o ambiente harmônico e fresco.

Escolhi um dos pratos com carne de gado, salada e cogumelos. Kareem escolheu massa. Experimentei um pouco do seu prato e amei, ele prometeu que faria pra mim em casa e eu também poderia pedir algo quando voltasse no outro dia ao restaurante. Perguntou como havia sido minha manhã e eu discorri por vários minutos em minha mente tudo o que tinha acontecido, dando leves sorrisos vez ou outra que ele correspondia. O som ambiente era de poucas vozes e bem baixas, um burburinho indistinto, e só por aqueles que não tinham elo mental. Tentei não focar na conversa alheia porque era tudo muito chato.

Voltamos logo depois e nos despedimos, de maneira composta e meio fria. Kareem me disse que trabalhar no mesmo ambiente que seu ômega poderia gerar burburinho sobre sua competência e inclusive sobre sua atenção já que ele precisava trabalhar e estar em função do nosso elo o distrairia. Fiquei chateada, mas compreendi, também não queria que pensassem que eu estava ali por causa do meu companheiro. Eu mostraria minhas habilidades com o tempo, me tornaria uma peça valiosa na embaixada. E acima de tudo, não podia deixar perceberem que eu tinha uma missão.

A parte da tarde foi mais do mesmo, absorver informações chatas e densas, mas acredito que me sai bem até no uso da tecnologia que era algo completamente novo para mim.

Voltamos para casa e eu mal podia esperar para encontrar meus companheiros e dividir tudo sobre meu dia. A melhor parte era que ao fim do dia, eu tinha uma toca com três machos saudosos me esperando, e eles me ouviram, contaram de seus dias, seus trabalhos, e me mimaram muito.

Após duas semanas eu já estava muito mais adaptada e já era muito relevante no setor. Contém ironia caso não tenha percebido. Todo mundo passava por minha mesa sim, mas era para pedir Café ou chá. A primeira semana eu só aprendi, mas meu estágio começou logo na segunda semana e parece que é um rito de passagem virar a garota do café no emprego. Nos primeiros dias eu estava completamente perdida, andando atras do segundo secretário. Ele não me deixava entrar nas salas para participar de qualquer coisa, não se dignava nem a olhar para mim. Eu sou ômega era pros machos me adorarem e me reverenciarem, mas não. Fora da minha toca eu era uma qualquer incompetente que só conseguiu o emprego por ser bem recomendada. Mas isso não ficaria assim, eu seria a entregadora de pedidos mais eficiente e então notariam que eu estava sendo subutilizada naquela função.

Essa tática deu mais certo. No fim do primeiro mês eu já estava entrando nas reuniões e fazendo anotações em minha insígnia que eram relevantes, e até usei uma dessas informações para ajudar o segundo secretário em uma reunião posterior, o que fez com que ele passasse a me chamar pelo nome e não apenas por ômega.

Depois disso eu cheguei em casa e questionei meus meninos.

- Pensei que ele me chamasse por ômega em reverencia ao meu papel na sociedade, mas ele me chamava assim era em desprezo por minha condição de gestante. O que que está acontecendo aqui?

- Querida homens são assim, não se importe com isso. Claro que ele respeita seu papel, algo deve tê-lo motivado a agir assim... – Falou Danso

- Ah, mas eu me importo. Eu sou parte da classe mais importante dessa sociedade mereço mais do que esse desprezo velado. A mãe daquele piolho de cobra é ômega, a avó, a companheira. Os filhotes dele vem de ômega, aposto que ele deve até ter filhas! Como pode aquele pedacinho de estrume se achar melhor do que eu?

Todos eles riam da minha indignação e eu fiquei muito brava.

- Olhem aqui pra mim: esse negócio de ensinarem na casa conselheira que eu sou importante pra chegar aqui fora e eu ser ignorada não foi certo. Vocês não me prepararam pra isso. E eu não gostei nenhum pouco. Danso você é o mais velho, e na ausência de Caius é responsável por minha integridade e dignidade, como pode ser tão relapso?

- Querida sinto muito, eu não tinha como saber. Na minha casta e no meu local de trabalho ômegas são sim reverenciadas. Mesmo que em meu local de trabalho quase não há essa classe.

- Amor infelizmente você terá que lutar essa batalha, nenhum de nós fazia ideia. Como você disse: aquela barata desprezível não pode te tratar assim, não permita. – Notei um sorriso brincando nos lábios de Kareem. Ele estava me provocando?

Sociedade da LuaWhere stories live. Discover now