NASCIDA PARA MORRER "e na queda dos mundos, lutaremos lado a lado"
Stella Hawkins costumava ser uma garota normal. No auge dos seus treze anos, ela acreditava que seus maiores problemas seriam conciliar suas aulas com seus treinos de líder de...
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DEUS, É BRUTAL AQUI by Stella Hawkins
Bem e mal são apenas uma questão de ponto de vista. Ou pelo menos era isso que eu acreditava, eu acreditava que estava fazendo algo de bom, que salvaria o mundo e que, bem, não existiria mais infectados, pessoas passando fome e um governo de merda que não ligava pra nada disso. Eu fiz o que acreditava. Eu sobrevivi, me ofereci para fazer parte dos Vaga-lumes e busquei meios de ajudar a criar a cura. Eu nunca fiz nada de ruim a ninguém, nunca quis me vingar ou derrotar alguém, eu só queria paz. Eu ainda quero.
Essa era a época em que eu ainda podia dormir uma noite inteira, quando eu não tinha medo de me tornar um alvo, quando eu era protegida, antes de eu ferrar com a minha vida.
Joel nos fez andar por horas depois de sairmos do Capitólio, eu nem fazia mais ideia de onde estávamos. Ellie permanecia ao meu lado, eu segurava sua mão e nós duas caminhávamos caminhávamos completo silêncio. Joel caminhava a nossa frente, também silêncio, e nunca olhando para trás. Eu podia sentir a tensão se espalhando no ar.
Tess estava morta. A culpa era em parte minha e de Ellie, mas isso não importava mais. Ela escolheu esse caminho, ela aceitou a missão de Marlene. Mas nenhuma dessas desculpas conseguia tirar da minha alma o sentimento de culpa.
Não sei que horas eram quando paramos em uma clareira na floresta, mas tenho certeza que era bem tarde. O sol já havia cedido lugar para a lua horas atrás e agora a bola prateada brilhava no céu noturno. Eu conseguia ouvir o barulho de um riacho próximo de onde estávamos.
Ellie se sentou de costas para uma árvore e eu me sentei ao lado dela. Passei um dos meus braços pelos seus ombros e a puxei contra meu corpo, abraçando a garota e permitindo que ela me usasse como travesseiro para dormir.
Em algum momento da noite, Ellie dormiu. Ela deveria está cansada o suficiente para dormir naquele lugar. Eu até tentei fechar meus olhos e ter o mínimo de alguns minutos de sono, mas minha mente estava barulhenta. As imagens do Capitólio passavam em minha cabaça e eu voltava a pensar em todas as decisões que nos levaram até ali.
A culpa era corrosiva.
Joel observou nós duas por algum tempo, ele também não parecia disposto a dormir. Quando a noite se tornou um pouco mais fria para mim e Ellie, ele retirou sua jaqueta e lançou na minha direção. Peguei a mesma e tentei cobrir minhas pernas e as de Ellie.
Quando a brisa leve da manhã bateu contra meu rosto, percebi que precisava urgentemente me levantar dali. Não estava sentindo meu corpo e minhas pernas começavam a formigar. Me separei de Ellie tentando não acorda-la, a cobri com a jaqueta de Joel e me levantei.
Observei o lugar em que estávamos, respirei fundo e amarrei meus cabelos em um coque. O barulho do riacho chamou minha atenção, só então notei que Joel não estava com a gente. Suspirei e comecei a caminhar entre as árvores na direção da água.
