NASCIDA PARA MORRER "e na queda dos mundos, lutaremos lado a lado"
Stella Hawkins costumava ser uma garota normal. No auge dos seus treze anos, ela acreditava que seus maiores problemas seriam conciliar suas aulas com seus treinos de líder de...
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NOS AFOGAMOS ABRAÇADOS by Stella Hawkins
O amor é a pior das drogas já experimentadas pela humanidade. O amor te torna o pior dos viciados, dependente dele, dependente daquele sentimento que te reconforta, que te faz se sentir a mais forte das criaturas.
Quando você tem um vazio incurável no peito, o amor faz pior. Ele tampa aquele buraco, ele preenche o vazio e você pensa que está curada, mas você não está,. O amor é como um remédio que tira sua dor, que te dar uma dose de adrenalina, e você pensa que está bem, que está saudável, mas não, você só está se viciando, mais e mais.
E como um bom viciado você começa a pensar se aquilo vale cada sacrifício, se vale todos os riscos e você chega a conclusão de que vale. Porque o amor é assim: te ergue em glória antes de te mergulhar no caos e desespero.
Tivemos que nos esconder em outra casa da vizinhança, em completo silêncio e torcendo para não haverem mais dos homens de David atrás de nós. Ficaríamos escondidos até o amanhecer e logo partiriamos rumo a Seattle, que não estava muito longe pelo que o mapa indicava.
Por algum milagre que eu desconheço, havia água na casa que invadimos, não era água quente, mas dava pro gasto e levando em conta que Ellie e eu estávamos cobertas de sangue, iria ser de grande ajuda.
Puxei Ellie para o banheiro mais próximo que encontrei, enquanto Joel vasculhava a casa para se certificar de que estavamos seguros.
O banheiro que encontramos ficava no segundo andar da casa, tinha um chuveiro, uma pia, um vaso sanitário e um espelho na parede, que outrora deveria ter tido grande, mas que agora só existia uma metade da parte superior.
Consegui encontrar uma flanela dentro da minha mochila, molhei a mesma com a água da torneira e me virei para Ellie, que estava sentada sobre a tampa do vaso. Me aproximei dela e comecei a limpar o sangue seco de seu rosto, sob os gemidos e resmungos de protesto dela.
Apesar de reclamar sobre está "doendo pra caralho" segundo ela, eu podia ver seus olhos vagando pelo lugar, sem nunca parar em mim por muito tempo.
- Você não pode ficar pensando nisso.- afirmei segurando o rosto dela em minhas mãos.
Ellie não disse nada por alguns segundos, mas seus olhos se encheram de lágrimas e meu coração se apertou.
- Ele ia...
- Ei, ei - interrompi a fala dela.- não pensa sobre isso. Como a maior autoridade em pensar demais por muito tempo, eu te garanto: pensar muito nisso vai fazer você enlouquecer.
- Eu vou conseguir esquecer?- ela me olhou esperançosa.
- Não - suspirei frustrada.- essa é uma merda que vai ficar marcada pra sempre em você. Mas com o tempo, você aprende a conviver com isso, não vai se tornar menos doloroso, mas vai se tornar suportável.
