𝐈 𝐆𝐎𝐓 𝐆𝐔𝐍𝐒 𝐈𝐍 𝐌𝐘 𝐇𝐄𝐀𝐃

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EU TENHO ARMA EM MINHA CABEÇA by Stella Hawkins

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EU TENHO ARMA EM MINHA CABEÇA by Stella Hawkins

Amar sempre foi algo além da minha compreensão. Quero dizer, como é possível que um sentimento, que não é nada além de impulsos neurais involuntários, possa ser capaz de se tornar algo tão grande, que te faz passar por questionas todas as suas convicções mais cruas e passar por cima de si mesmo em prol do ser amado?

Vivi trinta e três anos ouvindo sobre amor. Ouvi sobre as tragédias gregas de deuses que amavam mortais, sobre amores impossíveis que se tornavam letais. Li inúmeros livros de poetas românticos que escreviam sobre amores inalienáveis, amores que o tempo nunca apagaria. Li Shakespeare e sua história de amor trágica. Jane Austin e seus amores que superavam todas as barreiras. Machado de Assis e seus amores caoticos.

E só então eu percebi que muito conhecia sobre o amor, mas nada sabia sobre ele na prática.

Minha única história de amor era dramática, trágica e com um final avassalador. Eu não recebi declarações de amor na sacada, nem me apaixonei por um homem que me odiava, — tudo bem, talvez bem lá no comecinho —, mas isso não vem ao caso agora.

Em todo caso, minha história de amor não teve conto de fadas, nem magia, nem príncipes encantados em cavalos brancos. Minha história de amor tinha apenas eu... e um homem que me mostrou que, mesmo em meio ao caos e escuridão que minha alma foi forjada ao longo dos anos, eu ainda era capaz de amar e merecia ser amada... da forma mais pura e gentil que alguém poderia amar outra pessoa.

Desde que Ellie e eu suturamos e tentamos, da maneira que conseguiamos, cuidar do ferimento de Joel, as coisas não melhoraram em nada. Passamos uma noite inteira revesando em turnos de sono para ficarmos de olho nele e desde que ele apagou no dia anterior, ele tem tido apenas picos de lucidez rápidos.

O ferimento também não melhorou em nada, continua tão ruim quanto antes e acho que mesmo tendo limpado com o whisky, não foi suficiente para evitar uma infecção.

- Precisamos de remédios - informei indicando para a ferida no abdômen de Joel.- tá infeccionada, e se continuar assim só vai piorar.

- O que vamos fazer?- Ellie me olhou.

- Não temos muitas opções - suspirei. - e estamos sem comida.

Ellie me encarou por alguns segundos e então seus olhos desviaram para o rifle de Joel, abandonado desde que seu dono foi ferido. Meus olhos acompanharam os dela, compreendendo seu olhar sem precisar de uma palavra. Ergui uma sobrancelha na direção dela.

- Não temos muitas opções, não é?- ela deu de ombros sugestiva. - o que a gente tem a perder?

- Muita coisa, Ellie. - afirmei.

- Se ficarmos aqui morremos de fome, se formos lá fora podemos voltar com comida - ela explicou.- acho que sabemos qual a melhor escolha.

Suspirei e concordei com ela. Abaixei a camiseta de Joel e o cobri com o coberto que encontramos.

BORN TO DIE           joel millerWhere stories live. Discover now