NASCIDA PARA MORRER "e na queda dos mundos, lutaremos lado a lado"
Stella Hawkins costumava ser uma garota normal. No auge dos seus treze anos, ela acreditava que seus maiores problemas seriam conciliar suas aulas com seus treinos de líder de...
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AO LONGO DA ESTRADA by Stella Hawkins
Eu tenho um coração fraco, mesmo depois do fim do mundo e de tudo ter virado uma merda, eu ainda tenho esse lado de querer concertar as coisas, principalmente quando eu me sinto culpada por tê-las quebrado.
Toda a situação em que estava me metida, me lembrou de quando eu tinha oito anos e sem querer matei os peixinhos do aquário da sala. Eu havia tentado consertar, colocando os peixinhos de barriga para baixo e tentando dar comida a eles, mesmo que minutos depois eles voltasse a mesma posição e eu tivesse que cobrir o aquário com um pano. Passei a semana toda economizando o dinheiro do meu lanche e então comprei novos peixinhos. Iguais aos antigos, dourados e alaranjados, pequenos o bastante para caber na mão, iguais aos que meu pai tinha antes. Uma semana depois ele os matou porque esqueceu de alimenta-los.
A cidade para onde Joel estava nos levando era estranha demais, era cercada por grades de arame e portões alto demais. Do lado de dentro não era diferente, haviam algumas casas velhas, as folhas secas se espalhavam pelo chão, a grama e as plantas pareciam ter morrido a muito tempo. E não parecia haver um único vestígio de vida humana por ali.
- É como uma cidade fantasma.- Ellie sussurrou ao meu lado.
- Talvez mais fantasma do que você imagina.- respondi no mesmo tom.
Entrar naquela casa era como entrar em uma casa qualquer antes do surto. Tudo parecia em seu devido lugar e em um bom estado de conservação, o que era totalmente surpreendente levando em conta tudo que eu já havia visto ao longo dos anos. Me perguntei como a FEDRA ou os Vaga-lumes nunca souberam da existência daquele lugar?
Joel chamou pelos tais amigos, mas nada foi ouvido em resposta. Enquanto ele vasculhava a casa, minha crescente certeza de que havia algo errado só aumentava. Ellie se afastou de mim e começou a andar pela casa, me obriguei a acompanha-la para garantir sua segurança.
Ao chegarmos na cozinha, meus olhos pousaram em um papel e uma chave de carro sobre a mesa. Ellie percebeu também e em instantes ela segurou o papel nas mãos e leu rapidamente. Ela desviou o olhar para mim e eu confirmei todas as minhas suspeitas.
- Isso é uma merda - resmunguei.- Joel! A gente achou uma coisa.
Segundos depois o homem apareceu na cozinha, ele nos encarou brevemente e acho que também entendeu do que se tratava.
- É do Bill.- Ellie contou.
- Ele deixou isso também - balancei a chave do carro a frente do meu rosto.
- "Para alguém, mas muito provavelmente para o Joel" - Ellie disse.- achei que nos encaixavamos em "alguém".
- Eles morreram?- Joel perguntou mesmo sabendo da resposta.
Ellie não precisou responder.
- Quer que eu leia?- ela perguntou.
Joel apenas acenou com a cabeça para que ela fosse adiante.
