Cap. 18 - Terceira morte

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Santiago Del Toro

[No capítulo anterior]

- Olá, traidor número UM! - disse alguém ao invadir seus pensamentos.

- Diego!

[Agora]

Há uns segundos atrás Santiago estava preparando um café para Elizabeth no suntuoso escritório onde ela trabalhava, extremamente preocupado pelo fato dela ter conversado com o irmão e de repente estava completamente em uma realidade paralela.

A escuridão imperava.

Sentado em um trono que parecia talhado em prata envelhecida, sob uma pilha de ossos e iluminado por um fraco facho de luz, aparecia diante de seus olhos um ser completamente andrógeno, mas que projetava a mesma energia densa e perigosa de seu irmão do meio, o encarando como um rei. Mas não era Diego ou Benicio. Surgia ali uma versão mais dissimulada com movimentos extremamente fluídos, delicados, embalados na mais perfeita finesse e um olhar fixo tão azul quanto o azul da Prússia e infinitamente perturbador.

- Você era o meu melhor amigo. Como você pôde? - perguntou a outra versão de Diego se inclinando para frente o encarando.

- Diego... - falou com cautela - Eu sei que fui um escroto com você, mas...

- Mas? - riu com desgosto - Eu vou destruir tudo. - Pausadamente e com bastante rancor nas palavras, continuou. - Eu vou acabar com todos!

- Diego, - Vendo que algo estava muito errado e que talvez aquela fosse a forma essencial do irmão, tentou trazer à lume a consciência de Diego ou Benício, apelando para o que eles mais amavam. - a Liz, pensa na Liz!

- Diego? Liz? - perguntou com estranheza.

- Benício...

- Avisa a rainha, grande mãe, matriarca ou seja lá qual a nomenclatura do cargo que ela ocupa, que eu vou aniquilar seu povo, tal como fizeram com os meus.

Em um piscar de olhos, Santiago voltava a si, enquanto Elizabeth caía desacordada a alguns passos de distância. Deixou a xícara que estava em suas mãos se despedaçar e alcançou a bruxa antes que atingisse o chão.

- Liz! Liz! Acorda, Liz! - Checou seus sinais vitais e naquele momento ela estava a um passo da morte.


Diego Del Toro

[Minutos antes]

A morte era envolta por uma dor excruciante, mas via e raciocinava com clareza tudo o que acontecia ao redor.

O sangue que escorria de seu corpo ao ser esmagado por um dos galhos da árvore que havia caído, criava um caminho lento até o núcleo da casa. Quando a primeira gota de sangue atingiu a poça que inundava o lugar com a água da chuva, tímidas luzes douradas irradiavam pelo ambiente, decodificando o feitiço de proteção, gradativamente como linhas que surgiam da água subindo pelas paredes, ativando sua magia, iluminando e repaginando a casa.

Entre a dor e momentos de dissimulação, Diego via a casa finalmente se transformar.

O transformar.

Estava livre. Visualizou a âncora, seu espírito seguiu até o alvo, só que estranhamente via além de Santiago, Elizabeth.

Apagou.

...

Por algum motivo, quando despertou para a vida outra vez, não se lembrava de absolutamente de nada, apenas que tinha ido atazanar o irmão.

Terra Proibida - EssênciaWhere stories live. Discover now