Cap. 23 - Essência

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Alejandro Del Toro

Olhando para os corpos espalhados pelo quarto do luxuoso hotel, completamente saciado de sua sede por sangue e luxúria, Alex se preparava para as importantes tarefas do dia quando foi surpreendido pela tenaz energia da bruxa que se materializava imponente, bela e até mesmo, sensual, sentada com as pernas cruzadas sobre o sofá de couro branco respingado de sangue, empurrando para o chão um dos cadáveres que havia sobre ele.

— Sempre uma bagunça — disse Elizabeth, ao soprar a mecha vermelha que caia sobre a face, com certo desgosto.

— A que devo a honra, bruxa?

— Quanta receptividade, querido cunhado. — disse ela com um sorriso tão cristalino, que o incomodava profundamente. A desgraçada é tão bonita que me irrita. — Como odeio mandar recados, vim pessoalmente ao seu abatedouro... Sinta-se um privilegiado, viu? Isso é para poucos.

— Rá! — gaitou com desdém. — O que você quer Elizabeth?

— Vim propor um acordo.

▪▪▪

Enquanto caminhava entre as colunas do Novo Olimpo, seguindo os passos de um jovem etéreo com vestes simples e claras, Alex admirava, além do belo espécime a sua frente, a arquitetura do imponente palácio alocado e tecnologicamente camuflado nas nuvens sobre o oceano pacífico, que ao contrário do nome, exibia em suas linhas características do brutalismo.

Vaidoso e preparado para fechar parcerias que iriam torná-lo uma das criaturas mais influentes do globo, imaginava a cara que a bruxa Detzel faria ao ser encurralada pela nova aliança que ele estava prestes a formar.

Adentrou uma sala bastante iluminada e protegida com feitiços, aparentemente, anteriores a sua existência e extremamente poderosos. Eram visíveis os códigos que ora pareciam runas ou hieróglifos dourados envolvendo o lugar de cima a baixo.

Caralho, estou em uma fortaleza. Preciso ser bem cauteloso aqui.

No outro lado da sala, havia uma porta e ao atravessar, se deparou com uma extensa escadaria subterrânea. Iniciou a descida acompanhado de seu belíssimo guia por longos e intermináveis lances de escadas.

Esse povo ancestral desconhece maravilhas simples como um Elevador?

Não é possível!

Ao final, deram-se diante de um hall com outra porta coberta por feitiços ainda mais potentes.

Estou começando a ficar cabreiro.

Esses feitiços aqui me levariam um bom século pra desarmar...

O foda é que tem a maldita essência das Detzels pairando por aqui. Que inferno!

O rapaz que o guiava abriu a enorme porta de ouro maciço posicionando a mão ao centro do artefato e ao contrário de todos os lugares por onde havia passado, a escuridão do ambiente era tão absoluta, que nem seus olhos de águia conseguiam vislumbrar seu interior.

O jovem etéreo entrou no ambiente indicando que não haveria perigo e um fraco feixe de luz azulada se fez sobre uma estranha criatura aprisionada em uma redoma suspensa no centro da sala que, segundos depois, notou estar repleta de artefatos e relíquias mágicas.

Enquanto aguardava o anfitrião do palácio sob o olhar atento do jovem que o acompanhava e vigiava, Alex dedicou algum tempo observando a estrutura da redoma, cristal e mais ouro, agora sabemos de onde veio parar o fruto de toda exploração realizada por séculos. Flutuava dentro dela, submerso em líquido duvidoso, um corpo extremamente magro e cabelos compridos, sentado em posição de lótus como se estivesse meditando. Suas mãos, mesmo presas por correntes de ouro, mantinham-se distante uma da outra segurando um vórtice de ar. No lugar do coração, um buraco o atravessava a criatura, expondo suas vísceras. O vampiro notou também que a criatura não possuía olhos, mas o que mais chamou sua atenção, foi o conjunto de seus aspectos físicos.

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