cap.114

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Cap. 114

Cassius seguiu atrás dos meninos até que finalmente saíssem da água que parecia que alagaria todo o lugar.
— continua andando ignorando que talvez ele vá embora. — murmura Brady baixinho.
— não acredito que ele vá embora, é meu pai.
— Vão continuar fugindo? Agora me diga? Vocês conhecem esse lugar e sabem como sair daqui sem ser por lá? Porque até a porra do celular já molhou! — vocifera a alguns metros de distância dos meninos.
— merda! — resmunga Lilith parando para o esperar junto com Brady.
Parecia que estava caindo um pedaço do céu e estava escurecendo mais cedo do que o esperado.
— Lilith, era tudo que eu não queria, não é? — a repreender jogando o blazer por cima de sua cabeça. — vamos torcer para que você não fique doente. — diz lhe dando um tapa leve atrás da cabeça a fazendo seguir em frente.
— O plano só deu errado porque choveu. — resmunga Brady.
— próxima vez consultem a previsão do tempo, e estudem mais sobre esses tipos de terreno, quando chove o rio transborda submergindo essa parte baixa toda.
— toda! — pergunta Lilith assustada.
— sim, não podemos parar, temos que chegar naquela casa queimada, a partir daquele ponto é mais seguro para seguirmos. — avisa indiferente
Mas Cassius não deixaria os meninos impunes mesmo com a chuva alagando tudo, quando eles chegaram no mesmo local onde eles fizeram a seção de tortura, já estavam exaustos, encharcados e confusos.
Cassius por sua vez se mantinha tranquilo enquanto liderava os meninos com um certo ar leviano.
Ele adentrou a floresta e seguiu sem lhe dizer nada, a lama, o musgo, as folhas, ganhos que caiam, Lilith já estava assustada o suficiente com o ambiente, não tinha ideia do porque ele estava seguindo por ali, mas acreditarem que conseguiram chegar a algum lugar.
Cassius ainda tinha o seu relógio de pulso com uma bússola, sabia exatamente para onde ir, mas alongaria o caminho levando os meninos ao limite.
Seguiram por quase duas horas como se estivessem andando em círculo, tanto Lilith quanto Brady estavam exaustos famintos sendo final de tarde em meio a uma floresta desconhecida.
A chuva já havia cessado e agora eles estavam tremendo de frio.
— Pai… quando vamos sair daqui? Parece que estamos andando em círculo. — comenta Lilith com a mão sobre a barriga.
— Estamos quase lá. — diz indiferente seguindo o caminho como se nem tivesse andado nada.
— Está escurecendo, vamos parar, ou… — resmunga Brady pensativo.
— Não temos lugar para ficar, não é seguro. — diz Cassius com ironia, mas eles não percebem.
— Eu estou com fome! — vocifera Lilith batendo o pé no chão.
Cassius por sua vez começa a olhar ao redor, mesmo que não pudesse ver muita coisa, os dois meninos assistem aquilo confusos.
— O que você está fazendo? — pergunta Brady.
— procurando… tenho certeza que vi uma passar por aqui.
— O que?
— Uma cobra.
— Cobra? — murmura Lilith temerosa.
— Sim, — confirma Cassius mexendo entre as raízes.
— Pai, quem está com fome? — pergunta Lilith fingindo de desentendida.
— você acabou de dizer.
— Eu? Não, não, não, eu com fome? Que fome? Eu não…
Cassius segurou o riso com as piscadelas nervosas e os olhos marejados da menina, enquanto ela tenta mentir pela primeira vez na vida, parece que o coração vai sair pela boca, mas ele se contém mesmo que quisesse zombar da menina.
— vamos seguir! — anuncia indiferente passando e seguindo na frente deixando os meninos para trás.
Andaram por mais alguns minutos até que Lilith se sentou em uma raiz de tanta exaustão.
— não dá, estou… cansada e nem almocei e só comi uma fruta pela manhã… — choraminga enquanto Cassius para ainda de costas para eles mantendo o olhar fixo entre as árvores.
— Brady, coloque ela em suas costas e siga! — ordena entre os dentes.
— Você deveria fazer isso, nós não temos mais forças. — resmunga cético.
— Em primeiro lugar, não foi eu que vim para esse fim de mundo sem permissão, porque eu devo me esforçar para carregar ela?
— é sua filha! — brada irritado.
— Vocês vieram juntos, sofrerão juntos, se eu não tivesse chegado vocês nem saberiam para onde ir. Além disso… eu já estou velho demais pra essa monstrinha.
— esperaríamos a chuva passar e o rio secar.
—  ah… sim, uma semana para esse maldito lago secar de novo! Até lá estariam mortos de fome!
Brady o ignora e oferece as costas a Lilith para que ela suba, segue cambaleando, mas a leva de volta.
— minha van… — lamenta Brady baixinho ao se recordar de seu carro. — uma semana debaixo da água… posso começar a economizar para comprar uma nova.
— Nada, eu sou rica, compro outro.
Brady sopra o vento tremendo os lábios levando os olhos à órbita ao ouvir a convicção da menina.
— O dinheiro acaba, se você ficar gastando assim você vai ficar pobre logo e você tem um pai pão duro, assim como os seus tios.
— Nada disso, eles me dão todo dinheiro que eu pedir, eu sou adorável demais. — diz fazendo Brady segurar o riso.
— Ai, Lili, eles tem razão, você é uma figura. — sorri gentilmente.
Cassius faz eles caminharem até caírem no chão e desistirem.
— não dar mais, que lugar grande dos diabos! — rosna Brady.
— do que está falando? Já chegamos. — diz Cassius descaradamente franzindo o cenho apontando para depois das árvores há alguns metros um carro estacionado que repentinamente acende a lanterna.
— graças a Deus! — comemora os dois se levantando correndo em direção a luz.
— até que enfim! Quantas voltas faria eles darem mais? — pergunta Braston sentado sobre o capô do carro.
— como assim quantas voltas? — pergunta Brady.
— vocês são tão desatentos… — murmura Frederick.
Lilith e Brady se encararam confusos até perceberem que Cassius estava fazendo eles andarem em círculo de propósito, o lugar não era tão grande, mas a escuridão os confundia.
— seu grande filho da… — grita Lilith apontando o dedo indicador para Cassius que já tinha entrado no carro, enquanto Frederick e Braston cobriam os meninos com mantas. — Abre essa porta! Seu grande monstro velho e sem vergonha, ah! — grita Lilith correndo até o carro e chutando a porta tentando arrombar e batendo no vidro.
— Ela tá surtadinha agora… — suspira Brady vendo Lilith atacar o carro de Cassius enquanto ele está com os cotovelos apoiados no volante a observando tranquilo.
— — ela vai quebrar esse carro todo. — resmunga Braston chateado.
— mas é dele, então ele merece.
— não… — Braston aperta os lábios ao ver Lilith pegar uma pedra grande bater com força no vidro que estraga, porém não quebra.
— como assim não? — pergunta Brady confuso.
— Aquele filho da puta se trancou no meu carro. — confessa Braston tentando manter a calma.
Brady nem consegue dizer mais nada depois dessa informação, Lilith pulou no capô, estragou o vidro da frente, amassou a carroceria e continuava a atacar o carro movida pela raiva e indignação até finalmente parar enquanto Braston nem sabia o que dizer com o estado do carro.
— que saber?!  — vocifera Braston.
— Vamos embora e deixar eles aí se resolvendo, não quero me meter. — avisa Frederick já exausto.
Braston seguiu no carro dele junto com Brady, Cassius deixou Lilith extravasar a raiva até ela se cansar e deitar no chão chorando aborrecida.
— acabou? — pergunta indiferente.
— acabei! — rosna cruzando os braços, sua cabeça estava apoiada sobre a pedra que tinha usado para quebrar o carro, ele se afastou e observou o tamanho do estrago que ela havia feito, não havia uma parte que não estivesse destruída.
— Vamos para casa? — pergunta entregando a ela uma barra de chocolate e jogando a manta sobre seu corpo estirado.
— Sim, vamos para casa! Quero um banho, uma sopa, e um remédio para gripe. — diz estendendo a mão para ele que a ajuda a se levantar.
— você destruiu o carro de seu tio, espero que ele ainda preste para andar. — comenta fazendo Lilith encarar o carro cético.
— Ele está pronto para explodir com nós dois dentro. — comentou indiferente abrindo a porta e entrando.
— Que você esteja errada ou vamos ter que ir para casa a pé. — encara a menina em repreensão.
Cassius segue viagem com ela, ao que parece está tudo sob controle, a viagem seria longa para aquele carro destruído, então passou em uma loja de roupas e levou Lilith para trocar as roupas molhadas.
A noite estava bem fria, por isso se certificou que ela está bem agasalhada, além de comprar roupas confortáveis para ele também, eles nem tinha chegado em Rowland ainda e a chuva já havia os pegos no caminho.
Quando Lilith chegou em casa, seguiu direto para seu quarto se jogando na cama para dormir.
Cassius por sua vez seguiu até a cozinha onde Laysa estava com os gêmeos.
— onde estava até agora? — perguntou cética.
— punindo dois delinquentes. — explica indo até ela lhe dando um abraço caloroso. _ como estão meus gêmeos? — perguntando indo até eles de bom humor abraçando cada um.
— mãe, papai está com cheiro de roupa nova, ele nunca vem da academia com outra roupa, o que aconteceu com Lilith? — comenta calisto.
— A gente pegou um temporal e ela deu um surto destruindo o carro de Braston. — conta como se fosse a coisa mais normal enquanto seguia ao redor da cozinha recolhendo ingredientes.
Laysa e os meninos o encaravam céticos.
— mas ela está bem agora? Ela nunca mais tinha dado uma crise.
— não foi bem uma crise, ela só queria me matar. — comenta rindo de forma silenciosa. — ela está no quarto agora, eu vou fazer uma canja pro meu bichinho raivoso.
— ela está bem? — pergunta Laysa de queixo caído.
— mais ou menos, se ela não se cuidar hoje, ela vai pegar um resfriado e não vai sair da cama amanhã. — comenta começando a cortar alguns legumes.
Laysa o ajuda a preparar a sopa para menina, depois que prepararam a abrigaram a acordar e se alimentar, em seguida voltando a dormir.
— ainda não acredito que você deixou ela pegar um temporal — resmunga Laysa ao sair do quarto.
— não tenho culpa se choveu. — comentou indiferente.
— Ela está exausta.
— claro, detonar um carro inteiro é cansativo, ela detonou o carro, eu nem sei como consegui chegar aqui sem bater em um poste com aquele vidro estilhaçado, ela tentou me matar.
— está se vitimizando após fazer sua filha pegar chuva? — o repreende aborrecida enquanto descem a escada para ver a condição do carro.
— e é isso, a menina é um monstro, eu criei um monstro! — engrossa a voz em uma atuação malfeita em seguida rindo.
Laysa ficou sem palavras ao ver o carro literalmente inútil, nem sabia como os dois chegaram em casa sem explodir no meio do caminho.

Cassius. vol.4 A queda das potências. Ato fina.Onde histórias criam vida. Descubra agora