cap.164

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Cap.164
— Onde ela está? — pergunta ele.
— Ela só quer ficar na cama o tempo inteiro, mas a noite ela nem mesmo está conseguindo dormir, tendo constantes pesadelos, mas ela não quer nem mesmo tomar os remédios que a psicóloga disse que ajudaria, parece que está fazendo de propósito. — diz demonstrando exaustão.
— tudo bem, — diz ternamente lhe abraçando. — você já está lidando com isso sozinha a dias, eu vou ficar presente mais vezes, não vou deixar ela se entregar. — diz ternamente fazendo Leydi a abraçar com aflição.
Eles seguem até o quarto onde ela está, porém Caio entra sozinho seguindo até Kity ainda de pijama, ele desliza o dorso de sua mão em sua face e ela acorda.
— se levanta assustada até ver que era seu pai quem a acordara.
— O que faz aqui? — pergunta bocejando com exaustão.
— Não poderia?
— foi a Leydi, não é? Por que ela não para… — resmunga chorosa, caio faz cara de quem nem sabe do que ela está falando.
— Na verdade, eu vim porque sou seu pai, estava com saudades de te ver e sair um pouco.
— Então ela não te disse nada?
— não, eu queria ver a minha caçulinha, não posso? — diz gentilmente, apertando sua bochecha.
— pai… — choraminga o abraçando, ansiosa.
— Tudo bem, vamos sair um pouco? — sugere, ela parece se animar mais com ele por perto.
— tudo bem… já que é com o senhor eu vou.
— você está tão pálida, tem que tomar um pouco de ar fresco.
— tudo bem… — suspira olhando ao redor. — eu vou me trocar e sair em poucos minutos. — avisa então caio a espera na sala.
E como disse ela se arrumou e foi encontrar seu pai na sala, parecia realmente um pouco animada seu aspecto cansado havia até mudado um pouco após se arrumar, Leydi ficou esperançosa ao ver sua mudança.
— Você não vai? — pergunta Kity a Leydi.
— ah… não, você pode sair hoje, eu tenho que organizar algumas coisas. — diz lhe dando um breve abraço.
Primeiro lugar que seu pai a leva é a um restaurante, Leydi contou que fazia dias que ela não se alimentava direito, ele tentava parecer descontraído o máximo possível, apenas para que ela não se sentisse desconfortável.
— você é a nossa mãe já se resolveram? — pergunta tranquila enquanto se senta à mesa.
— ainda não, estou arrumando toda a bagunça que fiz antes de tentar recuperá-la. — comenta a observando distraída lendo o cardápio. — lembra? Eu tinha costume de trazer vocês aqui, você amava a comida desse lugar.
— eu ainda amo, e amo muito.
— Está com fome? Porque eu posso competir e comer muito mais que você. — diz tentando se animar.
— Que infantil, Não vou competir, mas estou faminta como nunca me senti.
— Tudo bem, então vamos comer tudo que você quiser hoje.
Ele conseguiu fazê-la se alimentar e até muitas vezes a fazendo sorrir, mas não achava um jeito ou uma brecha para tocar em um assunto tão delicado para ela, então decidiu apenas passar a tarde com ela sem tocar em nenhum assunto.
Seguiram para uma praça próxima à academia da máfia, onde se sentaram em um banco se pondo a observar algumas crianças que chegavam ao local para brincar.
— que engraçado, não acha? — pergunta Caio observando o parque.
— O que?
— um parque tão perto de um dos maiores prédios criminosos da cidade.
— Sim… — suspirou segurando o riso. — eles não sabiam quando construiu isso aqui.
— talvez… mas me diga, você gostou de frequentar esse lugar?
— Sim, os treinamentos, os novos amigos.
— Eu já disse que sinto muito, mas parece que todo o perdão do mundo não será suficiente.
— Pai… — suspirou encarando as mãos descansando sobre o colo. — Está tudo bem, sabe o que eu quero? — pergunto sorrindo gentilmente ao encará-lo.
— Ver você e a mamãe bem, sabe… nunca pensei que um dia veria vocês separados, porque são tão perfeitos juntos.
— eu também não estou feliz, a sua mãe e eu fizemos votos e prometemos não nos separar, e eu estava tão cego que nem era mais eu, não era mais um marido e nem um pai, só um homem que estava destruindo tudo com as próprias mãos.
— Não lamente, olha! Eu ainda não me sinto confortável quando você me abraça, fazia… — tenta segurar as lágrimas ao olhar para o céu. — tento tempo, você parecia que tinha morrido e colocado outro homem em seu lugar, e aos poucos fomos ficando só, aos poucos parecia que você não estava lá mais para nada, apenas para dizer tudo que a gente não podia, era tão cansativo… todas as vezes que você acabava com os planos de Leydi, quando até mesmo fez ela trancar a primeira faculdade, eu tive medo de tentar qualquer coisa…
— Você está tendo um rendimento ruim na escola e perdeu de ano, eu nem mesmo te perguntei porque… — lamenta sentindo culpa.
— desculpa… eu não estava mais conseguindo, não fazia diferença, ao menos você não estava tentando me tirar da escola, mas acabei me arrependendo um pouco por não ter me esforçado mais… — abaixa a cabeça triste, caio a puxa mais para perto acomodando sua cabeça em seu tórax a deixando chorar.
Ela queria desabafar e falar aquilo que tanto doía, parecia que guarda lhe fazia sentir um peso ainda maior que era incapaz de aguentar, mas não conseguiu fazer, ainda havia o medo lhe atormentando, ainda havia a insegurança das pessoas lhe julgar.
Tinha vergonha e dificuldade em acreditar que alguém seria capaz de sentir qualquer coisa por ela a não ser a repulsa que ela sentia por si própria., então era como se nenhum apoio lhe fosse suficiente.
Caio a manteve em seus braços e a deixou dormir com a cabeça descansando em seu colo, era indescritível a culpa que sentia por vê-la sofrer e sem conseguir falar, a sentia reprimida e insegura olhando para todos os lados com medo.
Ela descansou por quase uma hora até abrir os olhos com a cabeça turva.
— Você quer ir ver a sua mãe? — pergunta ele mantendo o olhar disperso.
— Não, ela sempre vai lá, está sempre preocupada e triste, acredito que você tenha que falar com ela.
— Na verdade ela tem que ver que eu mudei, não vai adiantar eu chegar e falar que eu estou disposto a passar por cima de tudo que eu fiz no passado e deixar vocês viverem sem interferir.
— Verdade, a mamãe lutou tanto por você.
— Agora eu vou ter que lutar por ela e para que ela acredite em mim, assim como vocês acreditaram.
— Acredito que vocês vão viver felizes novamente.
— Nós vamos, e se lembre que eu vou te visitar todos os dias, então trate de animar, vamos a academia também, você tem que continuar aprendendo defesa pessoal e outras loucuras que esses homens ensinam as suas crianças.
— Tudo bem, então eu posso começar amanhã mesmo. — diz empolgada.
Caio a leva para casa novamente, a deixa em frente ao prédio e a espera entrar, partindo logo após.
Ela segue para o elevador e quando a porta se fecha ela sorri discretamente enquanto uma lágrima solitária desliza por sua face, mas logo é enxugada.
Ela entrou na sala como se fosse outra pessoa, parecia mais serena, Leydi se sentia aliviada que ela está melhor.
Os herdeiros todos haviam recebido a mensagem, todos eles ajudariam a planejar a festa das meninas, que seria tema baile escolar com direito a coroação de rei e rainha.
Caio pela manhã vinha buscar Kity e a trazia somente a noite, estava dando todo o tempo dele a ela, e por incrível que pareça, era algo que ela gostava realmente, porque ele não tocava em nenhum dos assuntos que lhe deixavam para baixo, apenas deixava viver, todos também tentavam lidar com aquilo de forma natural e acreditavam que ela estava melhor, estava se alimentando e começando a socializar mais e tudo isso tão rápido.
Mas a sensação de insuficiência às vezes a impedia de abrir seus sentimentos e dar uma chance a Brendo, algumas vezes ele a ajudava em seu treinamento, mas tentava não ser invasivo e assim ela se sentiu mais confortável perto dele.
Lilith por sua vez estava tão empolgada em ajudar com as decorações de festa que havia até deixado de lado a sua busca por independência.
Faltavam três dias para o aniversário, alugaram um espaço disponível na universidade de Lassus, onde Cassius sugeriu que Lilith estudasse, todos irão se vestir com roupas de festa e irão comemorar em grande estilo o aniversário de Leydi e Kity.

Cassius. vol.4 A queda das potências. Ato fina.Onde histórias criam vida. Descubra agora