cap.79

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Cap. 79: Podemos voltar ao passado?

Felicity, por sua vez, após toda aquela exposição, de repente se via em um labirinto sem saída. Ela se mantinha encolhida ao lado da cama, abraçando os próprios joelhos enquanto balançava a cabeça em negação.

— O que eu vou fazer... — ela balbuciou aflita. Em seguida, seu olhar petrificou em meio aos seus pensamentos. — Ramis! Ele me amava — completou, pegando o telefone.

Ramis ainda estava em frente à área isolada, com os olhos fixos em Lilith. Naquele momento, ela tinha acabado de acordar e estava aparentemente atordoada, enquanto alguns médicos a examinavam.

— Ela acordou... — suspirou Cassius, observando com ansiedade.

— E está com dor, está...

— Nem ouse dizer nada! — Cassius asseverou. Em seguida, o telefone de Ramis tocou. Quando ele encarou a tela, ficou sem reação. Cassius não prestou atenção, então Ramis se afastou e atendeu a ligação.

— Preciso de você... — Felicity balbuciou em lágrimas, e Ramis sorriu cético, sentindo a cabeça girar, mas manteve a calma.

— Você está ficando louca? — ele perguntou com a voz apertada.

— Meu avô... sua família matou ele, eu tenho certeza de que agora ele está morto. Eu estou sozinha... — sua voz ficou fina e falha enquanto ela se entregava às lágrimas.

— Você mesma procurou isso. Você... por quê? — A voz de Ramis falhou por um segundo, mas ele continuava demonstrando dureza, controlando suas emoções.

— Lembra? Você... você vivia dizendo que queria... que tinha o sonho de ter uma família, que seu maior desejo era ter um filho nosso. Você vivia falando que queria ser um pai tão bom quanto o homem que te criou e que daria a vida por mim e um filho nosso, não lembra? Todas as promessas de amor, o plano de fuga, de sair dessa vida... todas essas coisas... ela não vai te dar nada disso, não tem como ela se salvar, não existe antídoto. Mas eu estou aqui, eu te amo tanto quanto antes, eu juro. Agora é só eu e você, e mais ninguém para atrapalhar.

— Foi por isso que você decidiu matar seu próprio pai? Apenas para que ele não atrapalhasse seus planos? — Ramis perguntou, e ela ficou em silêncio por alguns segundos.

— Eu... eu fiz muitos sacrifícios por nós dois... — Felicity balbuciou, e Ramis apertou os olhos com força. — Pense sobre isso, não tem mais nada que te prende a eles. E Lilith em breve vai morrer. Você vai ficar assistindo enquanto ela morre lentamente, ao invés de vir comigo e construirmos tudo de novo? Pense bem... nossa família... podemos voltar a ser o que éramos, e eu posso te dar o filho que você tanto quer — ela falava, mas Ramis só teve força para encerrar a ligação, sentindo o peito arder em desespero.

Felicity estava tão certa de que Lilith não sobreviveria, que fez com que ele sentisse como se seu peito estivesse sendo arrancado.

— Estava falando com quem? — Cassius perguntou, sem desviar o olhar nem um segundo de Lilith, enquanto os médicos a examinavam.

— Soube de algo intrigante — Ramis comentou, encarando Cassius com indagação, mas ele não o encarava.

— O que poderia ser?

— Quem seria capaz de matar Ofélio com tanta facilidade? — ele perguntou, e Cassius o encarou sem reação.

— Como assim, Ofélio morto? — Cassius perguntou, sem reação.

— É isso que você ouviu. Ofélio está morto, ou é um boato? — ele indagou, agora observando Lilith.

Cassius vasculhou informações na internet e contatou seus contatos, mas ninguém sabia de nada a respeito. Então, apenas deixou o assunto de lado e continuou monitorando os médicos.

Não havia nada que eles pudessem fazer por Lilith, a não ser lhe dar remédios para a dor e para as constantes cólicas que ela estava sentindo, enquanto Nate e Brady estavam no laboratório.

— Eu já tinha estudado sobre esse vírus — comentou Brady, pensativo.

— Mas Lilith disse que vocês ainda não tinham mexido com isso — Nate comentou, pensativo.

— Ela não tinha mexido com isso, mas eu sim — ele disse, seguindo até a caixa onde estavam todas as anotações que eles tinham salvo do apartamento antes de serem capturados. Foi um golpe de sorte Kaleu ter pego a caixa antes que fosse levada.

— Então você sabe pelo menos por onde começar? — Nate perguntou, cheio de esperanças.

— Se ela durar pelo menos uma semana... eu chego a algum lugar — sua voz falhou, mas ele se manteve forte, mesmo que estivesse com medo.

— Ela não vai morrer... — Nate suspirou, levando a mão ao bolso, tirando um pequeno aparelho e entregando a Brady.

— Onde encontrou isso? — ele perguntou, franzindo o cenho.

— Estava no sapato de Lilith quando a gente a resgatou.

— Então aquele problema no sistema e a porta se abrindo... ah... — ele comentou, em seguida, abaixando a cabeça.

— Nem eu nem Cassius sabíamos o que era isso.

— É um protótipo que criamos para barrar a segurança de qualquer sistema. Ela usou isso na sala de reunião da última vez que Cassius se reuniu com Ofélio na academia. Ela queimou todos os aparelhos que estavam na sala — ele contou, sorrindo. — Ela não deveria ter pego tanta responsabilidade nas costas, não deveria ter tentado nos salvar, mas sim fugir — ele comentou, cerrando os punhos.

— Bom... agora temos que nos empenhar o máximo possível para resolver esse problema e conseguir mantê-la viva até chegarmos a um resultado — Nate avisou, cheio de expectativa, até um médico entrar no vasto laboratório vazio, trazendo uma prancheta com vários exames de Lilith. Nate começou a passar cada página, averiguando a saúde dela, e parou em uma página em particular, ficando pálido.

— O que foi? — Brady perguntou, se aproximando, e Nate mostrou o resultado dos exames. — Isso não é o que estou vendo, certo? — ele perguntou, com as mãos tremendo.

— Não tem como isso estar errado — Nate falou, em seguida saindo às pressas do laboratório para se encontrar com Cassius e Ramis.

Cassius. vol.4 A queda das potências. Ato fina.Onde histórias criam vida. Descubra agora