02. House

2.4K 224 217
                                    

⸻ 𓆉 ⸻

Você já tentou imaginar o paraíso? Já tentou pensar em quão cristalino o mar poderia ser ou o verde que as plantas conseguiriam atingir, caso o paraíso na terra realmente existisse?

Bem, pelo trajeto de ida até a nova Pearl Harbor, Neteyam teve a mais plena certeza de que estava presenciando um fenômeno único. Não era possível a natureza ser tão... de tirar o fôlego.

Dentro de um veículo militar, os olhos de Neteyam não conseguiam se desgrudar da paisagem nem mesmo se ele quisesse. A praia era de outro mundo, com a areia clara, a água do mar esverdeada e cristalina e ao horizonte tão profunda e escura que se misturava com o céu daquela manhã quente. O queixo do Sully estava simplesmente deslocado desde o momento que toda a família saiu do aeroporto.

— Ao chegarmos, as crianças precisaram passar por um procedimento que é bem rápido — o homem que dirigia o veículo, que Jake descobriu chamar-se Tsu'tey, comunica em tom neutro para o militar sentado ao seu lado.

Os olhos de todos se fixam no motorista, porém é Neytiri que externaliza a pergunta que brilha nos olhos de todos os Sully.

— Que procedimento?

A cabeça da matriarca se enfia entre os bancos da frente , os olhos amarelados brilhando em preocupação. Ninguém fala informações vagas sobre seus filhos e pensa que ficaria por isso mesmo.

— Procedimento padrão para menores de idade, senhora Sully — Neteyam percebeu o corpo de Tsu'tey dando uma remexida sobre o banco do motorista com a proximidade brusca de sua mãe logo atrás do seu pescoço — Nós vivemos em um bairro militar dentro da base, precisamos ter de certa forma um controle sobre os moradores, principalmente os menores de idade.

— Mas que tipo de procedimento seria esse, Tsu'tey? — Neytiri insiste. Um veículo militar é amplo o suficiente para caber quatro pessoas sentadas tranquilamente no banco de trás - cinco, se uma delas for uma criança.

— Recolhimento de digitais e DNA, senhora.

Pela visão periférica, Neteyam pode ver a careta que Lo'ak faz questão de não esconder. Sempre ao lado do irmão mais velho, espremendo os ombros e joelhos no carro, os dois rapazes estavam logo ao lado de sua mãe, que por sua vez tinha o corpo de volta no encosto do banco.

Neytiri havia aceitado a resposta do soldado motorista e fechado a boca, cruzando os braços e segurando a mão de Tuk ao seu lado. Assim o silêncio voltou a reinar no carro e não demorou muito mais que dez minutos para que chegassem ao bairro militar e a nova base de Pearl Harbor.

Os pescoços curiosos dos adolescentes viravam para todos os lados, olhando pela paisagem nova, gravando na memória tudo e qualquer informação daquele lugar. Um cutucar no estômago de um, um apontar de dedo do outro e Neteyam e Lo'ak estavam se comunicando de forma silenciosa.

Na janela oposta aos olhos dos garotos estavam os olhos brilhantes das garotas, Tuk e Kiri estavam atentas a tudo da mesma forma que seus irmãos, vendo como a paisagem daquele novo lugar era diferente da sua antiga casa.

A Porcupine Mountain Base era no pé da montanha Porcupine, com tantas árvores de diferentes espécies ao redor que por longos anos, a maior diversão que Kiri teve era nomear as árvores sem ajuda de um biólogo ao seu lado. Olhando aquele lugar agora, Kiri se sentia estranhamente com uma grande quantidade de ar nos pulmões. Havia muito espaço aberto, com uma palmeira aqui e outra ali, o horizonte era tomado pela cor azul e não pelo seu amado verde.

Realmente não estavam mais em Michigan.

O veículo para, o motor é desligado e Tsu'tey desce. Entretanto nenhum dos Sully copia o militar. Nem mesmo Jake.

𝐀 𝐍𝐄𝐖 𝐇𝐎𝐌𝐄 | avatarOnde histórias criam vida. Descubra agora