03. School

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⸻ 𓆉 ⸻


Aonung não conseguia acreditar que havia faltado no seu treino para aquilo. Com uma ordem clara de que precisava ajudar os recém chegados, seu pai não deixou margem para dúvidas e de braços cruzados, com o seu fio de paciência esticado no limite, a última coisa que o rapaz planejava para aquele dia era ficar dentro de uma sala por mais de quinze minutos.

Mas aparentemente era esse o caso.

Por algum motivo, as digitais de Tuk, a filha mais nova dos Sully estava dando problema e pela terceira vez o soldado ajudante havia chamado o nome da garotinha, que bufou igualmente impaciente ao se sentar na frente do soldado. O procedimento era realmente simples. Colocando os seus dedos sobre uma pequena tela e deixando o leitor marcar suas digitais para que o sistema as registrasse não deveria demorar nem dois minutos.

Quando o soldado ordenou que a garotinha colocasse o polegar sobre a pequena tela, Aonung perdeu a paciência e se aproximou da garota. Recebendo um olhar irritado do soldado em vigia da porta, preferiu morder a língua do que mandá-lo ir se foder.

Sabia que iria ter consequências se xingasse um soldado dentro do quartel, por isso, continuou sua trajetória até Tuktirey em silêncio.

A garota baixinha, de cabelos escuros, nivelados acima dos ombros cor-de-oliva e olhos enormes e brilhantes, ergueu o queixo assim que a figura de Aonung se colocou ao seu lado, ajoelhado para ficar na mesma altura que ela. Sentada na cadeira giratória, sem alcançar os pés no chão, os chinelos batiam contra os calcanhares em uma manifestação de ansiedade.

— Posso te ajudar? — Aonung pergunta antes de colocar a mão sobre a dela e Tuk apenas pisca os olhos, acompanhando o movimento quente da palma da mão do nativo. O adolescente não recebeu uma resposta verbal, apenas um sorriso largo e um balançar de queixo, que fora mais do que o suficiente. Aonung só queria sair o mais rápido dali.

Neteyam, Kiri e Lo'ak estavam encostados na parede da sala com Tsireya ao seu lado, como Aonung deveria estar, observando a cena toda. Ele pressionou com precisão as digitais de Tuk contra o pequeno vidro e quando os cinco dedos da mão direita foram finalmente aceitos pelo soldado ajudante, todos soltaram um bufo de alívio preso na garganta.

— Muito gentil da sua parte, Nung — Tsireya brinca com o irmão, enquanto os novos moradores saem primeiro do cômodo. O mais velho revira os olhos e levanta o dedo do meio para a garota, que gargalha, cobrindo a boca com a ponta dos dedos finos.

— Eu só não aguentava mais ficar dentro desse lugar — ele resmunga entre dentes antes de finalmente sair da pequena sala do quartel e assim que o ar fresco bate contra seu rosto, o corpo de Aonung parece tomar uma nova postura.

Quase como se ele fosse feito para estar ao ar livre, com o peito aberto e as narinas dilatadas, os olhos brilhando sob o Sol forte. A quantidade de palmeiras e coqueiros naquela região de O'ahu era muito maior, o que fazia a paisagem ser ainda mais bonita e combinando com o céu de poucas nuvens, o dia estava particularmente lindo.

"Precisamos resolver coisas de adulto agora, crianças. Vocês poderiam leva-los até o quartel, por favor?" fora a única coisa que Tonowari pediu após a apresentação dos jovens e sabendo que aquela conversa de adulta iria demorar muito mais do que os próprios gostariam, Tsireya propõem ao grupo de irem até a escola que eles frequentariam de agora em diante.

Como muitos militares possuíam famílias, uma escola próxima ao bairro foi construída nos últimos anos e mesmo sendo frequentada por crianças de família civil, a grande maioria seriam seus vizinhos.

Lo'ak estava pronto para perguntar como eles iriam até a escola, se ela era perto o suficiente para irem a pé ou não, quando Aonung retirou uma chave de carro do bolso, o fazendo calar a boca instantaneamente.

𝐀 𝐍𝐄𝐖 𝐇𝐎𝐌𝐄 | avatarWhere stories live. Discover now