27. Last Week

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Mi hijo, o jantar vai esfriar desse jeito. Venha logo, cariño — uma senhora de idade chama Miles pela terceira vez. Os óculos em meia lua pendurados na ponta do nariz, a pele enrugada e repleta de pintas contando sua história de forma silenciosa.

Maria Socorro, ou como o povo do bairro estava começando a chamá-la, dona Mary, era mãe de Paz e ao descobrir que o genro havia matado sua preciosa garotinha, não pestanejou em entrar na justiça para ter a custódia legal do seu único neto.

A senhora argentina havia se mudado para o Hawaii algumas décadas atrás, antes mesmo do pequeno Miles nascer e quando finalmente a custódia fora dada à avó materna, o garoto se mudou permanentemente ao Hawaii.

Abuelita— Miles estava sentado na cama, mordiscando o lábio e batucando os dedos contra a própria bochecha em uma pose contemplativa. Aquela casa era seu refúgio, ali não precisava ser Spider e nem fugir do seu sobrenome Quaritch. Era Miles Socorro e ponto final, filho de Paz e neto de Mary — Acho que fiz merda.

Oh, mi hijo — a mulher se aproxima, os olhos atentos e seremos, analisando cada expressão do neto — O que houve?

— Eu acho que gosto de uma garota — ele diz e a senhora se senta à beira da cama, as mãos ossudas juntas ao colo, os olhos claros abaixo do óculos observando o neto à espera de mais informações — Mas outro cara também gosta dela e eu fiz ele se afastar dela. E-eu... Eu tô me sentindo culpado agora.

Mary tomba a cabeça para o lado e abre um sorriso acolhedor em direção ao neto. Sua mão estende-se na direção da do mais novo e ao se enrolar nos dedos jovens, uma carícia suave na pele morna traz conforto ao adolescente.

— Vou te perguntar duas coisas, si?! Me explique, mi cariño, por que está se sentindo culpado?

— Ela meio que gosta do outro cara também e eu fiquei com ciúmes deles juntos.

As sobrancelhas grisalhas se erguem pela testa, quase tocando nas raízes do seu couro cabeludo. O olhar continua a manter-se terno e carinhoso, mesmo que os dedos sobre a palma de Miles tenham parado de acariciar sua pele.

— O que você falou para o outro rapaz, Miles?

Spider encolheu-se no lugar e retirou as mãos de baixo da mão ossuda da avó, levando os dedos ao rosto e massageando a própria face, gemendo de desânimo contra a palma da mão pálida.

Ah abuelita, eu sou um boludo de mierda — as expressões regionais ditas pelo garoto que nem mesmo um dia pisou na argentina eram fruto da influência e da boa educação que dona Mary havia dado ao garoto naqueles anos.

A mulher não diz nada, esperando que Spider continue a dizer o que realmente havia dito ao pobre Rotxo.

— Disse que ele estava sendo um doente ao dar em cima de uma garota mais nova. Que era pra ele buscar alguém da idade dele e não ficar em cima da Kiri.

— Essa Kiri sabe que você gosta dela?

— Esse é o problema, abuelita, eu não sei se realmente gosto dela. Eu deveria ter ficado feliz com o Rotxo ignorando Kiri, certo? — ele diz molenga, carente e desesperançado — Já que ele não está mais na área deveria ser minha chance, mas não sei.

— Eu acho, Miles, que você deveria começar essa história pedindo desculpas ao rapaz. Chamá-lo de doente por gostar de uma garota poucos anos mais nova que ele não está certo.

— Eu sei — ele diz, arrependido. Havia dito a Rotxo para parar de ficar dando em cima de Kiri, pois aquela visão era doentia. Um cara mais velho dando em cima de uma menina mais nova, Rotxo deveria estar conversando com as garotas da idade dele. Nem mesmo concordava com aquela ideia idiota, só queria afastar Rotxo de Kiri, exagerando demais nas coisas.

𝐀 𝐍𝐄𝐖 𝐇𝐎𝐌𝐄 | avatarTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon